O Rock in Rio recebeu 1.255 artistas, 300 shows e 507 horas de experiência do momento de abertura dos portões da Cidade do Rock, no dia 2 de setembro, até o último dia de festival (11). Nesta edição, o público pode se reencontrar com seus ídolos nos Palcos Mundo, Sunset, Espaço Favela, New Dance Order, Rock Street, Rock District e Supernova. Além disso, pode participar das arenas, como GamePlay, NAVE e, ao mais novo espetáculo original do festival, o Uirapuru.
Em entrevista para o POPline.Biz é Mundo da Música, o Diretor Artístico Zé Ricardo, curador dos Palco Sunset, Espaço Favela e um dos idealizadores do espetáculo Uirapuru, falou sobre o processo de criação dos espaços.
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Segundo Zé Ricardo, a narrativa por trás do Palco Sunset é de propor uma liberdade de pensamento e uma ampliação de olhar.
“Os artistas conseguiram entender que eles não estavam dentro de um palco e de um festival, eles estavam dentro de uma história. Dentro de um propósito de fazer com que as pessoas pensem sobre os preconceitos, medos, mudanças do mundo, questões humanitárias, importância de acompanhar a evolução dos tempos, de aceitar que o mundo muda, vai mudar sempre e já mudou. O lema do Rock in Rio é um mundo melhor e a gente realmente vai ter um mundo melhor quando as pessoas puderem ser quem elas são. Sem cobrança e sem julgamentos.”
Ainda de acordo com Zé Ricardo, os espetáculos feitos em todos os dias de Rock in Rio serão comentados por gerações.
“Estou muito orgulhoso, porque falar da qualidade desses artistas que passaram pelo Palco Sunset, Racionais, Criolo, Xamã, Luísa Sonza… Eles são brilhantes e preparam shows exclusivos, alguns eu tive a honra de dirigir. Hoje, eles estão dentro de um contexto histórico, é difícil a gente perceber porque estamos dentro da história. Mas esse Rock in Rio vai ser comentado por gerações pelas provocações que nós fizemos em todos os nossos palcos”.
Além do Palco Sunset, o Diretor Artístico também assina a curadoria do Espaço Favela, que trouxe artistas como Ferrugem, Lexa e Orochi.
“O Espaço Favela traz a ideia da riqueza e potência cultural que existe nas favelas, o que não glamouriza a favela nem tira os problemas que ela tem. Fala de um lado completamente escondido, colocado para trás, que é o talento. O Espaço Favela no Rock in Rio traz esse tipo de provocação para as pessoas, para que elas se mexam, o poder público, os empresários, a sociedade se mexam e possam trazer alguma coisa de melhor ao invés de ficar reclamando que tem algum tipo de violência. O que a gente faz para mudar isso na raiz? Todos nós somos responsáveis. Então, o Espaço Favela propõe esse diálogo que é muito bacana.”
O Uirapuru foi idealizado por Zé Ricardo e Roberto Medina. A experiência, que falava sobre amor, magia, sonhos e mundo melhor, é inspirada no mito da criação Tupi-Guarani.
“O Uirapuru é uma história inspirada no mito da criação Tupi-Guarani, que conta a história de um homem workaholic, que ao se desconectar, ouve o canto de Uirapuru e se apaixona por ele. Uirapuru o leva para uma viagem nos quatro pontos cardeais da Terra. Mas, na verdade, a viagem é uma jornada para dentro dele mesmo. Então, é um espetáculo com características de Disney, Broadway, voos, clima do Cirque du Soleil, 30 bailarinos, orquestra tocando ao vivo. A trilha sonora vai de Edith Piaf a Sepultura e é um espetáculo muito bonito, cheio de poesia, que propõe uma reflexão sobre nós mesmos e a relação com a natureza. Os seres humanos têm a sensação que a natureza está ali para servi-los, mas na verdade, nós somos partes da natureza. O indígena não corta uma árvore, porque ele não cortaria um braço dele. Ele não polui o rio, porque ele é rio. O Rock in Rio tem muitos temas profundos sendo expostos dentro de uma grande festa onde as pessoas se divertem.”
The Town
Zé Ricardo conta que The Town, que acontecerá nos dias 2,3,7,9 e 10 de setembro de 2023, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, tem o seu próprio conceito, mesmo sendo inspirado em criações do Rock in Rio.
“O The Town é um festival que é um irmão, filho do Rock in Rio, que tem o mesmo DNA, mas tem sua própria vida. O Skyline e The One, são palcos que, apesar de inspirados nas criações como Sunset e Mundo, têm suas próprias personalidades, o que a gente pode garantir é que vai ser tão magnânimo tanto o Rock in Rio.”
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