Baco Exu do Blues! O nome, que é uma mistura de deus grego, orixá africano e ritmo musical diz respeito a Diogo Alvaro Ferreira Moncorvo, de 22 anos, natural de Salvador, Bahia, apontado como uma das maiores revelações na música do Brasil em 2018! Rompendo com a hegemonia do hip-hop nacional centrado em intérpretes do Sudeste do país, o baiano despontou em 2016 quando lançou o single “Sulicídio” em parceria com o rapper pernambucano Diomedes Chinaski. Em alguns trechos da canção, eles avisam: “Nordeste no topo, do topo, do topo. Fazendo dinheiro e viajando o Brasil!”.
E assim, foi feito! Em “Bluesman”, novo CD de Baco Exu do Blues, para além de colocar o Nordeste no topo, a cultura negra é a grande estrela das suas composições. Ela é exaltada, empoderada e celebrada. Em sua música, Baco, como um Deus poderoso, exalta o seu olimpo negro, faz críticas e referências às diversas figuras do mundo POP como nas canções “Me Desculpa Jay-Z” e “Kanye West da Bahia”, que chamou até a atenção de Beyoncé! O cantor não poupa os deboches sobre à sociedade hipócrita emoldurado por um som que é mistura de rap e trap com pitadas de R&B, soul, samba e música latina.
O que mais chama atenção na música do baiano é a intensidade como o artista consegue transpor para o seu trabalho a revolta diante da condição dos negros na sociedade e também das suas reflexões sobre a loucura que é viver nos presenteando com rimas sem papas na língua como no trecho “Jesus, eu espanquei Jesus / Quando vi ele chorando, gritando, falando que queria ser branco, alisar o cabelo e botar uma lente pra ficar igual a imagem que vocês criaram”. Tal como um Exú, que é considerado o orixá da comunicação, da paciência, da ordem e da disciplina, o cantor emoldura toda a sua revolta em forma de música como modo de romper com quaisquer rótulos que o cerque.
Em entrevista ao jornal “A Tarde”, Baco falou quais as suas primeiras inspirações para compor e que “deu um tiro no escuro” para começar a carreira: “Os primeiros raps aconteceram com Eminem e Gabriel, o Pensador, em álbuns emprestados por um primo, também me amarrava em Zeca Baleiro. Era meu rapper favorito. Quero provar que rap é música popular brasileira. Rap é escrita, literatura. É, na sua língua de origem, rhythm and poetry, ritmo e poesia”.
Porém, para se consagrar como músico, Baco Exu do Blues explica que parou de estudar aos 17 anos e optou por
um modo alternativo de apreender o conhecimento: “Não aconselho ninguém a dar esse tiro no escuro, mas nunca aprendi tanto como nos últimos anos. Sempre tive uma certeza muito forte de que eu só ia funcionar se fosse dentro do rap. Coloquei essa coisa na cabeça, li o máximo que consegui, vi o máximo de filmes e trabalhos de fotógrafos. Consumi o que podia para a minha escrita”.