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Resenha: Jão mostra o seu melhor lado como artista no registro ao vivo da turnê Anti-Herói


Jão fará exibição única de um dos seus shows da turnê “Anti-Herói” nesta quarta-feira (15/07), a partir das 20h, e o POPline já assitiu e garante que você não pode perder! A apresentação desse registro audiovisual, que foi feito na noite de 02 de novembro de 2019, véspera do aniversário do cantor, é um pedido antigo dos fãs e é também uma oportunidade de matar as saudades e curtir uma produção linda, em casa, em tempos de quarentena.

 

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TURNÊ ANTI-HERÓI . AO VIVO NO YOUTUBE . 15/7 ÀS 20H (QUARTA-FEIRA) . EXIBIÇÃO ÚNICA

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Mais Forte Ao Vivo

Jão é um artista de shows. É lá que ele mostra o seu melhor e que sua força fica mais evidente. Ele não precisa estar no topo das paradas de sucesso para lotar sozinho uma casa tradicional, a exemplo do Tom Brasil, onde foi filmado o show, que tem capacidade para 4.000 pessoas. O engajamento de seus fãs também impressiona. Pelo que parece, não tem ninguém lá com outro intuito a não ser assistir ao show e cantar todas as músicas com a garganta e coração. Tudo isso está muito claro no material que será exibido nesta quarta.

As músicas de Jão são intimistas e o show tinha tudo para seguir essa mesma linha, entretanto ele consegue transformar essa característica e fazer de suas apresentações ao vivo algo grandioso. Os motivos são vários, mas a troca de energia entre ele e a plateia é sem dúvida o que mais engrandece sua performance.

Palco do show do Jão
Foto: Divulgação

O cenário da turnê “Anti-Herói” é outro elemento marcante no registro audiovisual. Ele é composto de tecidos brancos e uma grande “cabeça” com uma auréola brilhante. A cor branca dar um ar celestial ao palco, além de ser bastante neutra e beneficiar o jogo de luzes que dá tom ao ambiente a cada música; prevalecem aqui luzes em cor preto, azul e vermelho por conta de identidade visual da “era”.

No centro, como que cortando o palco ao meio, há também um telão de LED vertical, que serve como um plano de fundo do próprio Jão, uma espécie de universo paralelo. Ao vivo, o telão serviu muito bem para contar a história do show e ele foi captado em vídeo com a mesma beleza que tinha na estrada. Vale destacar as imagens do cantor diante do telão, onde aprece apenas sua silhueta para o público. Lindo!

A captação de imagem e som é realmente sem defeitos. Há câmeras que conseguem capturar as expressões do cantor em close, além de outras com o plano geral do palco. A plateia também ganhou um super destaque, com direto a takes em primeiro plano de fãs emocionados! A edição é bem pura e quase não há elementos perceptíveis de pós-produção, o que é bem positivo, já que quem assiste consegue ter uma experiência bem real do que realmente aconteceu.

Vocais e setlist

Você já viu aquele tipo de cantor que arrasa em estúdio, mas ao vivo não é a mesma coisa? Bem, esse não é o caso do Jão, já que ele deixa suas músicas até melhores no show. Sua voz parece estar ainda mais densa do que nos álbuns, colocada mais “para fora” (o que não significa que as gravações sejam ruins – são ótimas). Nesse registro audiovisual, especificamente, os vocais estão 100%.

Jão ao vivo
Foto: Divulgação

As músicas ganharam versões bem fiéis às de estúdio, com poucas adaptações. Algumas vezes, ele chega a alongar notas, deixando-as mais altas e mais impactantes, o que não implica na identidade das faixas. Na verdade, elas ficam ainda mais apropriadas para a energia de um show ao vivo.

Com poucos anos de carreira e dois álbuns, é raro um cantor nesta fase fazer um show inteiro com repertório próprio. Não há covers para compor a setlist. Todas as músicas são autorais e o mais legal é que o público acompanha todas elas, ao ponto de ser difícil definir alguma faixa que tenha maior ou menor receptividade. Jão canta todas as faixas do “Anti-Herói” nesse registro, exceto “Hotel San Diego”. A faixa foi apresentada na turnê, mas foi cortada do audiovisual sem um motivo específico, como informa a assessoria.

Assista trecho exclusivo

Performance

O álbum “Anti-Herói” é muito íntimo, dolorido, obscuro, fala do fim de um relacionamento. Isso teria tudo pra não funcionar ao vivo, mas funciona muito bem. Primeiro de tudo porque os fãs se identificam com a narrativa. Segundo, porque as interpretações são geniais.

Jão coloca todas as suas emoções ao vivo e tem um ótimo domínio de palco. Não há dançarinos, nem efeitos especiais e eles não fazem falta. O cantor faz o serviço sozinho com o palco, o microfone, boas músicas e a plateia. Ok, é injusto falar que ele estava sozinho. Sua banda é maravilhosa, com destaque para a backing vocal Francine Moh, que tem voz potente e ganha mais espaço, principalmente, na última música.

Show do Jão é emocionante
Foto: Divulgação

Além das faixas do “Anti-Herói”, Jão canta também algumas músicas do seu projeto anterior, “Lobos”. Se for para fazer uma crítica, a guardaria para a versão mais lenta, no teclado, do hit “Imaturo”. A versão original tem mais energia e, nesse caso, parece que a plateia se sobrepôs ao que estava acontecendo no palco. No entanto, dá pra entender a escolha de Jão pela nova roupagem, já que esta é uma música mais antiga. Super válido.

A emoção rola do início ao fim, mas pessoalmente destacaria como mais emocionante a performance de “:( (Nota de voz 8)”. Ele deixa claro que essa é uma música muito íntima e que não tinha a intenção de inclui-la no show, mas cantou. É a única vez que ele não segura a emoção e chora um pouco. Em entrevista mais antiga ao POPline, ele disse que não gosta quando isso acontece:

No show eu hesito muito em chorar. Eu gosto de estar no palco para as pessoas me usarem para se sentirem bem. Eu não gosto de me sentir tão vulnerável no palco. Nos primeiros shows as emoções são muitos fortes e a gente não consegue segurar“, explicou.

A gente pode te contar uma coisa, Jão? Você pode até não gostar, mas seu público adora! Passa verdade e emoção, é lindo! 

Outra música muito emocionante neste registro da turnê é “Enquanto Me Beija”, primeiro single do “Anti-Herói”. Esse é um dos momentos mais “arrepiáveis” do show.

Evolução

Um momento curioso é quando Jão se despede após cantar “Vou Morrer Sozinho”. A plateia, então, começa a gritar, em coro, “vai se f***r”. “Gente? Estão xingando o Jão? Como assim?” Os desavisados podem se assustar, mas eles estavam só pedindo a música “VSF”, uma das preferidas dos fãs! É uma ótima faixa para o encore, finalizando o show, que tem pouco mais de uma hora de duração, com chave de ouro e com gostinho de “quero mais”. Esse não é um show que enjoa e daria até pra ter mais dua horas, sem problemas.

É impressionante ver que, comparando com a turnê “Lobos”, Jão cresceu muito como artista. Hoje, assistimos a um cantor mais seguro, mais verdadeiro, mais completo. É uma pena que seus shows em festivais como o Lollapalooza foram impedidos de acontecer, por conta da pandemia do coronavírus. Jão teria tudo pra ser um dos grandes destaques, além do show servir como um “plus” na carreira.

>> Entrevista: Jão estreia turnê “Anti-Herói”, quebra o silêncio e dá a primeira entrevista de sua nova fase com exclusividade ao POPline

SETLIST

1. Triste pra sempre
2. Essa eu fiz pro nosso amor
3. Lindo demais
4. Me beija com raiva
5. A última noite
6. Você vai me destruir
7. Ainda te amo
8. Louquinho
9. Barcelona
10. A rua
11. Enquanto me beija
12. 🙁 (Nota de voz 8)
13. Imaturo
14. Fim de festa
15. Vou morrer sozinho
16. VSF

Legenda
Azul – Álbum “Anti-Herói”
Vermelho – Álbum “Lobos”
Rosa – Extras