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Morrissey critica homenagens a Sinéad O’Conner: “não tiveram coragem de apoiá-la quando estava viva”

O ex-The Smiths chamou membros da indústria da música e alguns veículos de imprensa de hipócritas

Sinéad O'Conner e Morrissey

Soltou o verbo! Morrissey criticou elogios póstumos feitos a Sinéad O’Conner. Em nota publicada no seu site oficial, o artista questionou a comoção de membros da indústria da música e da imprensa. “Vocês a enaltecem agora SOMENTE porque é tarde demais. Vocês não tiveram coragem de apoiá-la quando ela estava viva e procurando por vocês”.

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Ainda no comunicado, Morrissey relembrou que ela foi “importunada só por ser ela mesma”. A cantora sempre expôs suas ideias e seguia um estilo próprio e autêntico. Veja a nota na íntegra traduzida no fim da matéria.

Além da carreira na música, a dona do hit “Nothing Compares 2 U” é sempre lembrada por suas críticas à Igreja Católica, ela rasgou a foto do Papa após cantar “War”, do Bob Marley, no SNL, como protesto às denúncias de abuso infantil, e por suas falas em favor do direito das mulheres e discursos anticapitalistas.

Sinéad O’Connor morreu na última quarta-feira, 26 de julho, aos 56 anos.

Nota de Morrissey:

“Ela tinha tanto ‘eu’ para dar. Ela foi demitida por sua gravadora depois de vender 7 milhões de álbuns para eles. Ela ficou louca, sim, mas desinteressante, nunca. Ela não tinha feito nada de errado. Ela tinha uma orgulhosa vulnerabilidade… e há um certo ódio na indústria da música por cantores que não ‘se encaixam’ (isso eu sei muito bem), e eles nunca são valorizados até a morte – quando, finalmente, eles não podem responder.

O cercadinho cruel da fama jorra elogios para Sinéad hoje… com os habituais rótulos imbecis de “ícone” e “lenda”. Vocês a elogiam agora APENAS porque é tarde demais. Vocês não tiveram coragem de apoiá-la quando ela estava viva e procurando por vocês.

A imprensa rotulará os artistas de pestes por causa do que eles escondem…e chamariam Sinéad de triste, gorda, chocante, louca… ah, mas não hoje! CEOs da música que colocaram seu sorriso mais charmoso ao recusá-la para sua lista estão fazendo fila para chamá-la de ‘ícone feminista’, e celebridades de 15 minutos e duendes do inferno e gravadoras de diversidade artificialmente despertada estão se espremendo no Twitter para tuítar seu jibber-jabber… quando foi VOCÊ quem convenceu Sinéad a desistir … porque ela se recusou a ser rotulada e foi degradada, pois os poucos que movem o mundo sempre são degradados.

Por que ALGUÉM está surpreso que Sinéad O’Connor esteja morta? Quem se importou o suficiente para salvar Judy Garland, Whitney Houston, Amy Winehouse, Marilyn Monroe, Billie Holiday?

Para onde você vai quando a morte pode ser o melhor resultado? Essa loucura musical valeu a vida de Sinéad? Não, não valeu. Ela era um desafio, não podia ser encaixotada e tinha coragem de falar quando todos os outros permaneciam em silêncio. Ela foi assediada simplesmente por ser ela mesma.

Seus olhos finalmente se fecharam em busca de uma alma que ela pudesse chamar de sua. Como sempre, os lamestreamers perdem o ponto de toque e, com as mandíbulas travadas, eles retornam ao “ícone” e à “lenda” insultuosamente estúpidos, quando na semana passada palavras muito mais cruéis e desdenhosas teriam feito.

Amanhã, os almofadinhas bajuladores voltam para suas postagens de merda online e sua acolhedora cultura do câncer e sua superioridade moral e seus obituários de vômito de papagaio… tudo isso vai te pegar na mentira em dias como hoje… quando Sinéad não precisa de sua poça estéril.”

Por Bruna Cora