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Entrevista: Paula Fernandes volta ao country romântico em “Hora Certa” e pede justiça para Brumadinho: “É um crime”

Vibrante! É essa a melhor palavra para definir Paula Fernandes durante entrevista ao POPline para falar sobre o seu mais recente lançamento, o “EP Hora Certa”, gravado nos Estados Unidos, com seis canções inéditas, que é um verdadeiro retorno da cantora às raízes do seu country romântico, que a revelou para todo o Brasil. Em um bate-papo com o site, Paula afirmou que está em um dos seus melhores momentos, relembrou os 10 anos de carreira e como mineira, pediu justiça pelo desastre de Brumadinho.

Por que gravar um EP nos Estados Unidos? As músicas me pareceram um retorno à “Paula raiz” que o Brasil conheceu com o disco Pássaro de Fogo. Como foi o processo de criação desse trabalho?

Fomos para Los Angeles porque temos o grande produtor musical Moogie Canazio, que já produziu artistas incríveis. Ele é top do top, gentil, dócil, foi amor à primeira vista. Nós dois queríamos fazer projetos juntos. Tinha um repertório de 20 músicas e foi difícil escolher o que estaria nesse projeto. Foi um resgate das minhas origens em todos os em todos sentidos. Atualmente somos impactados com muitas opiniões nas redes sociais, fake news e isso pode acabar nos desequilibrando um pouco. Eu queria voltar ao meu universo equilibrado de menina, do interior de Minas, com inspirações românticas e da terra.

Antes de lançar esse EP, você estreou “Me Queimo Sem Você”, que apresentou uma Paula Fernandes no reggae, mas esse EP tem uma sonoridade country romântica. Podemos esperar o seu flerte com outros ritmos?

Defino esse meu atual momento como o marco do meu retorno ao country romântico. Esse período foi um marco para que eu voltasse à minha essência. Surfei bem nas ondas novas sem perder a minha identidade, mas é essa Paula do “Hora Certa” que pretende perdurar. Acho que a minha referência é a Paula que todo mundo já conhece.

Você sente falta de gravar um álbum completo ou curte esse formato de EP?

Acho superinteressante. Já lancei discos com mais de 12 músicas e muitos sucessos ficam perdidos, não tem a exposição que eles merecem. Gosto desse formato do “EP” porque acho que evidencia músicas com unidade, mas diferentes entre si e as pessoas podem ter uma absorção melhor de todas elas. Por que não já oferecer essas seis canções que pra mim já são cara a desse momento?

Pelas letras das seis canções novas, você parece estar em um dos melhores momentos da sua vida e carreira. O relacionamento com Gustavo Lyra foi inspiração para as letras de “Nos Braços do Amor” e “Preciso Te Amar Para Viver”?

Estando com alguém, é claro que a gente sente uma energia do romance, mas eu nunca precisei estar com alguém para ter inspiração e compor porque eu sou naturalmente romântica e gosto de ser autosuficiente. O Gustavo trouxe um frescor, uma tranquilidade, ele me trouxe uma vida real de volta, as músicas têm um quê disso, mas não foram necessariamente inspiradas em nosso relacionamento. A música que eu fiz pra ele, eu ainda vou lançar!

Vem casamento por aí?

Eu tô muito de boa. Não penso nisso agora. Agora é a hora certa de colocar esse trabalho na estrada. Continuarei com a turnê “Jeans” e apresentarei as minhas novas músicas!

Em 2018 você fez uma participação como atriz em “Deus Salve o Rei”, ainda vai investir na dramaturgia ou agora o seu foco é na música?

Até o momento o meu foco é boa música, principalmente com mensagens positivas, que sirvam de referências para as próximas gerações, mas se aparecer um bom projeto, não penso em descartar. Foi uma honra participar da novela, ainda mais, estando ao lado de grandes atrizes como Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa.

Paula, você já gravou com grandes nomes do country internacional como a Taylor Swift, Shania Twain. No Brasil, Roberto Carlos, Renato Teixeira, você ainda sonha em fazer um dueto com alguém e ainda não pode realizá-lo? Vem parcerias por aí? Pode contar pra gente?

Sonho em fazer com John Mayer, tanto que nesse projeto eu tenho um pouquinho dele, é o baixista dele que participa do meu EP. Ai, tem tanta gente no Brasil: Caetano Veloso, Ivete Sangalo, que já cantamos “Quando a Chuva Passar”, mas nunca gravamos algo inédito em estúdio, há também Kell Smith, que é uma nova cantora que amo, ai… Roupa Nova, ficaria falando o dia todo aqui.

Em 2019 faz 10 anos que você explodiu para o Brasil ao lançar o disco “Pássaro de Fogo”, com as canções “Jeito de Mato” e “Pássaro de Fogo”, que tiveram muito destaque. O que mudou daquela menina iniciante no mercado fonográfico para essa mulher de hoje?

Nada como ganhar muita experiência, a vida me ensina muito. Achava que estava preparada, mas com 220 shows por ano, cansada, com stress, vi que não era bem assim. Hoje estou mais madura e sabendo lidar com um lado não tão positivo da fama. Orgulho-me de conseguir manter meus fãs, que eram mais novos, agora tem filhos e até os levam para o show. Sinto que antes de qualquer coisa, conquistei o coração desses fãs. Já são quase 10 anos que as pessoas me conhecem e tem o mesmo respeito. Isso é o meu maior presente.

Paula, você como uma mineira, que até hoje vive no seu estado natal, como você se sente diante da tragédia de Brumadinho?

Eu acho que tudo é fruto do descaso. A natureza está reagindo aos nossos maus-tratos, acho que todo mundo vai acabar recebendo isso, que é ação e reação. Eu estou profundamente triste, chateada, cheguei a fazer uma música em homenagem ao povo de Brumadinho e Mariana, porque é uma forma de levar um conforto para esse povo. Mexeu profundamente comigo. Parece que a vida não vale mais nada, que sirva de lição para as autoridades e pessoas para não deixar mais acontecer. Estou rezando para que nada mais aconteça. Aquilo pra mim é de doer o coração. Até evitei ver algumas coisas, chorei, fiquei, supermal. Ali não foi um acidente, é um crime.

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