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Livro sobre Jorge Ben é indicado ao Prêmio Jabuti

“África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver”, de Kamille Viola, está entre os 10 finalistas na categoria “Artes”

Foto: Daniela Dacorso/Divulgação

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) acaba de anunciar os 10 finalistas de cada uma das 20 categorias do Prêmio Jabuti 2021. Entre os indicados está o livro “África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver”, de Kamille Viola, publicado pela Edições Sesc SP.

O livro da jornalista e pesquisadora musical carioca, está na lista de finalistas no eixo “Não Ficção”, na categoria “Artes”. Além dele, na mesma categoria, com temática musical, está “O ensino da música no Método Montessori”, de José Nunes Fernandes. 

Em entrevista ao POPline.Biz é Mundo da Música, Kamille revelou que fazer o livro foi um desafio, porque o Jorge Ben é uma figura muito reservada, são cada vez mais raras as entrevistas dele, e ao longo da vida ele despistou a imprensa o máximo que pôde. “Além disso, terminei o trabalho durante a pandemia, com tudo fechado, então foi bem complicado”, conta.

“Mas também foi bastante prazeroso, esse livro é a realização de um sonho, porque acompanho e pesquiso a carreira dele há muitos anos e já fazia tempo que queria escrever sobre ele. Consegui entrevistar artistas que tocaram com ele, como Dadi e Gustavo Schroeter, da banda do disco ‘África Brasil’, e Neném, que acompanha o Jorge até hoje, além de grandes nomes que foram influenciados por ele, como Mano Brown, Marcelo D2 e Jorge du Peixe, entre outros”, revela a autora.

E completa: “Nesse livro tem muito trabalho e amor, muito respeito pelo artista Jorge Ben. Aliás, escrevemos Jorge Ben porque o livro vai até 1976, quando foi lançado o álbum “África Brasil”, e nessa época ele ainda não havia mudado de nome artístico”.

Foto: Daniela Dacorso/Divulgação

Para ela, ser finalista do Jabuti é um reconhecimento. “É meu primeiro livro publicado. Um livro de música feito por uma mulher. Para mim, essa indicação é um reconhecimento ao trabalho de todas as mulheres que insistem em escrever sobre música neste país, apesar de todos os obstáculos que nós enfrentamos”, finaliza.

A jornalista também está indicada na categoria “Jornalista Musical”, no WME Awards 2021, ao lado de nomes como Pérola Mathias, Isabela Yu, Chris Fuscaldo e Fabiane Pereira.

Conheça a lista com os livros, em ordem alfabética dos títulos, aqui. A próxima etapa do Prêmio será revelada no dia 16 de novembro, às 12h, quando sai a lista com os cinco finalistas. Já os vencedores das 20 categorias e o ganhador do Livro do Ano serão revelados durante a cerimônia de premiação online. O evento acontecerá no dia 25 de novembro, às 19h, e será transmitido no canal do YouTube da CBL.

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Sobre o livro

No livro “África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver”, a jornalista destila o que ficou oculto ou nas entrelinhas dessa obra do alquimista e de seus caminhos e experimentações até chegar a esse elemento final do seu 14º LP de estúdio, “África Brasil”.

Na jornada para contar a história do último disco da chamada “trilogia mística” do artista – de que fazem parte “A tábua de esmeralda” (1974) e “Solta o pavão” (1975) –, Viola conseguiu a façanha de entrevistar Jorge, que ao longo dos anos vem se tornando cada vez mais inacessível para a imprensa.

A pesquisadora, que vem se debruçando sobre a obra de Jorge Ben há mais de uma década, traça um histórico da vida do artista até chegar no mítico álbum de 1976, em que o artista fez uma mudança radical em sua sonoridade.

No livro, ela desvenda algumas passagens misteriosas da história do artista – que sempre buscou proteger sua vida pessoal –, como sua verdadeira idade, e resgata episódios marcantes de sua trajetória que caíram no esquecimento, entre elas a tentativa do produtor de Bob Marley de lançá-lo internacionalmente, como uma espécie de “versão brasileira” do ídolo jamaicano, e a batalha musical que travou com o humorista Juca Chaves durante a ditadura militar.