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Romance gay é um dos livros mais vendidos do Brasil

“Vermelho, Branco e Sangue Azul” faz sucesso no país e se firma em listas dos mais vendidos.

Romance gay é um dos livros mais vendidos do Brasil
(Foto: Divulgação)

Um dos livros mais vendidos do Brasil atualmente é o romance gay “Vermelho, Branco e Sangue Azul”, escrito por Casey McQuiston. A editora Seguinte anunciou que mais de 100 mil exemplares foram vendididos no país. Desses, 30 mil só em 2021, de acordo com o site PublishNews. Virou uma febre entre jovens leitores.

“Vermelho, Branco e Sangue Azul” aparece em 9º lugar no ranking de vendas do ano, e em 1º no segmento infantojuvenil. Em julho, foi o livro mais vendido no Brasil. A história, com ares de fanfic, conquistou fãs: trata da história de amor entre o filho bissexual da presidente dos Estados Unidos, Alex, e o príncipe gay (enrustido) da Inglaterra, Henry.

Romance gay é um dos livros mais vendidos do Brasil
(Foto: Divulgação)

Impulsionado pelo TikTok

O livro foi publicado em 2019 nos Estados Unidos e entrou na lista de best-sellers do New York Times. Quando a tradução chegou no Brasil, já era aguardada com expectativa. Embora o livro não esteja sendo comentado em jornais, revistas e programas de TV, ele tem divulgação orgânica entre os fãs… no TikTok.

Leitores usam o aplicativo para divulgar seus livros favoritos, no chamado “Booktok”. Segundo Alfredo Neto, CEO e editor-chefe do site Sem Spoiler, em geral, os livros que fazem sucesso no TikTok fora do Brasil tendem a repetir o sucesso pro aqui. A hashtag #vermelhobrancoesangueazul já teve mais de 38,4 milhões de visualizações no aplicativo.

“Vermelhobranco e sangue azul sempre foi um livro amado pelos leitores brasileiros. A premissa, a atrativa capa de Isadora Zeferino, a excelente tradução de Guilherme Miranda: tudo contribuiu para que a obra caísse no gosto do público jovem. O TikTok, que costuma espelhar as tendências da comunidade leitora estadunidense, tornou o livro uma febre – algo significativo para um romance queer escrito por uma pessoa não-binária!”, diz Alfredo.
@nathalea15##booktok ##booktoker ##booktokclub ##booktokbrasil ##livro ##vermelhobrancoesangueazul ##redwhiteandroyalblue ##clubedolivro ##vibelivro♬ original sound – tom holland fanpage

@booksamiraNa minha cabeça é igual ao Henry ##vermelhobrancosangueazul ##vbsa ##booktok ##livros♬ good 4 u – Olivia Rodrigo

@uhgbelaOld que eu dei um berro e troquei por orgulho e preconceito, paz🙏 ##fyp ##fyp ##vbsa ##vermelhobrancoesangueazul ##booktok ##lgbt ##lgbtbooks♬ We Are Young – Pop Voice Nation

@victorrjoaoVcs já leram vbsa?##vermelhobrancoesangueazul ##livro ##book ##vbsa♬ British men do it best – tori.

@rodrigopozImpossível ler e não gostar kkkkk ##booktok ##booktokstan ##booktokbrasil ##vbsa ##vermelhobrancoesangueazul♬ original sound – JJ

Por que o livro faz tanto sucesso?

Narrada em primeira pessoa por Alex, o filho da presidente norte-americana, “Vermelho, Branco e Sangue Azul” mostra os conflitos de um jovem adulto tendo que lidar com o primeiro relacionamento homossexual de sua vida, ao mesmo tempo em que tenta esconder isso da imprensa. Afinal, a mídia está sempre de olho na Casa Branca e na Família Real da Inglaterra.

Para a escritora Lelê Alves, autora do livro “Geminianas”, é fácil se identificar com Alex. “Ele se aproxima do jovem brasileiro, tanto por sua trajetória de descoberta quanto por ser um personagem real, que erra, é imperfeito, sem aquela fórmula estereotipada que a gente lia nos livros do [John] Green, por exemplo”, diz a escritora.

Romance gay é um dos livros mais vendidos do Brasil
(Foto: Divulgação)

Alfredo Neto destaca que o livro também reivindica um clichê ao qual a comunidade LGBTQIAP+ nunca teve direito: histórias de amor envolvendo a realeza. “Elas só eram possíveis em obras heterocentradas”, sublinha. Lelê Alves, pansexual, diz que nunca se sentiu tão por dentro da realeza quanto neste livro.

“Eu pelo menos nunca tinha me sentido tão imersa nesse mundo, ainda mais quando misturamos a ideia de estar por dentro da Casa Branca, a questão da negritude tão bem inserida e de forma natural, a ideia de ter uma mulher na presidência dos Estados Unidos e a questão do México tão presente, além da descoberta do Alex que se aproximou da minha própria, as subtramas bem desenvolvidas, basicamente um livro utópico”, conclui.