Foi lançado nesta quarta-feira o disco “Tóxico”, segundo trabalho solo de Sebastianismos. O álbum traz 10 faixas, com direito a parcerias com nomes de peso da cena rock do Brasil e aquela pitada de sonoridade tropical, que, segundo ele, nada tem a ver com o conceito de “brasilidade ou de latinoamericanidade” com o qual estamos acostumados.
O álbum de Sebastián Piracés-Ugarte, nome por trás do Sebastianismos, chega embalado na retomada da sonoridade pop-punk e emo, que tomou conta das novas produções, principalmente nos Estados Unidos. Por aqui, ele traça um caminho ousado e ambicisoso, misturando essas referências do início dos anos 2000 com trap, EDM e até um quê de reggaeton.
Sebastián é uruguaio radicado em Salvador, o que explica muito bem a sua destreza para compor essa mistura de sons que ele apelidou de “tropical punk”. Sobre esse “movimento” que criou, ele explicou:
“Minha música é feita em país tropical, em contexto tropical, e isso por si só diz o porquê do ‘tropikal’ em ‘tropikal punk’. As letras, os sentimentos, a métrica, etc. Tudo isso é daqui. Muito estereotipadamente credita-se o conceito de brasilidade ou de latinoamericanidade ao uso de certos ritmos ou instrumentos (colocar samba, percussão afro, cumbia entre muitos outros, por exemplo), porém pouco credita-se o rock como um ritmo, genuinamente, latino-americano. O punk é também latino-americano. Los Saicos, nos anos 1960, no Peru, já faziam esse som, muito antes de Sex Pistols e outras bandas gringas.”
Falando em rock na América Latina, neste ano, comentou-se muito sobre a retomada do pop-punk e do emo por aqui, mas apesar de obviamente beber nesta fonte, Sebastianismos não acredita que isto seja de fato uma verdade. Para ele, a “volta do emo” não passa de algo afetivo, pelo menos no Brasil:
“Não sei se necessariamente seja um momento oportuno para se trabalhar com música de pop punk. Apesar de correrem boatos de que está voltando, essa tendência musical está voltando, principalmente, nos EUA através das grandes gravadoras – a realidade brasileira é outra. Não acredito que haverá tanto financiamento por parte das corporações em artistas desse estilo. Mas, sim, o fato de haver um certo ‘hype’ é um acalento no coração de quem gosta e faz esse tipo de música no Brasil e isso por si já é um apoio afetivo.”
Sem dúvidas poder escutar o que te tocou anos atrás é um acalento ao coração, principalmente para Sebastián, que pôde trabalhar ao lado de ídolos que fizeram parte deste movimento. Badauí, do CPM22, Lucas Silveira, da Fresno, e Daniel Weks, do NX Zero, estão presentes nos créditos de “Tóxico”.
“A presença deles, o aval deles, apoio, carinho e amizade é o meu ‘eu de hoje’, dando um abraço no meu ‘eu de ontem’, falando: ‘ei, carinha, você conseguiu o que você queria, fazer música com tuas referências’,” comemorou Sebastián.
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Sobre os critérios na distribuição das colaborações presentes no disco e o que o fez optar por ter 6 parcerias na tracklist, ele disse:
“Minha vontade nesse disco era de reunir todo mundo que eu amo. Sou um cara coletivista – desde sempre tive banda e gosto dessa sensação. Infelizmente, a pandemia me obrigou a diminuir radicalmente a quantidade de participantes, então foquei em apresentar minhas influências de ontem e de hoje: cresci com CPM22, NX Zero e Fresno como referências. Divido a vida com minha ídola, Malfeitona, e hoje, morando em Salvador, queria dar destaque pra um dos maiores produtores da cena aqui, Faustino, que eu acredito que tem um trabalho incrível.”
O disco “Tóxico” chega pouco mais de um anos após o lançamento de “Sebastianismos”, primeiro trabalho solo do artista.