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Donas do Som retorna ao Carnaval de Salvador com nove shows exclusivos de cantoras

Nomes como Céu, Rachel Reis, Larissa Luz, Teresa Cristina e Majur se destacam no projeto, em sua segunda edição. Confira o bate-papo com Fernanda Bezerra, idealizadora do evento
Parte do line-up do Donas do Som. Foto: Divulgação
Parte do line-up do Donas do Som. Foto: Divulgação

O Carnaval de Salvador se prepara para receber pelo segundo ano consecutivo o movimento cultural Donas do Som, um espaço exclusivo dedicado às vozes femininas da música brasileira e com 70% da grade composta por artistas baianas. Marcado para acontecer nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro, a programação conta com nomes como Céu, Rachel Reis, Larissa Luz, Aila Menezes, Teresa Cristina, Mariene de Castro, Majur, Tássia Reis e Melly.

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O domingo (11) será embalado por Céu, Rachel Reis e Larissa Luz, enquanto na segunda-feira (12) será a vez de Aila Menezes, Teresa Cristina e Mariene de Castro brilharem. Encerrando a programação na terça-feira (13), Majur, Tássia Reis e Melly prometem fechar o Carnaval com chave de ouro.

O projeto Donas do Som, idealizado pela diretora geral da Maré Produções Culturais, Fernanda Bezerra, e pela cantora e compositora Larissa Luz, nasceu com a missão de promover o protagonismo feminino na música brasileira e combater a violência de gênero e a LGBTQIAPN+fobia. Com 70% da grade composta por artistas baianas, o evento reforça o compromisso com a valorização e representatividade das mulheres na indústria musical.

Fernanda Bezerra, idealizadora do projeto. Foto: Duane Carvalho

Fernanda Bezerra, idealizadora do projeto. Foto: Duane Carvalho

Em entrevista ao POPLine.Biz, Fernanda Bezerra ressalta a necessidade de mais oportunidades e apoio para mulheres na indústria musical. Com o sucesso da primeira edição, Bezerra revela planos de expandir o festival para os próximos anos, visando torná-lo um evento regular e gratuito no centro da cidade de Salvador.

Entrevista: A essência do Donas do Som

POPLine.Biz: Como se deu a ideia do Donas do Som?
Fernanda Bezerra: O movimento Cultural Donas do Som surgiu de uma conversa a partir dos anseios e das trocas entre mim e a artista, cantora e apresentadora, Larissa Luz. Larissa é uma parceira antiga de muitos anos – minha e da Maré – e a gente sentiu uma necessidade de ter um palco que fosse 100% destinado para a arte produzida e pensada por artistas mulheres.

Então, é muito importante dar marca a esse espaço. Se fizermos uma análise profunda em números de contratação pública de artistas e bandas, se a gente se debruçar sobre essa pesquisa, existe ainda uma discrepância entre contratações de artistas homens e mulheres, da destinação de recursos. O Donas vem pelo seu segundo ano marcando presença, chamando a atenção para essa necessidade da equidade da música e, principalmente, lançando o desejo de ampliação.

A gente quer que o Donas funcione nos cinco dias de folia, de sexta a terça. É um desejo nosso. Estamos construindo essa parceria com a Prefeitura de Salvador através da Saltur e do presidente Isaac Edson, que sempre acolheu esse projeto e sempre nos apoia.

 

POPLine.Biz: Como foi desenhada a curadoria do Donas?
Fernanda Bezerra: A curadoria foi pensada, primeiro, privilegiando e priorizando artistas baianas. Se você olhar também, no Donas, a gente convidou três artistas de outros estados: a Teresa Cristina, a Céu e a Tássia Reis, porque são outras sonoridades que a gente coloca no palco. Carnaval é um ambiente, é um liquidificador sonoro, é onde a gente pode experimentar, é onde a gente pode ter a ginga da Céu, o samba de Teresa Cristina e o hip-hop da Tássia Reis. Então, a gente procura fermentar essa mistura, sempre deixando o maior espaço para artistas baianas neste palco: Aila Menezes, Larissa Luz, Majur, Mariene de Castro, Melly e Rachel Reis.

O público pode esperar um palco que vai ter muita animação, muita diversidade, muita sonoridade, muita representatividade. É um palco que as pessoas estão indo pra lá pra ocupar de forma livre o seu espaço, mandar os seus recados, se expressar. É um palco que as pessoas podem se expressar. O palco é aberto, as artistas estão todas sintonizadas com o propósito do projeto e o nosso público está conectado com a gente nessa mesma vibração.

 

POPLine.Biz: Diante da sua experiência, como você avalia a cena musical de Salvador e do Carnaval para as mulheres?
Fernanda Bezerra: Primeiro, a gente tem uma grande dificuldade: a ausência de representatividade nas equipes que cuidam dessa cena. A gente tem poucas empresárias fazendo gestões de carreiras, poucas mulheres em ambientes de decisão, ocupando ambientes de curadoria… A gente precisa ter mais mulheres ocupando esses espaços. Então, fora isso, eu acho que em relação a direcionamento de recurso, precisamos – nós, mulheres – de mais direcionamento de recurso, mais contratação artística, mais destinação de verba e impulsionamento.

A gente poderia fazer um Donas do Som com milhares de atrações, mas infelizmente existe um limite de contratação. Não conseguimos abarcar toda a diversidade, toda a potência que temos no nosso estado. E eu acho que a gente precisa é disso: fortalecer as mulheres que trabalham em cima do palco, essas artistas, fortalecer as mulheres que estão no backstage, fazendo essa música acontecer, construindo caminhos para que seja possível viver de arte, cultura e de música, com dignidade, com estrutura, com profissionalismo.

 

POPLine.Biz: E quanto aos triunfos do Donas do Som? Quais os planos futuros?
Fernanda Bezerra: Ter conseguido repetir o projeto. Fazer com que ele aconteça, de novo, na Praça Castro Alves, tendo o protagonismo feminino como principal mote é uma grande dificuldade. Então, sim, eu acho que o principal avanço é a gente conseguir fazer a segunda edição. Para o terceiro ano, a gente quer ampliar o festival para criar um ambiente que a gente possa receber mais artistas, e, assim, conseguir realmente se calendarizar como um evento de festival gratuito que acontece ali no Centro da cidade. Queremos ter esse espaço bem demarcado e bem definido.

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