O que de fato seria a “máquina do privilégio” que opera em prol de artistas brancos? Margareth Menezes falou sobre o assunto em uma nova entrevista, é o que diz a coluna de Ancelmo Góis nesta sexta-feira (24). A cantora baiana, que ficou em evidência há cerca de duas semanas por conta de um viral nas redes sociais protagonizado por Taís Araújo e Ivete Sangalo, deu seu parecer, fez críticas à indústria e saiu em defesa da colega de profissão.
Você deve lembrar deste vídeo, recorte de uma entrevista em formato live que Taís Araújo fez com Ivete, afinal ele foi republicado diversas vezes em todos os cantos da web. No trecho, que tinha menos de um minuto de duração, a atriz pergunta à cantora “Por que Margareth não é tão gigante quanto você?”. Na ocasião, Ivete respondeu que também não compreendia e que se fazia o mesmo questionamento.
Dias após o episódio, Margareth Menezes finalmente falou sobre o assunto. Em uma entrevista para o canal Papo de Música, da jornalista Fabiane Pereira, Maga foi enfática ao denunciar a indústria musical, o sistema e fez questão de sair em defesa de Ivete Sangalo:
“Existe um sistema. Isso não está no domínio da Ivete Sangalo em si, que é talentosíssima. O que se questiona é o próprio sistema que nos invisibiliza. É a máquina do privilégio. Por que um artista branco cantando faz sucesso e a mesma música cantada pelo bloco afro não faz?,” questionou.
Em publicação no Instagram, a cantora também falou sobre o assunto:
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O episódio completo do Papo de Música com a entrevista de Margareth Menezes sairá no YouTube na próxima terça-feira, dia 28 de julho.
Legado de Maga
Fato é que com ou sem privilégio na indústria, Margereth Menezes já escreveu seu nome na história da música brasileira, como uma das baluartes da música baiana. A artista de 57 anos, que começou a carreira nos anos 1980, soma mais de 15 álbuns lançados entre trabalhos de estúdio e registros ao vivo e segue até hoje respeitada mundo afora, uma vez que já foi apelidada pelo jornal americano Los Angeles Times como “a Aretha Franklin brasileira”.
Margareth, que sempre usou sua origem afro-brasileira e crença no candomblé como fonte de sua arte, é dona de grandes sucessos que embalam o carnaval soteropolitano. Desde “Alegria da Cidade” de 1988 e “Elegibô”, lançada em 1990, até “Dandalunda”, “Toté de Maianga” e “Saudação a Caboclo (Selei Meu Cavalo Selei)”. Ela também imortalizou outros hits baianos, como por exemplo o clássico “Faraó Divindade do Egito”, originalmente lançada pelo grupo Olodum.
Indicada ao Grammy Awards duas vezes, primeira em 1993 com o disco “Kindala” na categoria Melhor Álbum de World Music, e segunda em 2007 com o disco “Brasileira Ao Vivo: Uma Homenagem Ao Samba-Reggae” nas categorias Melhor Álbum de World Music e Melhor Álbum de Música Regional Brasileira, Margareth Menezes é potência e poder. Ela também foi indicada ao Grammy Latino em 2006, além de colecionar prêmios aqui no Brasil, como dois troféus Caymmi e troféus Dodô e Osmar (prestigiado prêmio do carnaval de Salvador).