Hollywood sempre gostou de Harry Styles e apostou que poderia transformá-lo no galã que arrastaria milhões de garotinhas aos cinemas. Um James Dean de sua geração. Ou Tom Cruise/Brad Pitt/Leonardo DiCaprio/Zac Efron/Robert Pattinson – depende de sua referência. O cantor agora tem dois filmes para estrear, mas não vai ser como a indústria previa ou queria.
Harry Styles escapa a figura do galã tradicional. Ele declinou a oferta da Disney para ser o príncipe de “A Pequena Sereia”, um convite coerente para um ex-membro de boyband. Em vez disso, Harry é coadjuvante no thriller psicológico “Don’t Worry Darling” e protagonista no drama gay “My Policeman”. Os dois filmes estão em pós-produção.
Escada para Florence Pugh
“Don’t Worry Darling” é um thriller de época centrado no papel de uma dona de casa (Florence Pugh) em uma comunidade utópica. Harry é o marido. “Fato pouco conhecido: a maioria dos homens não quer interpretar papéis coadjuvantes em filmes liderados por mulheres”, denuncia Olivia Wilde, diretora do filme e nova namorada de Harry. Antes dele, Shia LaBeouf desistiu do papel.
“A indústria fez homens acreditarem que isso diminui seu poder (ou seja, valor financeiro), e esse é um dos motivos pelos quais é tão difícil conseguir financiamento para filmes com foco em histórias femininas. Entra: Harry Styles, nosso Jack. Ele não apenas apreciou a oportunidade de permitir que a brilhante Florence Pugh ocupasse o centro do palco como nossa Alice, mas ele infundiu cada cena com um senso de humanidade diferenciado”, elogia.
Holofote para romance gay
Em 2014, o então bambambam de Hollywood Harvey Weinstein tentou sem sucesso colocar Harry para fazer par romântico com Cara Delevingne em um filme. O papel acabou ficando com outro ator. “A primeira cena que ele gravou foi um beijo na Cara Delevingne, então tenho certeza que Harry não vai dizer não na próxima vez que eu lhe oferecer um papel”, declarou o produtor na ocasião, sem fazer questão de esconder o machismo.
Harry Styles não apenas nunca aceitou um convite de Harvey, condenado por abuso sexual, quanto será visto no cinema beijando o ator David Dawson. No filme “My Policeman”, ele interpreta Tom, um policial da Inglaterra dos anos 1950, impedido pelas circunstâncias de assumir seu amor por Patrick. Ele se casa com uma mulher para manter as aparências, mas mantém Patrick como amante.
A fã Karolina Taveira, administradora do Harry Styles Brasil, acredita que o apoio do cantor à comunidade LGBTQIAP+ deve ter pesado na escolha de Harry por esse papel. O cantor tinha inúmeras outras propostas na mesa. Bradley Cooper e Leonardo DiCaprio tentaram atraí-lo para dezenas de scripts antes. “São escolhas que não nos surpreendem tanto por ser ele, mas que vai surpreender também por ser ele”, a admiradora diz ao POPline.
Vitórias na música, no cinema e agora rumo ao cinema
Não se pode esquecer que a primeira empreitada de Harry Styles no cinema ocorreu com “Dunkirk” (2017), sem qualquer destaque. Ele foi mais um soldado no filme de guerra. O diretor Christopher Nolan buscava “caras novas, pessoas desconhecidas”. Harry fez teste e ganhou o papel. “Não sabia que ele era tão conhecido”, declarou o cineasta depois.
As escolhas artísticas de Harry Styles indicam – além do desinteresse por ser um galã para adolescentes, o que ele já foi no One Direction – que ele busca realização artística e credibilidade. Na moda, ele já conseguiu ser anfitrião do MET Gala e o primeiro homem a estampar sozinho uma capa da Vogue (usando vestido). Na música, já foi nº1 nas paradas, rodou o mundo em turnê mundial e recebeu um Grammy. Agora veremos no cinema.