As mulheres são expoente no funk. Ainda que sua visibilidade seja historicamente recente, com destaque para cantora Tati Quebra-Barraco nos anos 2000, hoje diversas artistas se consagram na cena. Discursos fortes embalados por letras sobre libido, liberdade feminina e independência são provas deste empoderamento potencializado através da música, que será um dos assuntos abordados no “HERvolution” desta terça-feira (29).
Reconhecimento internacional
Um exemplo recente dessa força foi uma iniciativa do Spotify que levou MC Dricka à Times Square em Nova York, nos Estados Unidos. A ideia era reconhecer o papel das mulheres na música e impulsionou a artista a levar o funk da periferia de São Paulo para um dos locais mais famosos do planeta.
Com apenas 22 anos, ela aplica em suas letras e em seu comportamento os conceitos práticos da luta feminista, sem necessariamente precisar gritá-los aos quatro cantos, e é considerada a “nova voz do funk” por trazer músicas que elevam a autoestima das mulheres, assim como chocam por trazer a mesma linguagem cantada pelos MCs homens. O reflexo perfeito de uma quebra de tabus.
Funk fora dos “padrões”
Também vale o destaque para MC Carol, que tem se dedicado a lançar músicas com um teor mais crítico sobre questões da nossa sociedade, como “100% Feminista”, “Não Foi Cabral” e “Delação Premiada” — elas abordam temas como movimento feminista, história do Brasil e o sistema criminal no país.
Neste ano, a artista liberou o mini-doc “Amor Próprio É o Nosso Rolê”, gravado nos bastidores do mais clipe “Levanta Mina“, que fala sobre as diversas formas do feminino e do amor próprio. A faixa, inclusive, estará no mais novo disco de MC Carol, o “Borogodó“.
Com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2021, no álbum pretende abordar temas como a sexualidade do ponto de vista feminino, além da gordofobia e o machismo. “Levanta Mina“, por sua vez, fala sobre amor próprio, diversidade e respeito. Além de questionar os padrões estéticos impostos pela sociedade.
Frente Nacional de Mulheres no Funk
Embora a presença feminina seja grande nos palcos, fora dele as mulheres também fazem sua parte. Você conhece a Frente Nacional de Mulheres no Funk? A iniciativa tem como objetivo propor discussões de políticas públicas com atividades que permitam diálogos temáticos, como debates, cursos de formação e atuação direta no cenário.
A Diretora da organização, Renata Prado, é professora e dançarina de funk, educadora, e uma das organizadoras da Batekoo, festa criada para ser um ambiente seguro para pessoas LGBTQI+. Sua atuação dentro e fora dos palcos cria movimentação e questionamentos necessários para o empoderamento da mulher no funk.
HERvolution
O envolvimento das mulheres no funk será mais abordado no “HERvolution” desta terça-feira (29), às 23h30, na RedeTV! No quadro “Na Boca do Povo”, as artistas Tati Zaqui, Fanieh, MC Lynne e Tainá Grando falam sobre a força feminina em meio ao cenário a partir de suas experiências.
Cada uma contribui para o movimento de alguma forma. Zaqui começou no funk em 2015, enquanto Fanieh e Lynne são artistas da “nova geração”. Fanieh tem apenas 20 anos de idade e lançou sua primeira música “Meu Bem” em maio deste ano. Já MC Lynne veio do gospel para o funk em 2019.
Tainá Grando, por sua vez, é reconhecida no mercado da dança por dominar as produções coreográficas de videoclipes. No currículo, são mais de 100 clipes de diversos artistas, como: Vitão, Projota, Di Ferrero, Lucas Lucco, Léo Santana, Kevinho, Gusttavo Lima, Dennis DJ, MC Livinho, MC Kevin, entre outros.
O “HERvolution” é idealizado por KondZilla e promete alavancar e engajar a carreira de jovens mulheres do funk, do rap e do trap nas favelas. Apresentado com descontração e bom humor pela cantora e compositora Mila, o programa é delas, feito por elas e para todxs, como se fosse uma confraria de amigas que se reúnem para bater papo numa conversa íntima e divertida.
No programa a temática dos games também é discutida no quadro “Lugar de Mulher”. A ideia é falar com algumas meninas sobre o preconceito na área, apoio de familiares e como conseguiram o destaque na profissão.
No “Com Que Roupa Eu Vou” Mila conversa com a stylist e influencer Domenica Dias sobre street wear e no quadro o “Miga sua Loka” as meninas do Black Honey respondem perguntas dos telespectadores.
O “S.O.S Hervolution” conta também com a presença de Erika Hilton para discorrer sobre pautas trans no Senado e, por fim, a cantora Indira participa do “Estúdio Her”.