Certamente, na última semana, você foi impactado por um vídeo registrado no festival Hopi Pride, onde centenas de pessoas batem seus leques ao som de música eletrônica! “As verdadeiras guerreiras Kyoshi”, como foram apelidadas nas redes sociais, são as grandes protagonistas deste viral que tomou conta da internet. Entretanto, o uso de leques na marcação dos BPMs não é novidade na cena eletrônica e o POPline convidou a DJ brasileira Anne Louise para nos contar um pouco mais sobre essa cultura.
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Anne Louise, que se apresenta neste final de semana no San Island, em Búzios, atua há mais de uma década como DJ e produtora e já levou sua música para todos os cantos do mundo. Com agenda cheia, Anne tem a oportunidade de viver a cena de música eletrônica em diferentes lugares e observar o que é tendência nas mais diferentes cidades e países.
“O uso dos leques já é parte do universo eletrônico de outros países. Já há muitos anos é comum em festas de todo tipo nos Estados Unidos, por exemplo. Mas o ato de bater o leque ficou muito comum no universo LGBTQIAPN+, creio que por conta do tribal ser um estilo muito animado e energético. Os drops do tribal combinam muito com a explosão do leque,” contou Anne.
O vídeo do Hopi Pride gerou uma série de comentários engraçados nas redes sociais e levantou diversas questões, inclusive sobre um possível incômodo que o uso dos leques possa causar dentro de uma festa. Sobre isso, Anne comentou:
“O leque virou símbolo do nosso universo, do empoderamento, da alegria. Eu acho que a máxima que deve imperar é a do bom senso. Tem estilos de música mais introspectivos que eu acho que o ataque do leque não funciona tanto, mas no tribal, sobretudo num drop muito pra cima funciona demais! É só ter bom senso, o excesso incomoda. Mas numa hora bem animada ele é muito bem vindo!”
Leque: Oportunidade de negócio
Além do público, os DJs também usam o leque em suas performances e Anne Louise é uma das adeptas. Porém, o leque também virou oportunidade de negócio para ela, que tem uma linha de produtos, sendo o leque o seu carro chefe.
“Eu comecei a usar leque em 2017, mas foi somente no início de 2019 que a Mônica, minha esposa que trabalhava com varejo, teve a ideia de transformá-lo em algo comercializável. Daí fiz questão de fazer parceria com uma famosa fábrica americana e trazer para o Brasil, pela primeira vez, os leques de bambu, que eu já vinha usando nos meus shows, só que agora com estampas e linguagem tipicamente brasileira,” contou.
Anne Louise e sua esposa são as criadoras da marca Sassy, que além de leques, oferece outros produtos e acessórios para quem curte a noite. Ela explicou que o leque foi, na verdade, o ponto de partida para a criação da marca, que posteriormente se uniu a um fornecedor americano:
“Os leques foram o motivo da gente criar a Sassy. Já tínhamos uma outra marca focada em vestuário, a Missionary Brand, daí criamos a Sassy focada em leques e produtos legais e coloridos pra festa. O leque virou o carro-chefe. Como fomos a primeira empresa a produzi-los no Brasil, nos tornamos a empresa mais conhecida e referência, pela qualidade ser maior e ter mais resistência nas horas do leque ataque. Apesar do leque em si ser um objeto decorativo, pra se abanar, posso afirmar que, se a pessoa quer usar pra ‘bater’, os nossos têm uma qualidade realmente superior, porque fiz questão de fechar parceria com a melhor empresa que eu conhecia nos Estados Unidos. Cheguei a ganhar e testar muitos. Então pude escolher a melhor.”
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Leque Ataque
Os leques não são novidade, mas continuam sendo objeto popular dentro das boates e nos festivais Brasil a fora. Tanto que o mesmo é tema de diversas músicas da cena, inclusive uma assinada por Anne Louise em parceria com Liu Rosa, “Leque Ataque”. Anteriormente, o leque também foi tema de uma música de Lorena Simpson em uma colaboração com o DJ Tommy Love, “Bate o Leque”.
Sobre a música, Anne Louise disse:
“‘Leque Ataque’ foi uma grande surpresa. Uma música que pensamos em ser trabalhada pro carnaval, de forma leve e brincalhona. É uma música pra ser feliz! Recebi o convite do produtor Liu Rosa e, junto com Álvaro Carias, eu escrevi a letra. Uma música pra inspirar a nossa comunidade a ser feliz com liberdade, a entender a sua própria força. O leque virou símbolo disso tudo. “
Ela continuou falando sobre a aceitação de “Leque Ataque” fora do Brasil:
“Estou desde o carnaval basicamente fazendo datas fora do Brasil e a receptividade dela está incrível. Os gringos mesmo sem entenderem muito da letra estão cantando! Risos! Essa música lembra a eles todos dessa alegria tão linda pelo qual o nosso país é conhecido. Eu que imaginava que essa música renderia somente um carnaval, tou mesmo surpresa com a resposta. De Barcelona a Londres, Dublin, todos estão vibrando muito com ‘Leque Ataque’. Tou feliz demais.”