A divulgação do elenco da nova temporada de “A Fazenda” escancarou uma grande questão racial na seleção do programa. Na 14ª temporada, apenas três peões são pretos. Isso, no entanto, não é uma raridade no reality. Desde a primeira edição da atração da Record TV, a presença de pessoas não-brancas é (muito) reduzida.
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Na temporada de 2022 de “A Fazenda“, apenas Pelé Milflows, Rosiane Pinheiro e André Marinho representam a comunidade preta no elenco. Isso, no entanto, não é algo novo para o programa, que já enfrenta o mesmo problema desde o início da sua história na televisão brasileira.
Nas temporadas exibidas em 2021 e 2020, os respectivos elencos também contaram com três peões pretos. Antes disso, algumas edições chegaram a ter apenas um representante preto dentro da sede do reality – tal como na primeira, segunda e terceira temporadas.
Desde sua estreia em 2009, o programa já recebeu um pouco mais de 200 celebridades. Desses, apenas 24 participantes são pessoas pretas. O que representa cerca de 11,48% do elenco formado em todas as temporadas. Esta porcentagem, no entanto, vai contra as estatísticas da população brasileira.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população brasileira é preta. Isso reforça que o programa reflete, desde seu início, um problema racial na seleção do elenco. Por isso, o grupo já confinado na sede de “A Fazenda 14” é apenas mais um exemplo dessa discrepância que vimos em diversas situações na sociedade.
Pretos são minoria nas finais das temporadas de “A Fazenda”
Se olharmos para as finais das temporadas do reality, a situação fica ainda mais complicada. Apenas duas temporadas – “A Fazenda 5” e “A Fazenda 12” – tiveram pessoas negras em suas finais. As duas representantes – Viviane Araújo e Jojo Todynho -, no entanto, sagraram-se campeãs.
Ou seja, dos 13 participantes que já ganharam o reality até hoje, apenas duas peoas conseguiram vencer em finais majoritariamente compostas por pessoas brancas. Nas outras 11 finais, os peões negros sequer chegaram ao pódio. Apenas três participantes chegaram ao Top 5 do reality.
Enquanto isso, no Big Brother Brasil, da TV Globo, as coisas já são diferentes. Na última final, por exemplo, o programa contou com dois homens negros na final. Além disso, nas últimas edições, as participações de pessoas pretas tem sido ainda mais forte.
No BBB22, por exemplo, dos 22 participantes confinados, nove deles eram pretos. O que representa cerca de 40% do elenco do reality global. Dessa forma, mesmo com a desigualdade presente em vitórias, onde apenas quatro campeões são pretos, o programa tenta se aproximar da realidade brasileira.
Brasil é um país miscigenado e ainda depende de autodeclaração
Vale pontuar que o Brasil é um país onde a discussão sobre colorismo é muito presente. Para quem não sabe, o colorismo é uma forma de visualizar as pessoas por classificações baseadas em seu tom de pele, segundo o artigo publicado pelo site Politize.
Por isso, algumas vezes, pessoas negras de pele com tons mais claros são enxergadas socialmente como pessoas brancas ou “pardas”, especialmente quando traços negróides não são vistos com facilidade.
Com isso, é possível entender que ainda vivemos uma realidade onde a autodeclaração é importante para discutirmos questões raciais.
O POPline está fazendo uma cobertura completa de tudo que está acontecendo na nova temporada de “A Fazenda”. Fique de olho para não perder nada!