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Resenha: Ouvimos em primeira mão o “Believe”, aguardado álbum do Justin Bieber.



O novo CD do Justin Bieber, “Believe”, com lançamento marcado para o dia 19, é bem sucedido no que se propõe. Falar em amadurecimento para um artista de 18 anos, que lançou o primeiro EP em 2009, seria no mínimo prematuro. Mas o disco é, sem dúvida, menos infantil que os anteriores. À convite da Universal Music, o POPLine ouviu o disco em primeira mão nesta terça (12/6) e constatou: o cantor tem potencial para conquistar um público mais velho. Com o timbre mais masculino, flertes com novos gêneros musicais e referências claras a Michael Jackson, a plateia dos seus shows deve se diversificar.

O público alvo, no entanto, continua sendo o feminino. A diferença é a forma de se comunicar com elas. Se em “Baby”, Bieber lamentava o coração partido, agora as letras são mais otimistas, seguras e trazem o cantor na pele de um conquistador irresistível. É o caso da já conhecida “Boyfriend”, mas também de “As Long As You Love Me” e “Fall”, só para citar algumas. Nessas faixas, ele tenta mostrar que não é mais um garotinho – o baby – mas pode ser um homem. Em alguns momentos, até convence.

As participações especiais ajudam neste sentido (com exceção de Big Sean, que destoa da própria faixa, quem dirá do conceito do disco). Bem escolhidos, os vocais de Ludacris, Drake Nicki Minaj somaram muito às músicas “All Around the World”, “Right Here” e “Beuaty and a Beat”, que são momentos mais animados do álbum. A faixa com Minaj, em especial, é bastante comercial e inevitavelmente será lançada como single mais cedo ou mais tarde.

O forte do canadense, no entanto, são as baladas, que recheiam todo o disco. “Catching Feelings”, que lembra clássicos do Michael Jackson, e a já citada “Fall”, bastante radiofônica, são algumas das melhores faixas. O problema do cantor continua sendo as letras, ainda pobres, mas em “Maria” ele prova que ainda há esperança no fim do túnel. A faixa, que finaliza a versão deluxe do CD, é estrategicamente inteligente. Com esses altos e baixos qualitativos, “Believe” consegue, no fim das contas, acertar. Justin Bieber conseguirá o respeito de muita gente com este álbum.

FAIXA-A-FAIXA

1. All around the world (feat. Ludacris) ****
O álbum começa bem, com uma faixa dançante. O refrão é chiclete, com poder de vício global (“All around the world / People want to be love / All around the world / People aren’t different than us”). A participação do Ludacris, logo de cara, também é positiva. O problema é o abuso do auto-tune.

2. Boyfriend ***
Primeiro single, já bastante comentado. É a faixa mais curta do CD e consegue, em pouco tempo, mesclar momentos de timbre mais agudo e mais grave. O problema é que tenda para o agudo justamente quando Bieber canta o refrão, quando deveria soar másculo (I’d like to be everything you want / Hey girl, let me talk to you / If I was your boyfriend, never let you go /Keep you on my arm girl, you’d never be alone”).

3. As Long As You Love Me (feat. Big Sean) ***
Ao contrário do que muitos pensaram, não é um cover dos Backstreet Boys. Inédita, a letra traz Bieber fazendo promessas de ser um soldado para a amada (“I’ll be your soldier, fightind every second of the day for your dreams girl”). A música, que lembra Justin Timberlake, tem uma batida pulsante incessante, mas não consegue empolgar. A participação do Big Sean é descontextualizada e destoante, interrompendo a faixa com um rap descartável.

4. Catching Feelings ****
Um dos melhores momentos do CD, a faixa é uma balada, que lembra muito Michael Jackson. Aqui, finalmente, o novo timbre do Justin Bieber, menos agudo, predomina, o que é positivamente interessante. A música deverá ser o clímax romântico dos shows.

5. Take You **
Essa faixa é um dos maiores erros do álbum. Começa parecendo música latina e depois se aproxima de demo de boyband. É meio dançante, mas pouco envolvente com suas rimas de “go” e “so” com “oh oh oh”.

6. Right Here (feat. Drake) ***
Aqui, o ponto alto e o ponto baixo são o mesmo: a colaboração de Drake. Se o dueto com o rapper casou muito com a música, mais R&B, o problema é que ela não parece uma faixa do Bieber e sim do Drake. A impressão é que o rapper doou uma sobra de estúdio para o cantor e entraram em estúdio para gravá-la, sem qualquer tipo de adaptação para o conceito de “Believe”.

7. Fall ****
Com mais de 4 minutos de duração, essa balada é uma das mais longas do CD. A faixa ressalta o timbre mais masculino do cantor, em contraposição a um ótimo coro, responsável pelos bons momentos da música. É muito radiofônica. Na letra, Bieber destaca a mudança em sua imagem, não mais de garotinho indefeso (“I’ll yu catch you if you fall”).

8. Die In Your Arms **
A música começa com um sample de “We’ve Got a Good Thing Going”, do Michael Jackson, inspiração declarada do Bieber. Mas param por aí as semelhanças. Sem alteração na base melódica, a letra é pobre e super melosa (“If I could just die in your arms/I wouldn’t mind/Cause everytime you touch me/I just die in your arms”). A faixa é melhor em estúdio do que nas apresentações ao vivo que o cantor já fez, mas não deixa de ser descartável, cansativa e sonolenta.

9. Thought of You ***
A nona faixa do álbum volta a brincar com as variações de timbre do cantor, como se ele só estivesse passando pela puberdade aos 18 anos. É bastante dançante, mas funcionaria mais na voz de uma mulher, com um corpo de dança atrás e chuva de papel picado caindo.

10. Beauty and Beat (feat. Nicki Minaj) ****
A aguardada participação de Nicki Minaj, especialista neste tipo de colaboração no mundo pop, é um dos acertos do CD. Apesar da presença da rapper, a faixa é bastante pop, com produção de ninguém menos do que Max Martin. O rap de Minaj lembra “I Don’t Give A”, da Madonna, fazendo referências à vida do cantor (“Buns out, weiner, but I gotta keep my eye out for Selena”).

11. One Love **
É a que mais lembra o trabalho anterior do canadense, no que concerne à bobeira. A letra, pré-adolescente, tem cara de trilha sonora da “Malhação”. “All I need is one love / One love / One heart” é chover no molhado.

12. Be Alright ***
Nesta balada água com açúcar, Justin Bieber atravessa montanhas, oceanos e céus para ficar com a amada. A faixa traz um eu-lírico mais seguro e confiante no seu potencial, com até uma apimentada: “Don’t you worry ‘cause everything’s gonna be alright all alone in my room”. Mas a maioria dos versos são melosos, com os clássicos incansavelmente repetíveis “I’ll always be there for you” (quantos artistas já cantaram isso?).

13. Believe ***
A faixa título é um pop light, com um coro muito interessante na segunda metade da música. Embora o grupo soe gospel, somou muito para a faixa, salvando-a da vontade de pular para a próxima música. A voz do Justin, nesta música especificamente, está muito agradável.

DELUXE

14. Out of Town Girl ***
Não teve Ludacris, nem Big Sean, nem Drake e muito menos Nicki Minaj. A faixa mais hip-hop do álbum é um solo do Justin Bieber, caprichando no auto-tune e cantando na malandragem. A música, nitidamente uma auto-realização do artista, é a prova de que ele pode transitar por outros gêneros com competência. Mas foi inteligente inserir a música apenas nos bônus, porque não tem nada a ver com o resto do CD.

15. She Don’t Like Lights ***
A música começa com o som de disparos de máquinas fotográficas. Chegou o momento do Justin reclamar sutilmente da fama, como todo artista pop faz em alguma etapa da discografia. Mas, maliciosamente, ele coloca tudo na boca de uma garota, que “não gosta das luzes”. Cheia de duplos sentidos e uma batida eletrônica, a música tem potencial.

16. Maria ***
Anunciada como a “Billie Jean” do Justin Bieber, a música é exatamente isso, e começa com as notícias da reivindicação de paternidade que o perturbaram no fim do ano passado. Dedicada à Mariah Yater, a mulher que foi à mídia dizer ter um filho do cantor, a música traz versos como “She says she met me on a tour / She keeps knocking on my door / She won’t leave me / Leave me alone” e “I’m talking to you, Maria / Why you wanna do me like that? / That ain’t my baby, that ain’t my girl”. Em dado momento, Justin chega a chamá-la de louca. Pelo apelo da história real, esta é a letra mais legal do álbum.