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Falta de Shows + Sucesso no Charts X Carreira Artística; como saber o que é sucesso em 2021?

A tal democratização que os artistas consagrados e independentes encontrariam para disponibilizar suas músicas nas lojas digitais, colocou em um primeiro momento todos em pé de igualdade pela tecnologia e facilidade para fazer seus uploads, mas não para fazer sucesso.

Para se fazer sucesso, ou pelo menos fazer com que um lançamento seja “percebido e bem sucedido”, são necessárias muitas ações concomitantes e convergentes ao produto. Somam-se as rádios, tv, playlists, tiktok, reels, os influentes, os feats, as modas, os memes, engajamento artístico, os shows, tudo isso se fazendo muito necessário.

No mundo normal, já era desafiador, imagina em um mundo sem shows?

O mais grave, para os artistas que os fazem, é que eles são vitais para ter controle e engajamento. Fica absurdamente mais difícil fazer lançamentos e saber os resultados efetivos deles.

A falta do termômetro “da rua”, da resposta do público, da atenção que o artista dispensa ao seu lançamento no palco (fazendo pré-intro, repetição dos refrões, surpresas nos arranjos e na cenografia), dificultam a vida de quem está acostumado a trabalhar com isso. A resposta do público e o engajamento ou não dele, são determinantes para o artista “investir mais” ou até “abortar um lançamento”.

A capilaridade que os shows têm, fortalecem e são determinantes para alicerçar o sucesso de um produto, desde a sua divulgação até a pós-venda.

Após um fim de semana de trabalho, é percebido, por nós artistas, um aumento nos charts, um aumento de pedidos nas rádios daquela localidade, um aumento na interatividade nas redes sociais. É uma grande onda que se propaga espontaneamente.

Como se não bastassem a falta do “controle artístico,” há a falta das receitas. E sabemos que, para se fazer sucesso e ter um lançamento bem sucedido, é necessário investimento. Fato. “(…) Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar (…)” (Esquinas – Djavan). Tem sido assim…

Além de energia motriz para lançamento e divulgação, essas receitas têm natureza alimentar para milhares (como temos falado todo o tempo). Sofremos um efeito cascata sem cachês, sem trabalhos indiretos ligados aos eventos, sem receita de execuções públicas, sem direitos autorais e conexos, colateralizando os prejuízos em todas as esferas.

Sem a “rua” as análises estão voltadas apenas ao streaming. Vamos a elas:

O streaming no Brasil tem crescido absurdamente. Nunca foi tão difícil entrar no TOP 50 do Spotify. Os 4 (quatro) primeiros lugares tem mais de 1 milhão de streams e a música que se encontra em 50º lugar tem 316 mil plays aqui no Brasil – em Portugal esse número seria 1º lugar, por exemplo.

A conclusão a que podemos chegar é que: todo esse cenário nos traz mais dúvidas do que certezas.

  1. Os shows mudariam o “ranqueamento do streaming”, ou apenas potencializariam?
  2. As músicas pontuadas nos charts são realmente um sucesso para o consumidor final? Ou os canais de divulgação que levam à elas é que são eficazes e trazem esses números?
  3. Quais critérios usados nas playlists que catapultam músicas e artistas ao topo do charts? Como corrigir distorções?
  4. O play no ambiente digital vai se refletir em ingressos para futuros shows? Ou a adesão digital não serve como métrica pra isso?
  5. Será que artistas que sempre tiveram suas apresentações ao vivo, para divulgar suas músicas e fazer sucesso, podem “queimar um álbum inteiro” lançando sem fazê-las? Ou o lançamento sem show vai potencializar seus números e reforçar sua carreira e as apresentações ao vivo no futuro?

Uma certeza eu tenho, a falta dos shows para o artista tira uma parte fundamental do controle que ele tem sobre sua carreira e sobre as diretrizes que ele dá a ela.

Independente dos números, dos charts, das ações, só quem vai aos shows e os faz, é capaz de entender a sinergia que há. É você e seu público final. Sem rodeios, sem atalhos.

Nós sabemos que vamos vencer a pandemia. Vamos sobreviver a tudo isso e que a volta aos palcos e eventos, vão ocorrer em momento oportuno. Mas, o tempo não para! Temos visto um mercado crescente, oxigenado, traduzindo o que é sucesso pelos números e “ranqueamento”.

E nesse jogo de xadrez na indústria fonográfica, nós artistas que estamos sem fazer shows, vamos movendo as peças no escuro. Podemos estar nos encaminhando para vitória, podemos estar andando em círculos, ou podemos estar com o futuro da carreira em cheque sem saber.

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Sergio Jr. é integrante do grupo Sorriso Maroto, Músico, Compositor e Produtor Musical, com 22 anos de atuação no mercado fonográfico. Bacharel em Direito, Criador e Diretor Artístico da “Artesanal Digital” (Editora/Selo/Produtora).

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