Liniker foi a convidada do podcast PodPah desta terça-feira (28). A cantora conversou com os apresentadores Mitico e Igão sobre a sua trajetória — desde a sua infância no interior até a produção e o sucesso do recente disco “Índigo, Borboleta, Anil“, o primeiro álbum da artista sem a banda Os Caramelows.
LEIA MAIS:
- Linn da Quebrada comanda o “TVZ” Especial Orgulho com participações de Liniker, Hiran e Jota A
- Liniker, Linn da Quebrada e Silva participam da #ParadaAoVivo 2022
- Baco Exu do Blues, Liniker e FBC estão entre as atrações do Festival Sensacional, em BH
- Liniker estrela novo teaser de “Fé”, próximo single de IZA
Durante o bate-papo, a voz de “Baby 95” disse que apenas na pandemia teve a chance de fazer um balanço dos primeiros anos que viveu fora de Araraquara, no interior de São Paulo. “De fato, eu fiz essa análise comigo mesma. É doido quando você começa a reconhecer umas coisas que você passou e você pensa ‘não acredito que eu passei por isso’“, contou Liniker.
Sem romantizar o período de isolamento social, a cantora afirmou que foram nesses meses em que ela se reconectou com a sua arte. “Achei que eu fosse ficar sem cantar. Ali eu achei que tivesse vivido seis anos ótimos e acabou”, revelou. Para Liniker, a pandemia foi o momento em que sua relação com a banda Os Caramelows chegou ao fim.
“Eu já sabia, já tinha comunicado e estava em processo [de sair da banda], mas a pandemia foi o divisor de águas. De fato, acabou”.
A artista afirmou que a decisão de deixar a banda foi a mais difícil que já teve depois de sair de Araraquara. “Ao mesmo tempo em que era difícil, eu sabia que era necessário. Ali, naquele momento, foi a primeira vez que eu reconheci que estava me colocando em primeiro lugar“, contou.
“Independente do sucesso que tinha sido o disco anterior, eu não estava bem para continuar me dividindo (…) Eu não estava feliz, sentia que não estava mais no meu propósito”, revelou a cantora. “O meu propósito era estar conectada com o meu som, fazer o meu groove”, continuou a artista, antes de pontuar que viveu momentos ótimos e tristes ao lado do seu antigo grupo.
“Eu estava negligenciada de alguns silêncios e desejos. E eu precisava parar e entender para onde era que minha seta estava me mandando, para onde eu queria ir”.
Mas e a Liniker?
Liniker relembra que durante a pandemia “voltou para dentro” de si e voltou a compor músicas. “Mergulhei para dentro de mim”, disse a artista. O “mergulho” resultou em seu disco mais recente, chamado “Índigo, Borboleta, Anil”, projeto que ela define como um “processo de cura“.
Falando sobre o lado ruim da fama e da vida na estrada, a cantora disse que não se permitia reclamar das coisas. “É uma tristeza que bate as vezes, que você não se sente no direito de estar triste. Só que talvez essa tristeza não é de algo que você viveu agora, é uma tristeza que está intrínseca, que está ali dentro presa, que você está precisando…chorar. É isso, [precisava] chorar esses seis anos“, refletiu.
LEIA MAIS:
- Liniker fala sobre vida com Lina: “escassez e falta de tantas coisas”
- Majur e Liniker celebram o amor próprio no clipe de “Rainha de Copas”
- Liniker lança disco solo e reflete sobre política, corpos e estigmatização
“Eu precisava compor para mim e precisava não romantizar tanto escrever para outras pessoas”, pontuou Liniker sobre voltar a compor. “Eu sou conhecida como uma cantora romântica, que canta para os afetos. Nos meus shows as pessoas se pedem em casamento, as pessoas se beijam na boca. Ao mesmo tempo, — uma confissão agora — acho que ver aquilo do palco e ser lindo, mas ao mesmo tempo entender que muitas vezes eu não vivo aquilo na minha vida começou a me dar um lugar de… ‘você precisa cantar pra você’, ‘onde é que está o seu amor próprio?‘”
“Você está cantando para amores platônicos, amores que você viveu um ou dois meses depois que você passou por experiências, mas e a Liniker?”
Questionada se já se sentiu dessa forma durante um show, ela admitiu que sim. “Isso é o poder de estar viva. Eu não estou ali mecanicamente, só reproduzindo uma música“.
“Tudo isso e mais um montão de coisa começou a me ajudar a me humanizar dentro do processo”
Veja a entrevista: