Ariana Grande conquistou o tão desejado papel de Glinda no filme “Wicked” e sua escalação dividiu opiniões. Se a cantora é uma das maiores popstars globais, “Wicked” é uma espécie de seu equivalente para o teatro musical. O espetáculo está em cartaz na Broadway desde 2003 e já teve mais de 6,8 mil apresentações, que arrecadaram mais de US$ 1,3 bilhão em venda de ingressos.
Em seu primeiro ano, o musical ganhou três Tony Awards (o maior prêmio da Broadway): melhor cenário, melhor figurino e melhor atriz – para Idina Menzel, no papel de Elphaba. Kristin Chenoweth, que também atuava no espetáculo, com Glinda, concorria.
Leia mais:
- Fãs fazem petição para que James Corden não seja escalado em Wicked
- Tweet antigo mostra que Ariana Grande sempre quis fazer Wicked
- Wicked: Idina Menzel parabeniza Cynthia Erivo e Ariana Grande
- Fãs de Wicked rejeitam escalação de Ariana Grande
O sucesso de público e crítica levou o musical a fazer turnês paralelas pelos Estados Unidos e ganhar montagens no Reino Unido, na Alemanha, na Austrália, no Japão, na Finlândia, na Holanda, no México (com Danna Paola), na Coreia do Sul e no Brasil. A montagem brasileira, estrelada por Myra Ruiz e Fabi Bang, ficou em cartaz em São Paulo e foi multipremiada.
Mas por que tanto sucesso?
O sucesso de “Wicked” é explicado por alguns fatores. O musical é muito palatável: é formado por músicas pop, com uma história sobre amizade (de duas garotas completamente diferentes), e proporciona um mergulho no universo do icônico “O Mágico de Oz”.
“Wicked é muito fácil de digerir”, diz a fotógrafa Cíntia Carvalho, fã do espetáculo. Ela assistiu a “Wicked” sete vezes no Brasil e uma nos Estados Unidos. Cíntia considera “Wicked” como uma boa porta de entrada para quem não é apaixonado por musicais.
“Acho que ‘Wicked’ pode surpreender. As pessoas às vezes têm uma impressão de que musical é chato e ‘cabeçudo’. Quando se deparam com ‘Wicked’, elas percebem que pode ser um show pop divertido”, opina.
Parte da montagem brasileira, o ator Diego Montez destaca outro ponto que gera tanta paixão nos fãs: o musical trata da excluída, da pária social. No caso, Elphaba. Ela está tentando provar eu valor e se encaixar. “Não tem quem não se identifique com isso em algum grau”, diz o ator.
Qual a história de “Wicked”?
“Wicked” é um prelúdio de “O Mágico de Oz” (se não assistiu ao filme, assista!), baseado no livro “Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West”, publicado em 1995 por Gregory Maguire. “Wicked” se passa antes dos episódios retratados neste filme – antes, portanto, da passagem de Dorothy por Oz.
“Wicked” apresenta a “história não contada” da Bruxa Má do Oeste, a Elphaba. Por que ela ganhou essa alcunha de “bruxa má”? O musical traz essa resposta. Na história, Elphaba, de pele verde esmeralda, é inteligente, incompreendida, alvo de preconceito e mentiras, e dona de um poder extraordinário.
Em contraponto, há Galinda / Glinda, a Bruxa Boa do Leste, que é linda e muito popular. As duas se conhecem na juventude e, apesar da rivalidade inicial, viram grandes amigas… até que o mundo decide chamar uma de boa e outra de má.
Fiyero: o boy que as duas bruxinhas querem!
No meio de Glinda e Elphaba, há um garoto: o príncipe Fiyero. Ele encanta as meninas e logo começa a namorar Glinda, enquanto Elphaba descobre seus próprios sentimentos românticos por ele. O personagem tem uma função importante na história.
“Fiyero chega pra quebrar todos os paradigmas e preconceitos – principalmente os próprios. Um rapaz que sempre viveu superfluamente com o bom e o melhor e desconsiderava a possibilidade de se levar a sério, quanto mais o outro. Quando encontra Elphaba, ela promove uma transformação tão grande no seu ambiente de convívio que ele começa a perceber que ele mesmo é muito mais do que sempre pensou, e que tudo que foi estruturado em sua criação é na verdade uma gaiola e não a liberdade. Então, descobre o verdadeiro amor: o romântico além das aparências e – na minha opinião o mais importante – o amor próprio”, diz Diego Montez, um dos atores que interpretaram Fyero no Brasil.
Músicas que marcaram uma geração
O musical teatral é todo composto por Stephen Schwartz, o mesmo de espetáculos como “Godspell” e “Pippin”. São 11 músicas no primeiro ato e oito músicas no segundo ato. Alguns dos destaques do repertório são “The Wizard and I”, “Popular”, “Defying Gravity”, “No Good Deed” e “For Good”.
Glinda, a personagem de Ariana Grande, tem dois solos: “Popular” (que a cantora, inclusive, já gravou com MIKA) e “I’m Not That Girl (Reprise)”. Ela também canta em “Overture / No One Mourns the Wicked”, “Dear Old Shiz”, “What Is This Feeling?”, “Dancing Through Life”, “One Short Day”, “Defying Gravity” e “For Good”.
O álbum com a trilha sonora do musical teatral entrou na Billboard 200 e vendeu mais de 2,6 milhões de cópias nos Estados Unidos. Ele ganhou um Grammy de melhor álbum de espetáculo musical.
Impacto cultural
As canções influenciaram e foram regravadas por artistas de vários estilos. “Glee”, por exemplo, usou várias músicas do musical na série de TV. “Popular” chegou a ganhar uma sátira durante a última campanha eleitoral dos Estados Unidos, chamando Donald Trump de “Unpopular”.
Além das regravações das músicas do musical por outros artistas, “Wicked” apareceu em séries de TV como “Ugly Betty”; as músicas ganharam versões rock produzidas por Brian May (da banda Queen); e “Wicked” ainda foi referenciado em quadrinhos, como “Red Garden” e “Buffy the Vampire Slayer”.
O filme vai consagrar e eternizar na tela grande o sucesso que “Wicked” já tem nos palcos. As duas linguagens vão se retroalimentar: quem ama o musical teatral verá o filme e quem assistir ao filme possivelmente terá vontade de ver o espetáculo nos palcos também.