Nesta sexta-feira (08), o cantor, compositor e ex-Ministro da Cultura, Gilberto Gil, tomou posse como membro “imortal” da Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia foi exibida pelo YouTube e contou com os familiares do artista que 79 anos, que fez um discurso emocionante ao aceitar seu lugar na cadeira 20 da Academia.
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A votação que definiu a vaga do cantor ocorreu em novembro do ano passado. Eleito com 21 votos, Gil concorreu à eleição com o poeta Salgado Maranhão e o escritor Ricardo Daunt. O artista passou a ocupar a Cadeira 20 da Academia, que antes era do acadêmico Murilo Melo Filho, que foi advogado, escritor e um dos grandes jornalistas brasileiros da segunda metade do século XX.
Durante seu discurso, Gilberto Gil agradeceu o prêmio e comentou o fato de ser o primeiro representante da música popular brasileira a tomar posse na ABL. “Entre tantas honrarias que a vida generosamente me proporcionou essa tem para mim uma dimensão especial, não só porque aqui é a casa de Machado de Assis, um escritor universal, afrodescendente como eu“, iniciou.
“A ABL, fundada em 20 de julho de 1897, representa mesmo para quem a critica a instância maior que legitima e consagra de forma perene a atividade de um escritor ou criador cultura em nosso país“, afirmou.
O artista também falou sobre a situação vivida no país atualmente. “Poucas vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora. Há uma guerra em prol da desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais da Internet, e a questão merece a atenção dos nossos educadores e homens públicos”, disse.
Agora, com a posse de Gilberto Gil, a ABL possui dois negros ocupando suas cadeiras. O outro imortal é o escritor e professor Domício Proença Filho, que foi presidente da academia entre 2016 e 2017.
“A ABL tem muito a contribuir nesse debate civilizatório. E eu gostaria, aqui, efetivamente, de colaborar para o debate, em prol da cultura e da justiça”, finalizou Gil.