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Piti, boicote e ‘devastated’: relembre 8 polêmicas no Rock in Rio

Nem só de shows inesquecíveis se faz um festival, né?

Da esquerda pra direita: Lady Gaga, Anitta e Drake em apresentações (Foto: Getty Images)

Em 37 anos (e oito edições) de Rock in Rio, muitos artistas incríveis fizeram shows inesquecíveis – e há até quem deixou de fazer. Mas a verdade é que nem só de momentos bons se faz um festival. Afinal, uma grande história sempre tem algumas controvérsias, né? E a Cidade do Rock já foi cenário de muitas delas. O POPline relembra oito polêmicas que ficaram marcadas no evento.

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Foto: Divulgação

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Tem furacão no Brasil?

O show do Queen, na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, sempre é lembrado como um dos mais icônicos. Freddie Mercury comandou uma plateia de mais de 250 mil pessoas e deixou imagens que foram eternizadas na cinebiografia “Bohemian Rhapsody” (2018). Mas, nos bastidores, a história não foi tão bonita assim.

No documentário “Rock in Rio: A História“, disponível no Globoplay, Amin Khader conta que o vocalista do Queen teve um comportamento de diva. Antes de chegar ao camarim, o cantor questionou quem eram as pessoas que estavam no corredor que ele passaria até chegar ao cômodo.

O promoter, então, disse que eram “artistas e técnicos do mesmo gabarito do que ele“. Freddie Mercury não acreditou e deu cinco minutos para Amin sumir com todo mundo. Resultado: todos os presentes tiveram que entrar em seus camarins para que o cantor passasse. Porém, assim que o cantor passou, um côro de “bicha, bicha, bicha” ecoou de todas as portas.

Amin Khader relata que as pessoas estavam bem furiosas e quando Freddie perguntou o significado do que diziam, o promoter mentiu. “Eu falei que estavam elogiando“, contou. Mas o ápice de tudo viria na sequência. “Ele me chamou no camarim e perguntou se no Brasil havia furacão. Quando olhei, estava tudo destruído“, disse Amin ao jornal Extra.

“Bobes” no cabelo e as 200 toalhas

Não é novidade que artistas, principalmente internacionais, adoram fazer pedidos excêntricos para seus camarins. Pedir centenas de toalhas, por exemplo, já até se tornou algo comum. Mas na segunda edição em 1991, a exigência de Prince assustou o promoter Amin Khader.

Em sua única passagem pelo Brasil, Prince não foi muito amigável nos bastidores. Durante sua participação “Papagaio Falante“, Amin contou que uma das exigências do artista pop era que os funcionários não olhassem em sua direção.

Sabe por quê? Ele chegou de bobes no cabelo, correndo. E não queria ser visto“, disse Amin, em entrevista a Léo Dias, em 2019.

E um pouco antes de subir ao palco, Prince exigiu 200 toalhas. Era domingo à noite, o Rock in Rio acontecia no Maracanã (entre a Zona Norte e o Centro), e a rede hoteleira do Rio de Janeiro não era como agora. O produtor teve de ir até a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, pegar toalhas em motéis.

Tive que ir de motel em motel na Barra da Tijuca pedindo as toalhas todas emprestadas. E ele jogava as toalhas para plateia, os bateristas queriam levar as toalhas embora, e eu tive que tomar de volta pra devolver pros motéis. Fiquei enlouquecido“, completou. Pelo menos o público adorou o show do Prince, né?

Vocês podem não fazer o show. Mas não sairão vivos do Brasil

O Guns N’ Roses veio para o Rock in Rio de 1991 como uma das atrações principais. E apesar de já fazer bastante sucesso na época, ainda graças ao primeiro álbum de estúdio, o “Appetite for Destruction” (1987), para muitos críticos eles ainda não eram vistos como uma banda “grande”.

O empresário Paulo Marinho, que trabalhou na produção deste Rock in Rio, confirmou a história em entrevista ao podcast “Inteligência Ltda”. No Brasil, principalmente, o GNR era uma “banda pouco conhecida“. Mesmo assim, este foi o dia do festival que mais vendeu ingressos, a ponto de terem descoberto um esquema em um dos portões do Maracanã, com pessoas sendo liberadas para entrar no evento.

O Maracanã estava lotado de roqueiro, aquela névoa de cannabis. Eu digo ‘porra, isto é uma tragédia pronta pra acontecer“, declarou o empresário.

Um pouco antes de subir ao palco, os integrantes do Guns N’ Roses e seus empresários descobriram que o show seria transmitido em uma estação de rádio, algo que não tinha sido combinado. Ou seja, a banda queria desistir da apresentação. Sabendo da situação frenética do estádio, foi direto ao ponto.

Vocês podem não ir pro Maracanã e não fazer o show, mas vocês também não saem do Brasil, porque isto aqui não vai acabar bem“, relembrou. No final, Axl Rose, Slash e companhia subiram no palco e deu tudo certo! Em entrevista à MTV, o vocalista declarou que tinha sido o melhor show da banda até então e ainda elogiou o público.

A namorada tomou muita garrafada

A mistura de gêneros sempre foi a tônica do Rock in Rio.. Porém, isto não significa que o público aceitava a ideia tão bem. Carlinhos Brown, quando se apresentou na edição de 2001, percebeu isso.

Muitos artistas já foram vaiados no festival, incluindo alguns roqueiros como Erasmo Carlos, em 1985, e Lobão, na sua apresentação de 1991. Mas o que aconteceu com Brown foi de outro nível, já que o cantor, além de vaias, também foi alvo de copos e garrafadas de um público que queria assistir Papa Roach, Oasis e Guns N’ Roses.

Na época, apesar de ter ficado visivelmente incomodado, Carlinhos Brown chegou a enfrentar a fúria do público. Em 2021, em entrevista à Folha de São Paulo, o músico relembrou o episódio como “um dos primeiros cancelamentos” e acredita que houve racismo por parte da multidão.

Precisamos de tempo para observar o que são as coisas. E o cancelamento talvez seja a síntese [daquele episódio]. E dentro do cancelamento tem tudo. Tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música“, declarou.

Boicote de bandas nacionais

A dupla Sandy & Junior se apresentou no Rock in Rio de 2001, na mesma noite de Britney Spears, ‘N SYNC e outros artistas do pop internacional. O dia contou com cerca de 250 mil pessoas e apresentação dos irmãos até hoje é lembrada como um dos pontos altos da carreira dos filhos de Xororó.

Mas, apesar do show incrível que fizeram, rolaram alguns problemas nos bastidores. As bandas Skank, O Rappa, Raimundos, Cidade Negra, Jota Quest e Charlie Brown Jr. desistiram de se apresentar no festival. O motivo? Os artistas teriam se sentido desvalorizados por terem sido colocados para tocar muito cedo.

Além disso, a situação teria ficado pior após eles descobrirem que Sandy e Junior ganhariam bem mais para se apresentar. De acordo com o g1, em uma matéria sobre o caso, cada banda receberia um cachê de R$ 20 mil, 1/5 do que teria ganhado os irmãos.

O problema com a dupla nunca chegou a ser 100% confirmado, mas em 2011, Samuel Rosa, vocalista do Skank, comentou sobre o boicote.

Fomos muito precipitados naquela ocasião, de não estabelecer um diálogo maior com a organização do festival. O Rock in Rio tinha por tradição alguns episódios assustadores, como a rejeição que o Erasmo teve [em 1985], depois a do Lobão em 90… Então tínhamos motivos para estar com o pé atrás“, declarou ao g1.

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Brazil, I’m devastated!

Em 14 de setembro de 2017, um dia antes de começar a sétima edição do Rock in Rio, Lady Gaga anunciou que não viria ao Brasil para participar do evento. A notícia, claro, deixou todos os Little Monsters em choque! Afinal, seria o primeiro show da cantora no país desde 2012, quando passou por aqui com a Born This Way Ball Tour.

O cancelamento do show foi tão chocante que virou meme. Na época, a cantora alegou sentir muitas dores devido à fibromialgia e usou o Instagram para se desculpar. “Brasil, estou devastada porque não estou bem o suficiente para ir ao Rock in Rio. Eu faria qualquer coisa por vocês, mas eu tenho que cuidar do meu corpo agora“, escreveu Gaga, pedindo a compreensão de todos.

O Maroon 5 foi quem tocou no lugar de Lady Gaga. De acordo com alguns rumores, Roberto Medina teria tentado trazer a Mother Monster para o Rock in Rio deste ano, mas a artista teria negado sem dar muitas explicações.

Cês acharam que eu não ia rebolar minha bunda no Rock in Rio?

Anitta se apresentou na edição portuguesa do Rock in Rio em 2018. Mas foi sua apresentação de 2019, no Rio de Janeiro, que a artista fez história ao levar o funk para o principal palco do festival.

Mas foi por pouco que esse show não saiu, viu? Tudo começa em 2017, quando o jornalista Léo Dias disse no programa “Fofocalizando” (SBT) que cantora teria sido descartada por Roberto Medina. De acordo com a história, o organizador do evento achava que a artista não combinava com a proposta do festival.

Na época, os anitters ficaram furiosos. A própria cantora chegou a comentar sobre o assunto. “Não estou com raiva. O dono do evento contrata quem ele gosta. Não é obrigado a gostar de mim. Se não gosta, não contrata e está tudo certo“, disse Anitta à época, em entrevista ao jornal O Dia.

Alguns meses depois o climão foi desfeito e o show foi um dos mais comentados daquele ano.

Deu piti e barrou a transmissão

Drake foi um dos headliners da edição de 2019 e, claro, uma das atrações mais aguardadas. Afinal, o rapper é sucesso no mundo todo. Quem não estava presente no evento achou que conseguiria ver a transmissão da apresentação pelo Multishow, mas não foi o que aconteceu.

Um pouco antes de subir no palco, o canadense barrou a exibição de seu show na TV, algo que já havia sido acordado com a sua equipe antes. A informação pegou todo mundo de surpresa. “Infelizmente, por algum motivo que a gente não tem certeza qual é, ele não quer. A gente realmente lamenta que quem está em casa não vai poder acompanhar“, declarou Roberto Medina na época.

Depois do ocorrido, Drake se desculpou afirmando que tomou a decisão por conta do tempo. “Estava caindo o mundo quando eu subi no palco e não sabíamos o resultado do show“, disse. Mas, pelo Twitter, Boninho desmentiu o cantor, afirmando que ele havia desistido da transmissão antes da chuva.

Deu pra perceber que não é fácil dar conta de um festival como o Rock in Rio, né? Mas em 2022, se tudo der certo, teremos apenas boas lembranças.

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