Não há dúvidas que Madonna é a artista pop feminina mais importante de todos os tempos. Foi a única que passou pela fase do vinil e chegou à era do streaming sem perder sua influência e relevância. Por isso, a rainha do pop virou tema de um curso online que começa nesta terça-feira (11). Entretanto, o objetivo é debater questões de gênero e sexualidade em sua obra, além de destacar sua importância para mulheres e a comunidade LGBTQIA+.
Orientado pelo filósofo e pesquisador Ali Prando, o projeto “Madonna Explícita” é inspirado pelo famoso “Madonna Studies”, curso oferecido por universidades ao redor do mundo nos anos 1990. Entretanto, o objetivo é mergulhar no extenso conglomerado estético de Madonna através de lentes fornecidas por Judith Butler, Gayle Rubin, Achille Mbembe e Michel Foucault. Por fim, busca retratar ideias do pós-feminismo, políticas de gênero e (des)identidade.
Na segunda metade dos anos 1980 – auge da epidemia do HIV – era impensável vermos artistas associando sua imagem à causa. Madonna tornou-se a primeira grande estrela do pop a financiar pesquisas pela cura da Aids. Também foi pioneira ao recrutar apenas dançarinos gays e deu protagonismo a todos em sua turnê Blond Ambition (1990). Toda a vivência com os bailarinos e suas vidas pessoais foi documentada no filme Na Cama com Madonna (1991).
“Por meio de discos, turnês e performances avassaladoras, Madonna emancipou mulheres, criou diálogos dentro dos feminismos e posicionou-se na linha de frente dos direitos LGBT quando o ‘pink money’ não era pauta”, afirma Prando.
Enquanto seus contemporâneos Michael Jackson, Prince, Whitney Houston e George Michael estão mortos, Madonna se aproxima dos 40 anos de carreira. Além disso, segue como referência para quaisquer cantoras pop que tenham surgido nas últimas três décadas.
Também podemos ver seus sinais na moda (ao descobrir estilistas no auge de sua criatividade) e tendências esportivas (yoga, parkour e slackline). Ainda vale ressaltar o modo como gerencia sua carreira e, sobretudo, a habilidade em criar colaborações com artistas das mais diversas áreas sem esquecer a sua própria assinatura.
“Não é exagero dizer que vivemos na era pós-Madonna. Pois ela misturou o profano e o sagrado, criou o que entendemos como videoclipe. Na música, como quando surfou na onda da new wave ou popularizou a música eletrônica nos anos 1990, e mais recentemente a PC Music. Madonna moldou nosso zeitgeist cultural junto dos maiores produtores, designers, estilistas e fotógrafos, muitas vezes antes mesmo deles acessarem os circuitos mainstream de produção”, diz Prando.
Entretanto, o curso atravessa a obra de Madonna em quatro encontros para debater suas referências, influências, interesses e posicionamentos políticos:
1 — O voyeurismo é pop (11/08)
2 — Procura-se Butler desesperadamente (13/08)
3 — O Complexo de Medusa (18/08)
4 — Na cama com Che Guevara (20/08)
O curso custa R$ 100 e pode ser parcelado e comprado pela plataforma Sympla clicando aqui.