O mundo do funk sofreu um duro golpe nesta quinta-feira (29/10) com a notícia de que MC Maneirinho e MC Cabelinho receberam intimações por suposta apologia ao crime. Várias personalidades da música se manifestaram a favor dos artistas, incluindo o DJ e produtor Jonathan Costa, que revelou ao POPline quase ter ido parar num orfanato. “Meus pais foram perseguidos por causa do funk”, conta JonJon.
Para quem não sabe, JonJon é filho de Rômulo Costa, dono da Furacão 2000, e da vereadora Verônica Costa, a Mãe Loira. Ele gravou uma sequência de vídeos no Instagram Stories onde lamenta tais perseguições aos artistas de funk:
“Essa é uma quinta-feira muito triste para o movimento funk. Mais uma vez sofrendo perseguição e preconceito de pessoas que não entendem nossas origens, nossa cultura. E justamente por não entenderem, tem medo do nosso crescimento, do nosso progresso. E diante disso ficam fazendo de tudo para tentar nos atrasar. Mas não conseguirão.
Há 20 anos eu passei por toda essa perseguição com a minha família. Hoje, graças a Deus, meu pai é inocente e minha mãe é uma das vereadoras mais atuantes da cidade do Rio de Janeiro e eu tenho o Jon Jon Baile. Seguimos vivendo de funk. Transformamos nossa vida e transformamos a vida de várias outras pessoas que passaram por nossas empresas.
Olha o retrocesso que a gente está vivendo? É muito triste. Mas sinto informar. Não vamos parar. Vamos continuar crescendo. Você vai continuar vendo favelado vencer, mudar sua realidade, mudar a realidade dos que estão ao seu redor. Vai continuar vendo funkeiro no Top 10 do Brasil. Vai ver muito funk sendo exportado e artistas internacionais cantando e batendo continência pra esse movimento que não para de crescer”, falou Jon Jon.
O produtor alerta sobre a dura realidade de quem vive nas comunidades, desde a falta dos serviços básicos à proteção do Estado.
“O que tá faltando para as pessoas entenderem que muitas vezes o artista está retratando uma realidade, por mais chocante que seja? Aquilo existe. Você tem que entender o porque aquilo está sendo vivido e como a gente consegue transformar aquilo em algo melhor. Não é chegar e punir os artistas que estão se expressando e dando voz a outras pessoas oprimidas que não tem onde falar. Querer arrancar a voz deles. Querer arrancar a voz da favela.
Muitas vezes o funk que as pessoas chamam de “proibidão”, de apologia, é um pedido de socorro. Na maioria das favelas do Brasil não existe a atuação do Estado. O Estado não está presente. É o poder paralelo que ali manda. Então a pessoa que nasceu ali, vive ali, tem amigos ali, a família é dali, ela começa a retratar e fazer letras sobre o que está acontecendo ali”, comenta.
Por fim, JonJon alertou para o período de eleições que o país está vivendo e pede para que as pessoas estejam atentas aos seus representantes.
“Mais uma vez. Estamos em época de eleições. Saibam muito bem em quem vocês vão votar. Por que essa pessoa irá te representar por mais 4 anos. Estudem seus candidatos. Tenham certeza sobre o que eles estão falando, se é fake news ou se estão apenas surfando numa onda. Prestem atenção!”