A polícia berlinense revelou na sexta-feira (26) que está apurando o caso envolvendo Roger Waters, membro fundador do Pink Floyd, acusado de incitar ódio público. O motivo da investigação é o uso de um traje semelhante ao de um oficial nazista pelo músico em uma apresentação na capital alemã.
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Martin Halweg, porta-voz da polícia de Berlim, informou à AFP que “as vestimentas usadas no palco podem ser interpretadas como uma glorificação ou justificativa do regime nazista, afetando a ordem pública”.
Halweg ainda destacou que “as roupas fazem alusão ao uniforme de um oficial da SS”. Em 17 de maio, Waters realizou um show na Mercedes-Benz Arena, onde vestiu um longo casaco preto com faixas vermelhas, conforme mostram imagens divulgadas nas redes sociais.
Wow, this is @rogerwaters imitating a Nazi, while at a concert in … Berlin. This is just unhinged Jew hatred and Holocaust distortion. The man is vile beyond words. pic.twitter.com/zn1EvudSXc
— Arsen Ostrovsky (@Ostrov_A) May 25, 2023
Mídias alemãs e israelenses também reportaram que, durante a apresentação, o músico exibiu no telão os nomes de várias pessoas falecidas, incluindo Anne Frank, adolescente judia vítima do Holocausto, e Shireen Abu Akleh, jornalista palestino-americana da Al Jazeera que morreu em uma operação israelense em maio de 2022.
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O porta-voz da polícia acrescentou que, após a conclusão da investigação, os resultados serão enviados ao Ministério Público para uma análise jurídica final. A promotoria decidirá se o cantor britânico de 79 anos enfrentará ou não processo judicial.
O espetáculo de Waters em Berlim gerou controvérsias em Israel. O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que o músico “profanou a memória de Anne Frank e dos seis milhões de judeus mortos no Holocausto”.
Good morning to every one but Roger Waters who spent the evening in Berlin (Yes Berlin) desecrating the memory of Anne Frank and the 6 million Jews murdered in the Holocaust. pic.twitter.com/4tcrV6f8mt
— Israel ישראל (@Israel) May 24, 2023
Arsen Ostrovsky, CEO do International Legal Forum, declarou:
“Esta foi uma exibição vil e indesculpável de ódio aos judeus e distorção do Holocausto por Roger Waters. O fato de ter sido em Berlim é ainda mais vergonhoso.”
This was a vile, inexcusable display of Jew hatred and Holocaust distortion by Roger Waters. That it was in Berlin, is all the more shameful. pic.twitter.com/3iv5O0ne44
— Arsen Ostrovsky (@Ostrov_A) May 24, 2023
Outros, no entanto, saíram em defesa do artista. O jornalista Eduardo Neret disse:
“Ele faz isso em todos os shows. A música é uma sátira. Waters e o Pink Floyd criticam o fascismo com ela. Você saberia se não estivesse propositalmente sendo um canalha desonesto.”
He does this every show. The song is satire. Waters and Pink Floyd were criticizing fascism with the song. You’d know that if you weren’t purposefully being a dishonest hack
— Eduardo Neret (@eduneret) May 24, 2023
Anton Halaby, ativista pelos direitos humanos, também deu sua opinião:
“É muito fácil entender depois de ouvir o álbum conceitual ‘The Wall’, que aborda, critica e condena muitas das formas de discriminação e racismo que existem em nosso mundo moderno, incluindo o racismo antijudaico! Ao contrário da democracia israelense, Roger Waters é antidiscriminação!”
It’s very easy once one has listened to the concept album, The Wall, which addresses, criticises & condemns many of the forms of discrimination & racism which exist in our modern world, including anti-Jewish racism!
Unlike Israeli democracy, Roger Waters is anti-discrimination!— Anton C. Halaby (@c_halaby) May 24, 2023
Vale lembrar que Waters é um ativista pró-Palestina conhecido por suas posições consideradas antijudaicas. Em seus shows, ele utiliza um porco inflável com a estrela de David e defende boicotes a produtos israelenses.