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“Quero viver ‘por’ música, e não ‘de’ música”, afirma DONATTO em entrevista ao POPline

Ex-ator de “Chiquititas” não tem planos para voltar a atuar e quer se dedicar 100% à carreira musical

Foto: Reprodução/Instagram

Aos 19 anos você tinha alguma certeza na vida? DONATTO afirma querer viver por música (e não de música, saca a diferença?) O ex-ator mirim de “Chiquititas” não tem planos de voltar a atuar e quer dedicar-se integralmente à música. Se a pandemia atrapalhou os planos de lançamento dos primeiros álbum e show, por outro lado ele nunca esteve tão produtivo. Ao POPline, ele conta sua trajetória, inspirações e ambições na carreira artística.

Foto: Reprodução/Instagram

2020 tem sido um ano complicado em diversos sentidos, mas extremamente criativo para os artistas. Você soltou alguns singles com participações e no fim de agosto lançou “Me Deixa”, que foi sua primeira música solo em 9 meses. Podemos dizer que é o início de um “novo capítulo” na sua carreira?

Pode ter certeza que é minha virada de chave. O DONATTO vai mostrar que aquele “momento Disney” dele mudou. Não que seja um lance mais adulto, mas sim podendo abranger mais idades e de uma forma diferente.

Existe uma resposta meio que pronta entre os novos artistas de que são versáteis, que não querem ser colocados numa “caixinha”. Existe o risco de não conseguir imprimir um estilo próprio. Por isso gostaria de saber onde você se sente mais confortável para direcionar seu som. Na capa do seu EP “Mixtape” vem escrito “pop/rap”. É por aí mesmo?

Você fez uma pergunta muito diferente e que eu nunca tinha escutado com esse viés. A maioria das pessoas me perguntam “qual é o meu estilo” e você fez uma crítica. E eu gostei muito. Bem, eu sou formado em MPB, cresci ouvindo Elis Regina, vim com uma escola musical diferente. Nunca me espelhei em artistas internacionais. E uma coisa que tenho percebido nessa nova geração é a versatilidade mesmo. Enxergo essa “resposta pronta” como algo positivo porque as pessoas não querem se enquadrar em um só estilo. Então o “pop/rap” é um bom sentido pra mim, mesmo eu misturando bossa em minhas músicas como em “Quero Você”, que é uma bossa com funk 130bpm, bem louco. Mas eu acho que o “pop/rap” a gente pode se enquadrar bem por um certo motivo. Mas não tem estilo, simples. Desde que eu conheci o meu produtor, Umberto Tavares, aprendi uma parada: a gente nunca faz música por gênero, mas por ser boa. A gente sempre tenta a trazer o melhor pra cada estilo.

Aos 19 anos, você canta, compõe e toca diversos instrumentos. Frequentou o Conservatório de MPB. Já disse ser fã de Caetano Veloso, Marisa Monte e Tim Maia. Como você exemplificaria a influência desses grandes nomes na sua música?

Gosto de sentir emoção quando você ouve uma faixa. Eu curto fazer músicas um pouco mais melancólicas, harmonicamente falando, trazendo o máximo de emoção possível. É uma das maiores características da MPB na minha concepção. Você escuta e sente, sabe?

Uma pessoa muito importante nesta sua caminhada é o produtor Umberto Tavares, certo? Neste tempo trabalhando juntos, como rolou esse direcionamento musical e quais lições você aprendeu com ele?

Eu diria o Umberto e o Cauê, meu empresário e primo do Umberto. Lembro que na minha primeira reunião com o Umberto, eu disse: “Quero fazer música pra daqui a 20 anos lembrarem de mim”. Aí ele falava: “Calma, DONATTO. Não é assim. Tire esse fardo de suas costas. Vamos de pouquinho em pouquinho”. Eu passei por um laboratório muito grande. a gente estudava muito, fizemos muitas músicas. Ano passado foram quase 350 obras feitas – composição e arranjo – e foi uma super faculdade. O Umberto é exemplar enquanto pessoa e profissional e quem puder conhecê-lo, conheça. Ele tem luz própria e foi uma das pessoas que comprou minhas ideias, sabe? A gente tem uma música do primeiro EP chamada “Decisão” que antes se chamava “Música Maluca” porque ele foi uma das únicas pessoas que apostou nela. “Vamos lançar, foi o som que menos andou mesmo, mas vamos lá”, ele dizia. E eu achei isso incrível da parte dele.

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Você já compôs e trabalhou com muita gente como Anitta, Ludmilla, Belo, PK, Kevin o Chris, Lauana Prado… Com quem você tem o sonho de colaborar de alguma forma?

Eu tenho um sonho de vida. Sendo muito sincero. Eu tenho o sonho de gravar com Jorge Vercillo. Se Deus quiser, um dia vou gravar com ele. Sou muito fã dele desde pequeno. É uma das minhas maiores referências. Ele sempre falou de amor de uma maneira simples e foda que talvez ninguém tenha falado.

Na música, quem são seus melhores amigos?

Tem muita gente, mas eu sou mais amigo da galera da nova geração. Tem uma união muito forte, todo mundo se ajuda, sabe? Greg BBX estava aqui em casa fazendo um som por esses dias. O Jall e o Guiggow, que já trabalhamos juntos. Eu diria que na verdade não existe essa de “nova geração”. Talvez uma “nova leva”. Pode ser por aí.

Como é sua relação com as redes sociais? “Só Você” foi uma de suas músicas que viralizou deste jeito, não?

Eu queria ser mais ativo no Instagram. Tenho uma equipe que trabalha comigo e eles brigam em relação a isso. Porque a minha vida é full time em estúdio, 100% processo criativo, sabe. A música é a parte da minha vida que mais demanda de mim, seja produzindo, mixando, masterizando ou simplesmente compondo. Mas eu sempre tento ter o maior tempo possível para dar atenção aos meus fãs. Eles são o reflexo do meu trabalho e sem eles eu não sou nada. Eu acho que vou dar uma “melhoradinha” com as redes sociais [risos].

Foto: Reprodução/Instagram

E o contato com a galera que te segue? Eles te pedem coisas relacionadas à carreira, como lançar uma determinada música ou até mesmo voltar a atuar?

Rola muito. Você tinha mencionado o lance de “Só Você” ter viralizado. Foi uma história engraçada. eu estava em laboratório com o Umberto e falei: “Betinho, acho que vou lançar um vídeo cantando no Instagram”. Aí fui lá, gravei e postei uma música chamada “Pifado”. A música viralizou. No dia seguinte postei mais uma, que era “Só Você”. Isso foi em abril do ano passado. Ela ficou quietinha lá. Aí no final de 2019, todo mundo começou a pedir pra que eu lançasse esta música. Daí fomos pesquisar na internet e descobrimos que tinha uma prévia no YouTube com mais de 1 milhão de visualizações. E eram 20 segundos de vídeo só. Daí a gente lançou “Só Você”, que foi minha música que mais andou. Então, o pessoal pede muita música. Vou dar um spoilerzinho: tem uns sons novos chegando e 70% dessa nova fase minha são de pedidos dos fãs. É que eu tenho um probleminha: como eu trabalho fazendo muita música, chegou um período da minha vida que eu estava fazendo duas ou três canções por dia. Mas ao mesmo tempo que vou fazendo, também as ouço depois. Então em uma semana eu já estou enjoado dela. Daí quando nos preparamos pra lançar uma música X, eu já tô com a ideia de lançar outro som. Então essa próxima fase baixamos a guarda e vamos lançar as músicas que o pessoal está pedindo.

E pedidos pra voltar a atuar?

Já tive mais convites pós-“Chiquititas”. Mas não acho que este é o momento. Sinto que estou em um divisor de águas da minha vida: de escolher “música” ou “televisão”. Fui muito feliz fazendo TV, mas meu sonho desde pequeno sempre foi viver por música, e não viver de música. Sempre gostei de ajudar a música a evoluir. Sentir que sou parte disso. E é onde me sinto mais realizado. Não posso falar que não voltarei a atuar porque não sabemos do dia de amanhã. Mas no momento não tenho planos.

Você fez uma live para alguns fãs, mas ainda não fez um show seu devido à pandemia. Mas o que as pessoas vão encontrar num futuro show do DONATTO?

Vão encontrar o DONATTO, primeiramente [risos], muita música… ah, cara! Tô muito ansioso pro meu primeiro show. Eu já estava sonhando com isso. Seria em julho. Já estávamos ensaiando, tudo pra entregar o melhor possível. O mais DONATTO possível. Por que não adianta a gente entregar um EP que a gente misture as coisas e chegar no show e fazer o “feijão com arroz”. A gente quer mostrar o que realmente sinto, vivo e entregar o máximo de mim.

Depois de “Me Deixa”, o que vem por aí? Mais singles ou podemos dizer que seu álbum de estreia está a caminho?

Existe um álbum preparado, mas devido à pandemia demos uma segurada. Então vamos entregar mais singles. Como você percebeu, fiquei muito tempo sem lançar uma música solo.

Neste momento, qual é a meta número 1 da sua carreira?

Sinceramente, não tenho muitas metas de números ou alcances. Pra quem vive de música, a fama, o sucesso e o dinheiro são consequências de um trabalho bem encaminhado. Minha maior meta é poder ser a pessoa mais sincera nas minhas músicas. Pode ter certeza que todas as músicas que lancei até hoje foram histórias que eu vivi. E automaticamente todo mundo já sentiu porque todo mundo já amou. Então minha meta número 1 é essa: transmitir o máximo de amor que eu puder.