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Profissão Digital Strategy: Associação Musical

O POPline.Biz é Mundo da Música inicia uma série explicando a função do cargo no mercado musical
Gustavo Gonzalez, Diretor de Relações Internacionais e Business Affairs da Abramus Digital
Gustavo Gonzalez, Diretor de Relações Internacionais e Business Affairs da Abramus Digital, fala sobre a profissão "Digital Strategy". Foto: Divulgação

A transformação da indústria da música é pautada pela democratização do digital. Inúmeras empresas e iniciativas surgiram, enquanto que as companhias já presentes no mercado, remodelaram suas atuações. Dentro desse contexto, um profissional importante ganhou ainda mais protagonismo, o “Digital Strategy”, responsável por definir e estudar as principais estratégias que serão seguidas, através do digital, para a obtenção de bons resultados.

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Pensando nisso, o POPline.Biz é Mundo da Música retoma a sua série especial dentro do quadro “Guia MM” que traz referências em atuação no mercado musical para explicar como funciona a rotina, os desafios e oportunidades da sua profissão no nosso setor.

Para compreender o papel do “Digital Strategy” dentro de uma Associação Musical, o POPline.Biz entrevistou Gustavo Gonzalez, Diretor de Relações Internacionais e Business Affairs da Abramus Digital, que contou detalhes da sua trajetória e visão sobre a sua profissão no mercado musical.

Advogado com Pós-Graduação em Direito Empresarial com ênfase em Propriedade Industrial pela FGV, Gustavo sempre compreendeu que a sua atuação iria além do padrão destinado aos escritórios de advocacia. Com o contato com área da Propriedade Intelectual no período do estágio na faculdade, o executivo buscou o aprofundamento no setor, antes mesmo de ingressar na sua pós-graduação, já que as ofertas para essa área do Direito eram limitadas no Brasil no início dos anos 2000. Porém, foi durante seu período de especialização no qual ele conheceu seu antigo chefe, que trabalhava em uma Associação Coletiva de Direitos Autorais, e sua história no mercado da música começou.

“Mas nada disso teria acontecido se eu não tivesse buscado entrar no mercado, e logicamente ter a sorte de conhecer as pessoas certas e estar no lugar certo e hora certa. Mas sempre fui um apaixonado por música e tecnologia: comprava CDs, assistia MTV, acompanhava o que acontecia no Brasil e no exterior e sempre curti muito esse mercado. Quando comecei a trabalhar com música foi algo muito mais do que eu esperava”, afirma Gustavo.

 Gustavo Gonzalez, Diretor de Relações Internacionais e Business Affairs da Abramus Digital

Gustavo Gonzalez, Diretor de Relações Internacionais e Business Affairs da Abramus Digital. Foto: Divulgação

“Ler muito e estudar sempre” 

De acordo com Gustavo, a faculdade de Direito lhe deu uma base muito boa sobre a importância de “ler muito e estudar sempre”. O executivo acompanhou um dos períodos de transição mais significativos do mercado da música no mundo, sobretudo no Brasil, com a abertura da loja do iTunes no país pela Apple no final do ano de 2010.

“Quando ingressei na Abramus em 2009, o foco era acompanhar e trabalhar com a Sociedades Internacionais, mas o Digital já despontava como um mercado promissor e em 2011 a Abramus Digital começou a atuar nesse setor para atender uma demanda cada vez maior do mercado nesse sentido”, diz Gustavo.

Durante esse período, Gonzalez esteve em contato com o mercado internacional da música, seja em reuniões da CISAC (Confederação Internacional de Sociedades de Autor), além de participações no MIDEM, um dos principais eventos globais da música. Dessa forma, o executivo observava como o mercado estava se moldando ao ambiente digital.

“Nesses últimos 12 anos à frente da Abramus Digital, pude ver como o mercado da música mudou, e posso dizer que evoluímos muito bem. O mercado da música é hoje umbilicalmente ligado a tecnologia, e não temos como dissociar essas duas partes, seja no Brasil ou no exterior. O crescimento tímido desse mercado no início da última década em nada se parece com o mercado que temos hoje, e não só no Brasil. A música respira e trilha raízes cada vez mais fundas no ambiente digital e além de respeito, esse mercado merece cada vez mais atenção.

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Profissão Digital Strategy: Associação Musical. Foto: Unsplash

Digital Strategy: adaptação constante e atenção aos detalhes

Sobre a sua rotina de trabalho, Gonzalez é sincero: “envolve muito estudo e uma necessidade constante de estarmos abertos a desafios diários. A atualização precisa ser constante para ajudar o mercado a se desenvolver. A rotina envolve a negociação com as plataformas pelas licenças, com gravadoras e com outras partes para buscar os melhores resultados, além de trabalhar na solução de situações totalmente inusitadas que acontecem todos os dias.”

O executivo ainda completa: “o mercado digital é muito dinâmico e necessita de uma adaptação constante. As plataformas precisam falar com diferentes públicos e estão em constante mudança. Acompanhar isso demanda tempo e atenção aos detalhes.”

Gustavo esclarece que a Abramus Digital, onde ele atua, é uma empresa da Abramus, com operação independente, mas que recebe as mesmas dúvidas do mercado com relação ao que acontece no ambiente digital.

“Desempenhamos um papel chave no mercado, fornecendo um serviço especial e exclusivo para editoras que querem receber seus direitos de reprodução das músicas que são consumidas no ambiente digital e já representamos algo perto de 7 milhões de obras, e seguimos crescendo todos os dias”, pontua Gustavo.

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Foto: Unsplash

Para Gustavo, a Associação de Gestão Coletiva tem um papel fundamental na carreira do compositores e dos artistas já que muitas vezes ela é a referência para informações. “Aqui na Abramus temos uma história muito legal, construída ao longo dos últimos 40 anos, e com isso para muitos titulares somos uma referência, um porto seguro para informações e conselhos sobre o mercado. O mercado digital é sem dúvida um dos principais focos de dúvida da maioria, e temos que estar bem informados para dividir esse conhecimento e ajudar o mercado como um todo“, afirma o executivo.

“Gostar de música e de desafios”

Questionado sobre o perfil e as principais aptidões que um profissional deve ter para atuar no setor, Gustavo esclarece: “a pessoa precisa gostar de música e de desafios. Precisa ter em mente que vai trabalhar com algo que muito sério: música não é brincadeira. Envolve muitas variáveis e desperta paixões. Artistas de uma forma geral tem uma sensibilidade muito mais apurada e é preciso entender isso antes de entrar no mercado.”

O profissional ainda pontua que é necessário estar disposto a pensar sempre “fora da caixinha” principalmente no que diz respeito a interação da música com a tecnologia. Pois, muitas vezes os problemas não envolvem soluções simples e é preciso estudar tudo caso a caso, com uma visão ampla de negócio e muitas vezes com uma ótica jurídica.

“O mercado da música tem ótimas oportunidades no Brasil. É um mercado que está se profissionalizando, crescendo e bons profissionais são sempre muito bem vindos. Os artistas estão buscando cada vez mais sua independência e com isso o surgimento de gravadoras e editoras em vários lugares do pais. Como o mercado está cada vez mais dependente do Digital, um profissional que transite bem dentro dessa área e que entende de música, plataformas digitais e internet vai ter cada vez mais espaço no mercado”, afirma Gonzalez.

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Foto: Tech Daily/Unsplash

Gustavo ainda pontua que para atuar no mercado da música, “o principal é a vontade”. O executivo ressalta que é uma área que existem profissionais das mais diversas formações: advogados, publicitários, administradores, economistas e muitos outros. “O profissional precisa ser versátil e mente aberta para desafios. Um conhecimento jurídico ajuda muito, mas é importante entender o “Business” mais do que tudo.”

Segundo o Diretor da Abramus Digital, as graduações em Direito, Publicidade, Relações Internacionais, Administração podem levar alguma vantagem, “mas tão ou mais importante que a formação, acredito que o perfil da pessoa e o interesse em trabalhar na área são os principais diferenciais”.

Gonzalez completa: “um curso universitário vai dar uma base, mas existem cursos de especialização no Brasil e no exterior voltados apenas para o mercado da música que vão ser provavelmente mais importante que a graduação em termos de conteúdo. Eu dou aula no curso do MCT/Puc Rio e da FGV, ambos são online e tem mais de uma turma por ano.”

“Estar antenado ao que acontece no digital”

Por fim, Gustavo reúne uma série de dicas para quem deseja entrar na área ou fazer uma transição de carreira.

“O mercado da música é apaixonante e viciante. Quem entra dificilmente muda de profissão, mas para ingressar hoje é importante estar antenado ao que acontece no mercado digital. As plataformas hoje são as vitrines das lojas de discos de antigamente. Trabalhar com TikTok, Spotify e YouTube e entender como elas funcionam é fundamental. É preciso entender essa nova dinâmica e desassociar os conceitos para entender esse novo mercado.”

O executivo ainda destaca que “o Brasil tem um potencial enorme para ser desbravado: as plataformas de música ainda podem crescer muito, e com isso cresce todo o mercado. O Brasil consome muito o que é produzido internamente, nossa música e nossa cultura tem muita força e quem melhor que nós mesmos para trabalharmos nesse mercado. Uma transição de carreira para esse mercado sempre vai ser um desafio, mas é sensacional.”

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Foto: Unsplash

“O trabalho no mercado digital necessita de um conhecimento plural e de um foco constante em tecnologia, especialmente porque muitas vezes os negócios, o business em si, é fortemente impactado pela tecnologia embarcada nas diversas plataformas de música que estão à disposição do ouvintes”, finaliza Gustavo.

Quer tirar mais dúvidas sobre o universo musical? Conheça agora mesmo o nosso Guia MM, que traz as explicações sobre os bastidores da indústria musical.

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