Pedro Motta e Henrique tentaram se desculpar após o lançamento de “Lili”, música transfóbica lançada no último final de semana. Por meio das redes sociais, a dupla sertaneja negou transfobia, alegando que “até tem muitos amigos gays” que apoiam a canção.
A letra da música narra a história de um homem que se sente “enganado” por ir com uma mulher para o motel e descobrir que se trata de uma mulher trans. A letra politicamente incorreta diz “depois de uma farra embriagada / ela se entregou / só que ela não tinha / o que mulher tem / Ô Lili, ô Lili / porque você mentiu pra mim / Ô Lili, ô Lili / Amor da minha vida é um travesti”.
A música, por sua vez, teve uma repercussão negativa e a dupla decidiu se desculpar. A questão é que, ao se pronunciar, Pedro Motta e Henrique acabaram cometendo mais equívocos.
“Estão nos chamando de homofóbicos. Gente, de forma alguma! Nunca vocês ouviram que Pedro Motta e Henrique é homofóbico. Pedro Motta e Henrique está zoando a pessoa” (sic), disse Pedro, ignorando a diferença entre sexualidade e identidade de gênero.
Henrique ainda disse que a dupla “até tem muitos amigos gays”, mas que eles não vão dizer publicamente que apoiam a música para não serem bombardeados.
“A gente não está aqui pra menosprezar a imagem de vocês. A gente fala que o amor da nossa vida é um travesti, né, parceiro, e não sabíamos. Ou é uma travesti, como vocês estão falando. A gente pede desculpa a todos que estão nos interpretando mal. Sei que vai ter muita crítica nesse vídeo mas, de forma alguma a gente veio pra menosprezar a imagem de vocês”, completou Pedro.
Mas, apesar do pedido de desculpas, a dupla foi muito criticada!
Associação de travestis se pronuncia
Por meio de uma carta aberta, a associação de travestis, por exemplo, pediu o cancelamento de “Lili”:
“Pedro Motta e Henrique, tudo bem?
Somos da Associação Nacional de travestis e transexuais, uma instituição que atua pela defesa dos direitos humanos das pessoas trans no Brasil. E gostaríamos de conversar com alguém a respeito desta música “Lili”, que se utiliza do que temos chamado de transfobia recreativa para promover violência simbólica e psicológica através da chacota contra a população de travestis brasileiras.
Talvez vocês não saibam mas o Brasil é o país que mais assassina travestis do mundo por ódio que muitas vezes esse áudio é incentivado por isso tipo de piada de extremo mau gosto.
Estamos a disposição para o diálogo. E a nossa recomendação é que desde já a vocês cancelem o lançamento e a divulgação pois a música é flagrantemente discriminatória.
Acreditamos que é possível que tenham se equivocado na produção desse tipo de conteúdo e por isso estamos entrando em contato para podermos tirar as dúvidas sobre o porque ela ser problemática.
Aguardamos retorno.”
Política travesti também se posiciona
E a co-vereadora intersexo Carolina Iara, da bancada feminista do PSOL, também gravou um vídeo para dar seu parecer sobre a música:
“O refrão é ‘fui enganado, me apaixonei por UM travesti’. Nisso já existem vários problemas. Fazer uma música dizendo que as pessoas trans não são de verdade, que elas são enganação, já é um problema. Você tratar as pessoas travestis no masculino é outro problema. E aí tem um terceiro problema, muito grave: essa narrativa de que os homens saem conosco enganados. Isso é mentira, gente. O Brasil é campeão de consumo de pornografia trans no mundo. É aqui que mais se consome pornografia de travestis e transexuais. É aqui também que mais se mata travestis e transexuais, em maioria em seus locais de trabalho, a prostituição”, aponta Carolina.
Até o momento desta publicação a dupla sertaneja não voltou a se pronunciar sobre a polêmica. O clipe da música já conta com mais de 200 mil visualizações e cerca de 30 mil deslikes.