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Sem ‘Bolsonaro gay’: Destaque da Gaviões da Fiel relata ameaças

Neandro Ferreira havia dito que interpretaria o atual presidente da república durante o desfile da agremiação
Foto: Instagram/@neandroferreira/jairmessiasbolsonaro

O Carnaval de 2022 mal começou e já está dando o que falar. O cabelereiro Neandro Ferreira, que irá desfilar pela Gaviões da Fiel em São Paulo, afirmou que iria interpretar o ‘Bolsonaro Gay” na avenida. Mas a escola de samba negou a sátira. Assim, o hair designer voltou atrás, explicou que tudo não passou de uma brincadeira e revelou que está sendo atacado por isso.

(Foto: Divulgação)

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Em ano de eleições presidenciais, a Gaviões da Fiel escolheu abordar a luta contra o racismo, fascismo e as opressões em seu enredo. Deste modo, o cabelereiro Neandro Ferreira, um dos destaques do desfile da agremiação, explicou que iria interpretar o ‘Bolsonaro Gay’, na avenida.

“Vou vir como um Bolsonaro bem gay, bichíssima, dando muita pinta”, disse ele.

Gaviões da Fiel nega a sátira

Após a repercussão da fala do cabelereiro, a Gaviões da Fiel negou a sátira nas redes sociais. A escola explicou que tudo não passou de um “equívoco” de Neandro, e que o papel é de um “governante fascista”.

“Em resposta a matéria veiculada hoje (19/04), por alguns órgãos de imprensa e em especial a Folha de S.Paulo, o Grêmio Gaviões da Fiel esclarece que as informações não são verdadeiras, tratando-se de “fake news”, com objetivo de imputar a agremiação suposta desinformação a respeito sobre sua atividade. Destacamos que o enredo da Gaviões da Fiel traz uma mensagem cultural, não tratando de questões políticas ou de apoio partidário em geral”, disse a Gaviões em nota.

A escola continuou: “Os nossos valores estarão bem representados na pista, quais sejam: DEMOCRACIA, IGUALDADE, SUSTENTABILIDADE e PAZ. Nascemos para combater e fiscalizar a política do Sport Club Corinthians Paulista e esse sempre será o nosso lema. BASTA! Carnaval 2022”;

Neandro, então, explicou para o portal G1 que o convite teria sido apenas para representar um “governante fascista” no desfile. “Ninguém falou que eu ia vir de Bolsonaro, falavam só que eu ia vir de um governante, um presidente fascista, que poderia ser qualquer presidente”, disse.

Em seguida, ele confessou que entendeu que o governante seria Jair Bolsonaro e começou a fazer piadas sobre a situação. “Aí eu comecei a brincar, vou dar pinta de gay, vou vir sambando, vai ser engraçado”.

A Gaviões confirmou a versão de Neandro. “Não existe Bolsonaro dentro do enredo, não existe um governante em específico. O enredo fala de todo um contexto histórico de governantes fascistas”, informou a assessoria da escola de samba ao G1.

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Ataques de ódio a Neandro

Desde que o caso repercutiu, Neandro vem sofrendo ataques de ódio na internet. “Estou sendo atacado tanto pela comunidade LGBT, que estão falando que eu usei o gay para ridicularizar o presidente, que ser gay não é pejorativo. E tem ainda o outro lado, os machões bolsonaristas”, contou ele.

(Foto: Instagram @neandroferreira)

O cabeleireiro afirmou que está recebendo todo o suporte da escola e que está cuidando da sua segurança. Ele também explicou que continuará no desfile, e que ainda fará o papel “governante fascista”. A Gaviões confirmou a informação.

“Eu espero que essa repercussão negativa não atrapalhe o nosso carnaval nem da Gaviões”, disse Neandro.

Vale lembrar que Gaviões da Fiel será a segunda escola de samba a desfilar no sábado (23) no sambódromo do Anhembi. Seu samba-enredo, intitulado “Basta”, conta com Marcelo Adnet no time de composição e abordará casos de racismo e violação de direitos humanos no Brasil — além de referenciar nomes importantes para os movimentos sociais, como Nelson Mandela e o líder indígena e pioneiro na luta pela preservação da Amazônia, Cacique Raoni.

Confira a letra do samba-enredo:

Sou eu, o filho dessa pátria-mãe hostil
Herdeiro da senzala Brasil
Refém da maculada inquisição
Axé meu irmão!
O pai de mais um João e de mais um Miguel
Na mira da cega justiça que enxerga o negro como réu
Sou eu o clamor da favela
O canto da aldeia, a fome do gueto
Meu punho é luz de Mandela
No samba o levante do novo Soweto
Cacique Raoni da minha gente
Guerreiro gavião, presente!

Essa terra é de quem tem mais
Conquistada através da dor
As migalhas que você me oferece
Só aumentam minha força pra mostrar o meu valor

Meu lugar de fala, a voz destemida
Cabeça erguida por nossos direitos
Quando o fascismo do asfalto
É opressor à militância por respeito
O ventre das mazelas sociais
Ante ao preconceito vai se libertar
Vidas negras nos importam
O grito da mulher não vão calar
Meu gavião chegou o dia da revolução
Onde a democracia desse meu Brasil
Faça o amor cantar mais alto que o fuzil

Escute o meu clamor
Oh, pátria amada
É hora da luta sair do papel
Basta é o grito que embala o povo
Eu sou Gaviões, sou a voz da fiel

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