Julia Mestre está em plena metamorfose. Em entrevista ao POPline, no quadro “Tá On”, a artista falou sobre o processo de criação de “Maravilhosamente Bem”, seu novo álbum que mistura referências às baladas dos anos 80, poesia, dor e renascimento. Com produção autoral e um curta-metragem, Julia apresenta não só novas músicas, mas novas versões de si mesma.
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Capa do álbum “Maravilhosamente Bem”. Foto: Divulgação
Guiada por uma entrega emocional intensa, Julia Mestre marca uma nova fase na carreira, mais madura, visual e sensorial. O álbum “Maravilhosamente Bem”, seu terceiro em carreira solo, chega nesta sexta-feira (9) acompanhado de um curta-metragem conceitual e reafirma a artista carioca como uma das novas representantes da música brasileira atual.
Segundo Julia, o processo criativo do novo disco começou de forma íntima e dolorosa, durante uma turnê em que, apesar da intensidade dos palcos, ela se sentia emocionalmente fragilizada. “Pode não parecer, mas por muitas vezes é um momento muito frágil do artista. Internamente, eu me sentia muito fraca, muito triste”, contou.
Foi escrevendo em seu diário, um hábito que mantém para registrar o dia a dia e exercitar a composição, que nasceu a primeira canção do projeto: “Sou Fera”. A partir dali, ela entendeu que estava começando uma nova era.
“‘Sou Fera’ fala sobre essa armadura que parece força, mas que por dentro tá tentando se curar. É uma pessoa cheia de garra, mas que por dentro tá uivando pra lua,” contou a artista.
Se “Sou Fera” marcou o início da nova era, a faixa-título foi a consagração de um processo profundo de cura. “‘Maravilhosamente Bem’ foi uma das últimas músicas a serem escritas. Depois de todo o processo, ela nasceu inteira numa tarde. Eu me sentia dona da minha trajetória. Foi muito empoderador.”
Referências e colaboração de Marina Lima
De “Sou Fera” até “Maravilhosamente Bem”, a caminhada de Julia Mestre foi longa. Nomes como Donna Summer, Rita Lee, Sade e Marina Lima surgiram nesse período não apenas como inspirações, mas também como pilares afetivos e estéticos que lhe ajudaram a moldar seu novo álbum.
Em uma das faixas mais simbólicas do disco, “Marinou, Limou”, Julia fez uma homenagem a Marina Lima e acabou sendo surpreendida por uma troca poética com a artista. Tal qual Djavan fez em 1982, em “Sina”, com o nome de Caetano Veloso, Julia transformou Marina em verbo:
“Foi uma forma de colocar Marina Lima como verbo: ‘marinar, limar a vida’. Ela foi muito influente em minha trajetória. […] Enviei a música para Marina e ali foi a Júlia, fã, fazendo uma troca com uma artista que admira muito, mas eu tive uma resposta de uma amiga, que foi muito atenciosa e que, depois que conversamos, tivemos uma troca muito bonita. […] Ela me escreveu um poema de volta inspirado na canção e colocou sua voz recitando no texto que ela mesma fez depois de ter escutado a música que eu fiz em homenagem a ela. “
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“Maravilhosamente Bem” – o filme
A ligação entre som e imagem também se intensificou nessa fase da artista. Julia Mestre, que é formada como atriz, assinou ao lado de Gabriel Galvani a direção criativa de um curta-metragem que acompanha o disco e transforma cada canção em um universo visual próprio.
Gravado em Betacam e inspirado no cinema e na TV dos anos 70 e 80, o filme reúne diferentes personagens vividos por ela. Julia explicou a importância do projeto audiovisual em sua carreira:
“Cada música tem um personagem. Cada personagem, uma nova Julia. Adentrar essas personas talvez seja uma forma de eu me proteger da minha timidez, e de conseguir me expressar artisticamente com mais força”.
“Um feitiço de liberdade”
“Esse disco é meu feitiço de proteção e liberdade,” disse Julia Mestre ao descrever o que “Maravilhosamente Bem” significa para ela. O terceiro álbum solo da artista, que ganhou projeção nacional junto à banda Bala Desejo, serve para concretizar o momento em que vive, onde se sente mais completa artisticamente.
“O álbum fala sobre esse momento de carreira e de momento pessoal, onde eu me sinto muito madura. Sinto que consegui conectar a minha identidade musical com a minha identidade visual, com muita força no mesmo projeto. É a primeira vez que me sinto completa dessa forma, e talvez seja por isso que eu celebro, de uma forma, falando que o nome do disco é ‘Maravilhosamente Bem’, pois é um estado de presença, e é como eu me sinto agora,” contou.
Foto: Gabriel Galvani
Ainda assim, Julia Mestre continua sendo a Julia, como ela mesmo disse: “Um pouco mais rouca e com a voz mais grave, talvez com um pouco mais de idade, mas sempre a mesma pessoa, a essência, o sorriso, o brilho nos olhos e a vontade de estar sempre transmitindo uma mensagem que possa inspirar.”
Ela continuou:
“Acho que o recado é sobre você acreditar na sua intuição, porque, sim, os seus sonhos podem se realizar. Então, se vocês se encantaram pela Julia do ‘Arrepiada’, pela Julia de qualquer outro projeto da minha vida, vocês vão seguir se encantando por essa Julia que tá apresentando o novo álbum ‘Maravilhosamente Bem’. E se vocês estão me conhecendo agora, prazer. Eu me chamo Julia Mestre.”
