É regra: Lulu Santos fala, a gente escuta. O artista, com 40 anos de estrada e muita história para contar, trouxe toda sua simpatia e lições de vida para sua participação no quadro “E Aí, POPline?” na última segunda (31/5). O objetivo era desafiá-lo com perguntas sobre sua própria carreira, mas, além do game, tivemos uma aula com o rei do pop brasileiro.
O artista marcou cinco pontos entre sete perguntas e está no top 3 no ranking do game. E, claro, quando reviramos o passado de Lulu Santos, não faltam histórias para contar. Ele admitiu que, por conta do seu longo tempo nos holofotes, já não tem problemas para falar de si mesmo, sendo um livro aberto. Por isso, toca em questões pessoais com muita naturalidade, como sua homossexualidade, por exemplo.
Lulu Santos é fruto da década de 60, tinha apenas 11 anos quando a ditadura militar começou no Brasil. “O ambiente era muito desfavorável, meu pai militar, colégio de padre, tudo o que deixava você muito solitário com você mesmo, com suas aspirações e desejos“, confessou. Sobre sua opção sexual, ele contou: “por muito tempo eu introjetei a ideia de que eu não poderia ser daquele jeito, eu deveria ser concertado“. Acrescentou, ainda: “sentir pena de você mesmo é a pior coisa que pode acontecer, as vezes isso potencializa o sofrimento“.
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O apresentador, Luan Poffo, se referindo a música “Tempos Modernos“, perguntou a Lulu o que ele acha dos tempos de hoje, e ele respondeu:
Acho que a gente está andando para o lado. Quando eu fiz ‘Tempos Modernos’, o país tinha acabado de passar por uma longa e tenebrosa ditadura militar e havia um ar de esperança e de retomada. Acho que se você não mantém o horizonte da esperança, aí você entra no desespero. E uma pessoa desesperada não resiste bem, se entrega, não luta.
Ele comentou sobre a famosa frase de Paulo Gustavo, “Rir é um ato de resistência”, e adicionou à ideia:
“É necessário dizer ‘você não tira a minha alegria, nem meu direito, nem meu desejo de viver e existir nos meus próprios termos. Eu não pedi para nascer, eu não nasci para perder e nem vou sobrar de vítima das circunstâncias’
E foi com este discurso positivo que surgiu sua última música, “Hit”. O artista já havia comentado em entrevista ao programa da POPline na FM O Dia sobre como surgiu a música, e apenas acrescentou, citando a letra do single: “Eu tive sorte na vida, isso eu não posso negar. Não quer dizer que foi fácil, é necessário remar as vezes contra a corrente, as vezes é só boiar e deslizar numa onda até arrebentar na parada“.
Lulu acredita que o projeto, que teve a produção mais rápida de sua vida, veio como uma resposta divina a tudo o que está acontecendo no mundo. “Cristalizou muito rápido, como se eu mesmo precisasse daquele açúcar no meu sangue“, concluiu.
Assista ao clipe de ‘Hit’
Em meio ao papo, o cantor admitiu sentir falta de tocar ao vivo, e, com esta deixa, reforçou a importância da vacina para que tudo se normalize logo. “A gente precisa voltar a trabalhar e vocês a ver show!“, brincou.
Luan também perguntou sua opinião sobre o rumo que a música está tomando com a internet, TikTok e afins, e ele respondeu que entende como algo natural: “eu compreendo que o pop é a face artística da sociedade. Se move, vai pra frente, anda como a sociedade. E é basicamente uma linguagem jovem, de jovens para jovens. Compreendo isso perfeitamente bem”
Antes de encerrar a live, Lulu Santos comentou sobre seus próximos projetos. Sua próxima música, “Inocentes“, é em parceria com a banda Melim, na qual ele se referiu como “leite condensado gelado, algo que faz bem para a alma“. Também anunciou que em breve fará uma live acústica.