Poucas coisas dentro do trabalho diário de um jornalista são mais legais do que a oportunidade de conversar com alguns de seus ídolos. Isso aconteceu ontem comigo, pude conversar com Khalid, um artista novo, mas que provavelmente é o mais executado na minha casa nos últimos meses. A música deste texano de El Paso, de apenas 21 anos de idade, me toca profundamente e certamente sua mágica não atinge só a mim.
Khalid, após o lançamento de dois álbuns e um EP, é hoje o artista mais ouvido no Spotify em todo o mundo e seu talento é inegável. Ao telefone, batemos um papo leve sobre o início de sua carreira, sobre os discos “American Teen” e “Free Spirit” e o EP “Suncity”, primeira apresentação no Coachella, parceria com John Mayer e visita ao Brasil em 2018.
Faltaram muitas perguntas, a pauta era extensa, mas fomos interrompidos pela produtora que aos dez minutos de entrevista me deixou apenas com mais uma pergunta! Mesmo triste por não poder finalizar o que eu havia imaginado, o resultado desta entrevista me deixa muito feliz, primeiro por atestar que Khalid além de ser incrivelmente talentoso, é um artista atencioso, do tipo que gosta de explicar os detalhes de cada um dos meus questionamentos. Antes de você começar a ler a entrevista, deixo aqui uma dica: dá o play no “Free Spirit” e vem conhecer um pouco mais do universo do Khalid ao som do próprio!
Mari: Oi, é muito bom falar com você!
Khalid: Oii! Como você está?
Tudo bem e espero que você também!
Sim, estou bem! Obrigado. Nesse momento, estou em Paris!
Ah, que legal! Khalid, primeiro de tudo preciso confessar que sou uma grande fã sua! Escuto suas músicas todos os dias, literalmente, e é uma honra poder conversar com você!
Muito obrigado! Realmente, agradeço demais. É maravilhoso porque cada vez mais as pessoas falam comigo e me dizem ‘Sou um grande fã seu’ e eu penso ‘Grande fã? Sério? Tudo bem ser só fã’ hahaha É incrível, muito, muito obrigado. Significa muito para mim.
Outro dia estava procurando por seu nome no SoundCloud e encontrei algumas demos e gravações antigas suas e me perguntei como foi o início de sua jornada artística!
Meu Deus… É tão louco pensar sobre isso! Lembrar de quando escrevia e gravava minhas músicas e colocava no SoundCloud e agora, em menos de quatro anos, sou o artista com o maior números de execuções no Spotify em todo o mundo! É insano, é inacreditável! Eu fazia aquilo para os meus amigos, gravava em um microfone não tão bom e um violão… Sabe, criava as demos de voz e escrevia no fundo da casa dos meus pais. É louco pensar nisso porque agora me apresento em um lugar para 15 mil pessoas! É tudo muito doido!
Pensando nisso, dentro de apenas três anos você lançou dois álbuns, “American Teen” e “Free Spirit”, e um EP, “Suncity”. Isso é muito, se pensarmos na indústria hoje em dia e em como os cantores estão lançando suas músicas. Para você, quais são as diferenças principais entre esses três projetos, principalmente os dois álbuns?
Para mim, sinto que “American Teen” é definitivamente uma representação de como eu me sentia aos 17, 18 anos, totalmente sozinho, na minha jornada com minha mochila, quando não era ouvido por ninguém. O “Suncity” foi como uma transição perfeita. A minha auto aceitação como artista, que faz o que ama e que tem uma audiência. Já o “Free Spirit” é exatamente o que eu sou, “esse sou eu”, sabe? É como um progresso. “Suncity”, para mim, é um dos meus projetos favoritos, porque você tem músicas de todos os tipos. Algumas são super introspectivas e psicodélicas e esse é um som para o qual eu gostaria de voltar! Mas a parte mais louca disso tudo é que comecei a trabalhar no “Free Spirit” sem ao menos saber que estava trabalhando em meu segundo álbum! Quando percebi, pensei: “este já é o meu segundo disco”. Então, mal posso esperar para fazer o meu próximo EP!
Engraçado como você documentou a sua vida em seus álbuns, porque você tem até duas músicas que marcam essas idades, “8TEEN” (18) e “Twenty One” (21), certo?
Simmm! “8TEEN” representa algo que eu queria muito falar sobre! Quando completei 18 anos, provavelmente este foi um dos meus anos favoritos. É aquele momento em que você se sente um adulto, mas na verdade ainda não é exatamente! Então quando fiz 21 anos pensei “aprendi tantas coisas nesses últimos três anos e agora sou tão diferente de quando eu era aos 18.” Foi um crescimento e tanto e foi daí que veio “Twenty One”. Para mim, esta é uma música sobre continuar esta jornada, sobre não desistir quando as coisas ficam mais difíceis. Há momentos que são duros para todos nós, então, para mim, “Twenty One” é uma música bem introspectiva, onde não reflito apenas sobre mim, mas também sobre todos que estão neste mesmo momento. Mal posso esperar para ver como serei aos 23, 25… haha
Aí você vai entrar em uma vibe meio Adele, não? Sempre usando a idade nos álbuns haha
Hahahaha Eu seeeeei! Mas definitivamente estou pensando nisso das idades. Acho que seria um padrão bem legal, você não acha?
Acho sim! Haha Voltando ao “Free Spirit”, este é um álbum visual. De onde saiu a ideia de fazer este projeto desta maneira e principalmente criar um curta-metragem para o disco?
Logo que ouvi o álbum como um todo, automaticamente ele me lembrou um filme. Ele é super cinematográfico e eu conseguia ver o filme toda vez que eu fechava os olhos e pensava no disco. Senti que neste álbum eu poderia elevar as coisas a um outro nível, então decidi fazer este curta-metragem com meus amigos, com as pessoas com quem eu saio e me divirto. Foi muito legal e louco, porque no final as pessoas puderam comprar um ingresso para assisti-lo no cinema!
Isso de você ter levado o filme ao cinema foi muito legal, principalmente para seus fãs!
Não é? Acho que o cinema é o lugar perfeito para escutar música! Dentro de um cinema o sistema de som é maravilhoso, a atmosfera é ótima. É uma experiência incrível. A energia será diferente, mesmo que seus olhos estejam cobertos! Aquela experiência que eles tiveram muda completamente a maneira com que eles escutam o álbum “Free Spirit”.
“Outta My Head”, sua colaboração com John Mayer, é uma das minhas favoritas do “Free Spirit” e eu sei que ela é também uma das suas favoritas, você escreveu no Twitter! Como foi trabalhar com Mayer?
Com certeza essa é uma das minhas favoritas no “Free Spirit”. Acho que ainda nem pensei na honra que foi trabalhar nesta música com o John Mayer, um artista que é tão incrível e é um amigo e tanto. Sinto também que essa música ainda não atingiu o seu pico, sabe? Mal posso esperar para ver o que poderá acontecer com ela, porque ela tem essa pegada meio pop dos anos 1980. Estou super animado para turnê, porque poderei tocar essa música ao vivo e vou poder escutar o público cantando! Eu amo muito “Outta My Head”!
Você e John Mayer até apresentaram “Outta My Head” juntos no Coachella, foi a primeira performance desta música ao vivo! Certo?
Simm! Foi a primeira vez que me apresentei no Coachella e foi inacreditável! Uma das melhores experiências que eu já tive e o segundo final de semana, quando recebi John Mayer, foi provavelmente o meu favorito levando em consideração o meu próprio show. Amei ter ele comigo, amei o fato de John estar disponível para ir até lá. As pessoas amaram também e certamente foi a primeira de muitas performances de “Outta My Head”.
Produtora: Mari, você só tem mais uma pergunta!
Ahhhh tudo bem! Bom, Khalid, no ano passado você veio ao Brasil e participou do Lollapalooza, em São Paulo. O que achou do público brasileiro? Pretende voltar em breve?
Meu Deus… Vou te dizer uma coisa, o Brasil é um dos lugares em que mais gostei de me apresentar na minha vida. O público me deu tanto carinho e amor! Na verdade, o Brasil mudou a minha vida, mudou a minha perspectiva enquanto artista. O Brasil é um dos lugares que eu adoraria voltar muito em breve, só tenho que descobrir como isto será possível haha. Eu definitivamente quero voltar e você tem que ir no show!
Com certeza estarei lá! Khalid, muito obrigada mais uma vez pelo seu tempo e por esse papo!
Meu Deus, obrigado a você! Espero que você tenha um ótimo dia!