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Purpose Tour: Justin Bieber apresenta superprodução do nível de Madonna no Rio de Janeiro


O primeiro show da “Purpose Tour” no Brasil foi um sucesso. Em sua terceira vinda ao país, Justin Bieber, agora com 23 anos e um Grammy nas costas, deu início à agenda na Apoteose, no Rio de Janeiro, na noite de quarta (29/3). A expectativa, não se nega, era por um grande chilique no palco, e um desastre para matar de felicidade os sites de fofoca. Havia apostas até de que o popstar abandonaria o palco (parecido com o que fez em 2013, quando não retornou para o bis em São Paulo após jogarem uma garrafa nele). Mas não foi nada disso o que aconteceu. Justin Bieber entregou para os fãs – muitos dos quais ficaram acampados por cinco meses na fila – uma superprodução que poucas vezes se vê no Brasil. Seu show é do nível de Madonna: uma infraestrutura que ninguém de sua geração tem condições de levantar ainda, e muito menos viajar com ela inteira. Precisa dizer que é a melhor turnê de sua carreira?

A apresentação começou um minuto antes do marcado, com projeções, efeitos visuais, fogos de artifício, dançarinos, coreografia, luzes impressionantes e Justin dentro de um cubo de vidro. O público cantava junto, a plenos pulmões, a música “Mark My Words”, que não precisou ser single para os fãs saberem a letra inteira – como todas as outras do show. Ao todo, a setlist traz 21 canções – a maioria do álbum “Purpose”, que já vendeu mais de 5,5 milhões de cópias mundialmente e ganhou certificado de diamante no Brasil. A plateia adora, e o venera. Como ele, o público cresceu, mas ainda há pais acompanhando filhos menores de idade – e os pais assistem a tudo sorrindo, porque reconhecem estar diante de um showzão.

Veja a abertura do show aqui:

Confira também vídeos do Justin conversando com a plateia:

Há uma cultura horrível no circuito de turnês internacionais no Brasil: para baratear os custos da vinda, artistas viajam com versões genéricas de seus shows – cortando basicamente tudo que os torna imperdíveis. Madonna é uma das poucas cantoras que não aceita essa negociação: ou compram o show com a parafernália completa, ou não compram. Por isso, ver um show da Rainha do Pop é sempre algo incrível. O que Justin fez dessa vez seguiu a mesmíssima linha. Ele trouxe tudo que os fãs acharam que não veriam por aqui. Na passarela, de repente, ele estava dentro de uma gaiola. De repente, estava mais alto, em uma estrutura que havia subido não se sabe de onde. De repente, ele sumia em um elevador no chão. De repente, brotavam bailarinos. E fogos de artifício, muitos, o tempo todo. Definitivamente, é um show que vale o ingresso – caro.

O Brasil recebe a “Purpose Tour” exatamente um ano após seu início. O popstar, então, já está muito seguro de tudo o que tem fazer. Na reta final de uma turnê, espera-se também algum cansaço, mas não se nota. O cantor vai e vem na passarela, que liga o palco até a pista comum, com energia. Sim, é verdade, o show tem muito de playback, e Justin nem disfarça, mascando chiclete enquanto a música toca. Mas os fãs sabem o que compraram. Em compensação, ele toca violão, bateria e faz várias trocas de roupas. Justin disse que adora se apresentar com suas turnês no Brasil, prometeu voltar logo, e no fim soltou: “essa foi a melhor noite da minha vida”. Era tudo que a Apoteose queria ouvir. Aliás, beliebers realmente ouviram, e isso foi tão bonito!

Essa turnê foi marcada por problemas de Justin Bieber com fãs em diversos países. Ele parou de receber o público no camarim, parou de tirar fotos com fãs em qualquer lugar que o encontrem, bateu boca com seguidores na rua, chamou fãs de animais, e reclamou muito – mas muito mesmo – que o público não o escutava quando ele falava nos shows. Pediu encarecidamente que calassem a boca. Muitas vezes, desistiu. O anúncio de sua vinda ao Brasil, portanto, era a crônica da polêmica anunciada. O público brasileiro é conhecido por ser o mais caloroso, mas também dos mais barulhentos. Pasmem, porém: a Apoteose se calou para escutar o ídolo. Ao mesmo tempo que cantava e gritava alto nas músicas, havia um silêncio impressionante – e lindo – quando Justin queria falar algo. Se é frescura ou não da parte dele, não importa. Ídolo e fãs se entenderam, e são assim os melhores shows. Volta e meia, ele dava uns sorrisos fora do script. Como diriam nossos avós, saiu melhor do que encomenda.

Fique com a galeria de fotos:

Quem deixa um pouco o fanatismo de lado entende muito das mensagens que o cantor está compartilhando nessa turnê. Ele já começa dentro de um cubo de vidro! Muitas interpretações possíveis, mas é gritante que ele se sente assim – exposto, vigiado, controlado, um entertainer mesmo em sua intimidade. “Privacidade” é uma palavra que ele vem usando muito, por não tê-la. Em outra parte do show, ele canta dentro de uma gaiola, também muito significativo: quando ele anunciou que não faria mais selfies por aí, explicou que se sentia um macaco de zoológico. Todos seus sentimentos e reflexões estão ali no palco. Quando ele pede que ouçam, é porque o show realmente é isso. Aos poucos, ele e seu público estão se entendendo e construindo uma relação possível. Quem esteve no show viu como foi bonito quando dá certo.

A “Purpose Tour” marca um ótimo momento na carreira de Justin Bieber, em termos de lírica e sonoridade. Com essa fase, ele ampliou seu público: “Where Are Ü Now”, “Cold Water”, “What Do You Mean?”, “Let Me Love You” e “Sorry” atestam. Ainda não é um momento de amadurecimento, mas de crescimento. O show é para ninguém botar defeito, e não há mais nada de infantil. Mesmo quando canta “Baby”, já existe um tom nostálgico: coisa do passado. De seus contemporâneos, Justin Bieber é certamente o popstar que será lembrado no futuro – pelos números, pela biebermania, também pelos escândalos, claro, e cada vez mais pela qualidade. O show também poderá ser visto em São Paulo, no Allianz Parque, no fim de semana: se fosse você, não perderia.

SETLIST
“Mark My Words”
“Where Are Ü Now”
“Get Used To It”
“I’ll Show You”
“The Feeling”
“Boyfriend”
“Cold Water”
“Love Yourself”
“Been You”
“Company”
“No Sense”
“Hold Tight”
“No Pressure”
“As Long As You Love Me”
“Children”
“Let Me Love You”
“Life is Worth Living”
“What Do You Mean?”
“Baby”
“Purpose”
“Sorry”

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