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Opinião: Você sabe por que o cérebro é atraído pela música?

Artigo de opinião assinado por Paulo Vaz, para o POPline.Biz é Mundo da Música

Paulo Vaz, Colunista POPline.Biz é Mundo da Música
Foto: Paulo Vaz/Divulgação

Por que amamos música? Todo mundo tem seus próprios motivos. Mas de uma perspectiva evolucionária, nosso amor pela música não faz muito sentido. Não contribuiu para a nossa sobrevivência ou ajudou nossos ancestrais a ter filhos. Acontece que a chave para seus sentimentos musicais pode ser química.

Um estudo de 2011 de Valerie Salimpoor, analisou um grupo de pessoas que seguramente sentia arrepios musicais e pediu-lhes que fizessem uma lista de reprodução de suas canções favoritas de qualquer estilo. Essas pessoas ouviram as faixas enquanto os cientistas monitoravam sua atividade cerebral. Eles descobriram que a música desencadeia a liberação de uma substância química chamada dopamina em uma parte do cérebro chamada striatum.

Evolutivamente, essa é uma parte realmente antiga do cérebro associada a respostas a coisas que fazem você se sentir bem. Isso mostrou que ouvir dizer Daft Punk afeta as mesmas áreas do cérebro que o chocolate, o sexo ou a cocaína.

Foi a primeira vez que alguém revelou que uma recompensa abstrata, como ouvir música, poderia liberar dopamina, em oposição a uma recompensa tangível como um delicioso burrito. Também pode explicar porque as pessoas amam pinturas ou outras formas de arte.

O estudo nos dá uma pista sobre porque a tensão e a liberação são tão importantes na música. Vamos usar o que os fãs de musica eletrônica chamam de ‘queda’ como exemplo. É aquele momento incrível quando o público está preso ao artista e, de repente, a batida desaparece. Tudo o que resta é uma melodia. Em seguida, outro elemento se insinua, esse outro, aumentando a tensão. Suas pupilas dilatam, sua frequência cardíaca aumenta, todos na plateia sabem que isso vai acontecer.

Quando associamos picos de dopamina ao prazer, com o processamento de recompensas reais, percebemos que os ouvintes tiveram mais dopamina liberada em seus cérebros durante suas partes favoritas. Mas, surpreendentemente, também havia um aumento na quantidade de dopamina em uma parte ligeiramente diferente do cérebro antes que o ouvinte chegasse à sua parte favorita da música. Os autores chamam isso de fase antecipatória da escuta, em que nosso cérebro nos ajuda a prever a chegada de nossa parte favorita.

Os neurocientistas acreditam que essa região do cérebro está envolvida na criação de respostas aprendidas aos estímulos. Nesse caso, uma mudança na batida ou na melodia de uma música pode ser uma indicação de que uma recompensa está chegando. Da mesma forma que os cachorros de Pavlov começaram a babar quando ouviram a campainha, o cérebro de um dançarino começa a liberar dopamina durante o intervalo da música, sabendo que uma onda musical está chegando.

Uma grande banda ou DJ pode realmente aumentar os níveis de dopamina nesses momentos. A queda pode ser atrasada ou manipulada para intensificar o clímax musical. E o melhor desse trabalho é que ele se estende a todos os gêneros. A música é subjetiva e o melhor, você pode obter sua dose de dopamina ouvindo musica eletrônica ou música clássica.

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Paulo Vaz, formado em Publicidade e Propaganda é tecladista, guitarrista, compositor e produtor musical. Tendo iniciado sua carreira como músico profissional em 1994 na cidade de Ribeirão Preto, interior de SP, onde foi criado.
Como produtor musical, atua na produção musical para publicidade e audiovisual, no qual realizou vários projetos de criação e produção de jingles e trilhas para TV e Cinema. Reside na capital paulista há 17 anos e faz parte do Estúdio Lua Nova como produtor musical, lugar onde produziu discos de bandas como Haimanda, Gatalógica, Mariana Magri, Remix de Vamos Fugir com Seu Jorge, Kilotones, Karin Martins, Voltare e Amsterdan.
Participou de várias collabs com o projeto “Sessions da Tarde” com artistas como: Francisco el Hombre, Liniker, Scalene, Maneva, Onze20, Medulla, Selvagens a procura de Lei, Carne Doce, Plutão já foi Planeta,Dinho Ouro Preto, Gabriel Elias, entre outros.
Compôs e produziu 4 discos autorais solos, Janela em 2010, Fora do Lugar em 2012, URL em 2018 e o disco instrumental infantil Pra Dormir e Acordar em 2020. Ingressou na banda Supercombo em 2011 na Tour do disco Sal grosso, onde atua até hoje como tecladista e parceiro nos arranjos e composições.