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“Nunca exaltei sistemas socialistas. Sempre odiei”, revela Caetano Veloso

Acusado de ser comunista pela Ditadura Militar e também no Twitter, cantor esclareceu seu ponto de vista em documentário


Em Narciso em Férias, documentário sobre a prisão de Caetano Veloso na Ditadura Militar brasileira, o cantor fez altas revelações. Com estreia na sugestiva data de 07 de setembro, o filme mostra um Caetano cru – falando abertamente das suas opiniões e memórias daquele período.

Dentre as declarações, uma chamou atenção. O artista explicou que nunca gostou do socialismo. Alcunha essa que é muito utilizada em seu nome, principalmente no Twitter, onde a #caetanocomunista é comumente utilizada.

Enquanto lia a transcrição de seu interrogatório, Caetano Veloso negou uma das acusações feitas pelos militares: a de que exaltaria os regimes socialistas.

“Nunca exaltei os sistemas socialistas. Nem quando tinha 15, nem 17, nem 23, nem 34. Sempre odiei. Fui até ler os grandes autores liberais, por causa do meu problema com esse negócios. Até hoje não aceito programa de futuro nem proposta de rearranjo da sociedade sem os princípios liberais. Porque esse negocio de partido único, mandar prender, [colocar] quem discorda na cadeia, prisão política, sou contra”, concluiu Caetano Veloso.

Na mesma passagem, ele analisa os adjetivos que o qualificaram como alguém digno de ser preso: “Subversivo e desvirilizante é uma coisa que parece comigo mesmo”, disse aos risos.

Caetano Veloso regrava “Hey Jude”, clássico dos Beatles

Caetano Veloso lançou versão de “Hey Jude”, clássico dos Beatles. No filme, o cantor conta como ela foi marcante durante o período em que esteve preso na Ditadura Militar.

“Nunca tinha cantado “Hey Jude”. Digo, nunca tinha pegado o violão, sacado a harmonia e cantado mesmo. Nunca sequer aprendi a letra inteira. No dia da filmagem da entrevista para o ‘Narciso em Férias’ foi a primeira vez. E ainda assim, quase só cantarolei”, conta Caetano.

Caetano ainda revela que quando ouvia o clássico dos Beatles na prisão, a esperança por dias melhores era renovada. Por isso a importância de tê-la no documentário.

“Em referência aos rapazes de Liverpool (principalmente John Lennon), Lucas Nunes, tecladista e guitarrista da Dônica, pôs “slap back” em minha voz. Mas reduzimos o efeito a um mínimo que significasse homenagem pós-irônica (diria Zeca) às lembranças. Assim, “Hey Jude” é a única faixa original, gravada recentemente em estúdio, single do filme. As outras são as que foram registradas durante a entrevista”, finaliza.