Eterna! Na última quinta-feira (29), a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou o Projeto de Lei para renomear o Museu do Amanhã para Museu Jornalista Glória Maria. A jornalista, que fez história na televisão brasileira, faleceu em fevereiro deste ano em decorrência de metástases cerebrais. Os votos foram unânimes e a mudança será feita como uma forma de reconhecer o trabalho de Glória Maria, que assim como o museu, também era à frente de seu tempo.
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A nomeação do Museu do Amanhã para Museu Glória Maria foi de autoria dos vereadores Rosa Fernandes (PSC), Luciano Medeiros (PSD) e Alexandre Beça (PSD). O projeto foi aprovado sem segunda discussão e seguirá para sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes (PSD).
“Uma desbravadora de notícias e culturas, que imprimia sua personalidade corajosa em tudo que fazia. Marcou a história da TV com uma intimidade de quem conversava com as câmeras, trazendo o público para dentro de suas matérias. O Brasileiro viajou com suas histórias, conheceu o mundo através de suas reportagens e aplaudia a forma simples de fazer o diferente”, diz o documento do projeto.
Assim como Glória Maria, o Museu do Amanhã também é à frente do seu tempo
Projetado pelo arquiteto Santiago Calatrava, o Museu do Amanhã foi inspirado na cultura carioca e busca explorar a relação entre a cidade e o meio ambiente natural.
Localizado no Pier Mauá, o museu integra a zona portuária do Rio de Janeiro e o centro da cidade e se tornou um dos pontos mais atraentes da cidade. Segundo Calatrava, o edifício “é o resultado de um diálogo consistente e foi construído para ser um museu para o futuro, e uma unidade educacional”.
No jornalismo existem as seis questões fundamentais para estruturar qualquer notícia: O quê? Quem? Quando? Onde? Porquê? Como?. E, assim como os profissionais da área da comunicação, o museu visionário também está focado em responder cinco questões: De onde viemos? Quem nós somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos viver juntos durante os próximos cinquenta anos?
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Pioneirismo & empoderamento da mulher preta
O Brasil teve sua primeira repórter de televisão negra, Glória Maria Matta da Silva, apenas em 1970, na Rede Globo – emissora onde a profissional se manteve até os últimos dias de vida – em uma época em que homens e, sobretudo mulheres pretas, encontravam muitas barreiras para ocupar espaços.
Pioneira de muitas coisas, a jornalista ainda foi a primeira repórter a aparecer no “Jornal Nacional” ao vivo em cores, em 1977. Ela também realizou a primeira transmissão em HD da TV nacional durante o “Fantástico”, em 2007, e passou por muito racismo ao se estabelecer em grandes espaços da comunicação.
Glória foi exceção durante muito tempo entre mulheres pretas ocupando cargos de prestígio na mídia. Era inspiração e lutava para dar espaço à semelhantes. Sempre evidenciava os obstáculos, há muito tempo vigentes, que o racismo colocava (e coloca) no caminho de pessoas negras.
Em março de 2015, depois que Maria Julia Coutinho, à época encabeçando previsão do tempo no “Jornal Nacional”, sofreu ataques de racismo pela internet, Glória Maria cedeu entrevista para um colunista da Revista Época:
“Essa é a prova do que eu sempre disse, que o racismo nunca vai acabar. O que ela está passando hoje, eu vivi no Fantástico. Recebia os comentários por cartas e, depois, por e-mails. Não era uma declaração pública e vinha diretamente a mim, atingia a minha alma e meu coração. Hoje atinge o Brasil. A diferença é essa. Eu tinha que aguentar o tranco sozinha. Isso que ela está vivendo é a normalidade do brasileiro”, disse ela, na ocasião.