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Number Teddie diz em entrevista: “arte tem que ser algo desconfortável”

Foto: Fernanda Lima

Nesta quarta-feira, 31 de agosto, Number Teddie lança seu álbum de estreia o seu álbum de estreia, intitulado “PODERIA SER PIOR“. O estilo é um pop/punk autêntico, onde o cantor e compositor de 25 anos coloca para fora suas angústias, questões e monstros sem filtro, ostentando lirismo e musicalidade incomuns.

Foto: Felipe Fonseca

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As letras, compostas pelo próprio cantor e produção assinada por Gorky e Zebu, são muitas vezes até mesmo desconfortáveis de ouvir. No entanto, ele cativa pois é real. “Vou me trancar nesse banheiro e só me masturbar“, canta ele logo na faixa título. No novo single, “Bom Ator“, ele implora para sair do próprio corpo: “eu odeio existir“, solta ele. Na faixa “Mickey“, ele reflete sobre a morte: “pode chorar na hora que forem me enterrar“.

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Já deu para ter uma ideia de que como é esse álbum, não é mesmo? Para saber mais sobre o álbum, conversamos com Number Teddie em uma entrevista inédita. Quem também falou foi Cleo, sua parceira no novo single “Bom Ator”, que ganhou um clipe todo teatral.

O clipe “Bom Ator”

Algumas horas após o lançamento do álbum o público foi presentado com um impactante clipe para a faixa “Bom Ator“, ambientado em um teatro. Isso tem um motivo bem claro para Number Teddie.

“Eu escolhi fazer o clipe em uma audição porque todo o conceito do álbum é como um ator fazendo o Number Teddie. Por isso em todas as capas de single eu estou sorrindo e olhando para o nada, nos clipes eu estou maquiado e produzido. Então no clipe, eu quis fechar essa narrativa de uma forma bonitinha”, disse ele.

A parceira Cleo sentiu uma forte identificação. “Eu acho que o tema da música tem muito a ver comigo, essa coisa de ter a dificuldade de navegar na existência, de não saber exatamente como fazer isso, eu me identifiquei muito“, diz ela.

Number Teddie validou a escolha da artista para o dueto: “Acho que a Cleo foi uma escolha perfeita para a música porque ela sempre foi uma figura da mídia que a sociedade sempre fui muito em cima dela. Então eu imagino que deve ser muito difícil estar nessa figura. Quando eu refleti, eu vi que fazia muito sentido ela estar nessa música“, disse.

Foto: Fernanda Lima

A fama, aliás, é um caminho que ele está percorrendo ao lançar seu primeiro álbum. Isso pode trazer coisas boas ou até mesmo outros conflitos – quem sabe se tornar tema de músicas no futuro. Quem pode dar conselhos sobre como lidar com a fama é a própria Cleo. Ela falou:

“Acho que eu diria que é normal se sentir invadido quando a fama acontece, mas tentar enxergar que isso que parece uma invasão é um sintoma de um reconhecimento. Como tudo na vida, tem um lado bom e um lado ruim, o que importa é deitar no travesseiro e saber que você está realizando seus sonhos e sendo coerente com seus valores”, aconselhou ela.

Number Teddie garante que a fama nunca foi um objetivo para ele. “Minha meta nunca foi ser famoso, eu sempre quis ser artista“, comentou.

Foto: Fernanda Lima

Exposição da vida pessoal

Além de cantar sobre conflitos internos, Number Teddie também fala sobre um relacionamento frustrado nas faixas “EU DEVERIA TER COMIDO SEUS AMIGOS“, “qual é o teu problema?” e FEIO!!!”. “Tu era mais bonito em fevereiro quando eu te ama. Tu ficou feio e dói até te ver“, canta ele nesta última música.

Na entrevista, ele refletiu que não teve como objetivo expor ninguém e, no final das contas foi uma forma de reconhecer suas próprias atitudes.

Às vezes eu sou uma pessoa muito inteligente, mas às vezes eu sou irresponsável também. Esse álbum está pronto há mais de um ano, sabe? Então, hoje em dia olhando, eu penso: ‘eu era completamente maluco‘”, detalha.

O artista complementa: “Eu acho que todas essas essas músicas não é nem expondo o relacionamento, mas falando que o problema todo sou eu. Acho que estou mais maduro, eu vejo isso e consigo contar no álbum“, diz.

Sentimentos perturbadores

Na música “Mickey“, tida como a favorita do cantor no álbum, ele reflete sobre como vai morrer e seu próprio enterro. Não é um assunto muito agradável, mas ele revelou que faz muito sentido.

Eu penso na morte mais do que gostaria de pensar, acho que no conceito da morte. Eu já perdi a maior parte da minha família, então a morte é algo muito presente desde criança. Um dia eu pensei: um dia vai ser eu, isso é inevitável. Eu acho que consegui abordar de uma forma que eu consiga entender, que eu consigo abrir e depois de anos ter certeza da minha visão“, explicou.

Não há como negar que o álbum “PODERIA SER PIOR” é muito disruptivo, com temas fortes. Por algum motivo, a identificação é forte do público.

“A música ‘Poderia Ser Pior’ viralizou no TikTok e fala sobre estar muito triste. Mas eu acho que meu trabalho é esse, acho que a arte tem que ser algo desconfortável e ao mesmo tempo exprimir todos os sentimentos possíveis”, comentou.

Inspirações e comparações

O mundo da música vive de ciclos. Esse lado mais obscuro retornou há pouco tempo no mainstream com a presença de Billie Eilish. Talvez, Number Teddie não conseguiria lançar esse álbum comercialmente se não fosse por esta tendência. Será que ele tem essa inspiração?

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Foto: Felipe Fonseca

“Acho que a Billie trouxe muito isso para a nova geração. E também penso muito na Lana Del Rey, na época a gente não queria escutar música feliz, só queria escutar a Lana”, lembra ele.

Apesar disso, as inspirações de Number Teddie são improváveis. Que tal uma diva do country?

A minha maior inspiração é a Dolly Parton. É minha ídola a minha vida toda! E o Elliott Smith, se você for escutar a discografia dele, é tudo muito obscuro. A própria Lily Allen, também, se você for escutar a música dela, é muito obscura também. E pra mim eu trouxe isso, eu me inspiro também na Courtney Love, eu a admiro demais, então acho que liricamente me inspirei muito nela“, listou.

Citamos três outros nomes para saber o que o Number acha: Olivia Rodrigo, Avril Lavigne e Jão.

Eu sou muito o fã da Avril, quando eu via o clipe quando eu era criança eu pensava que eu queria ser ela, mas eu não era cool o bastante. Eu fica vendo o clipe de ‘Girlfriend’ no espelho e rebolando! E eu amo a Olivia Rodrigo, eu lembro que ‘Drivers License’ eu morri de escutar quando a música saiu“, animou.

Foto: Felipe Fonseca

Ele continua: “O Jão eu amo, o trabalho que ele faz em show é uma coisa que nenhum artista faz. Nós temos os mesmos produtores e é muito doido, porque o Zebu e o Gorky produzem para o Jão e para a Pabllo. Mas então… Para mim é isso, o sucesso da artista é isso! Quantas pessoas saíram da casa dela para ver um artista? Ele tem esse cuidado com um show que é um espetáculo, quando me comparam com o Jão eu me sinto honrado“.

Será que ele se incomoda com comparações?  “Existe a comparação, principalmente por ser um artista que está começando, eu acho normal. Como elas não me conhecem muito, então vão me comparar com os nomes que estão em altas. Mas com o tempo isso vai parar porque não temos nada a ver um com o outro“, reflete.

Foto: Felipe Fonseca

Number Teddie tem grandes qualidades!

Ao ouvir o álbum “PODERIA SER PIOR“, o público vai perceber que ele tem uma tendência de depreciar a si próprio. Mas o contrário, ele também faz? Pedimos para que ele faço um autoelogio para finalizar a entrevista.

Eu estou em uma fase que estou gostando de viver. E eu me acho muito bom no que eu faço. Eu não falo isso de uma forma egóica, é que eu me esforço muito no que eu faço, eu sou muito bom no que me proponho“, finaliza.

E a gente concorda, não é mesmo?

 

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