O novo disco do rapper Djonga, chamado “O Dono do Lugar“, está disponível nas principais plataformas de áudio. O artista mineiro parece ter achado um ponto de convergência entre a maturidade – musical e discursiva – e a intransigência carismática e contradição emocionada que o trouxeram até aqui.
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O projeto sucessor do álbum “Nu” (2021) – disco com o qual ele se diz ressentido – conta com colaborações de Tasha & Tracie, Vulgo FK, Oruam e Sarah Guedes, além da lapidação dos produtores Coyote Beatz, Dallas, Honaiser e Rapaz do Dread. Embora os nomes das gêmeas e de FK chamem a atenção na tracklist, Djonga mantém sua tradição de dar visibilidade a talentos em que acredita.
Esse empenho do rapper em apresentar nomes ao mainstream também aparece na criação do seu próprio selo, AQuadrilha, cujo movimento de formação inspirou grande parte da narrativa do novo projeto. Seja pela convivência de Djonga com uma diretoria formada majoritariamente por mulheres ou pela vontade de controlar a própria arte em uma indústria que, na maioria das vezes, peca pela massificação excessiva.
Em “O Dono do Lugar“, o rapper entrega reflexões sobre masculinidade preta, racismo e LGBTfobia sem se entregar ao politicamente correto e, admitindo certas contradições discursivas, não cai em iscas entediantes ou plastificadas. Ele continua autêntico. Outro trunfo do artista aqui é a produção refinada, possibilitada por um intervalo maior entre um disco e outro.
Sempre embalado por ricas referências históricas – como a obra “Dom Quixote“, de Miguel de Cervantes -, Djonga continua fazendo pelos dele e esse parece ser o seu objetivo no mercado e na arte. Sempre equilibrando o “humor” do disco com elementos cotidianos, como um áudio de Cristiano Ronaldo, ou deboches refinadíssimos, a música, aqui, não é arma, é ferramenta. Gustavo ainda precisa dizer e o seus fãs ainda precisam ouvir.
OUÇA “O DONO DO LUGAR”:
POPline: Tenho a impressão que esse lançamento está com ares de re-estreia. Tô correto? Como você está em relação a esse trampo?
Esse disco é um outro Gustavo, mais profissional, né? A gente sempre fala, ‘ah, mais maduro, tal’, acho que em todos os outros discos tinha um negócio de amadurecimento mesmo, como ser humano, como artista, mas isso é um outro amadurecimento, é um amadurecimento profissional. Sacou? E eu acho que ele é mais importante, às vezes, do que o amadurecimento artístico. Quase, nem sempre. Mas acho que, nesse momento, pra mim está soando o mais importante.
POPline: Eu queria que você falasse um pouco sobre a capa do disco. Eu não pediria isso se fosse qualquer outro artista, mas como é você, que coleciona capas icônicas, eu quero saber.
Essa capa é louca porque eu sempre fico pensando muito em qual vai ser a capa. E quando você falou que esse disco tem esse lance de reestreia, tem um lance de começar de novo, tem o lance de sair daquele ciclo que eu tinha criado, de lançar [novos álbuns] no dia 13 março sempre e tal, e a capa também tinha que ter esse lance de reestreia. As últimas capas todas tinham um lance meio de sangue, uma coisa forte, mais violenta e tal. Apesar de ter a coisa artística. Eu queria voltar para uma capa mais artística e mais sensível e que fosse uma releitura. E essa capa é uma releitura de Dom Quixote, da cena icônica e clássica de Dom Quixote. E eu nunca gostei de explicar as capas, então não vou explicar de novo não, mas têm muitas coisas interessantes dentro daquela capa. As mulheres pretas ali, né? O moinho de vento, o coquetel molotov sendo jogado no Moinho de Vento. O coquetel molotov representa muito: o lance do ‘fogo nos racistas’, é fogo nos outros, que o Djonga põe toda hora, não sei o que e tal. E aquele inimigo, ali, representado no moinho de vento que a gente não sabe quem é, enfim. Não quero explicar muito não, mas está tudo um pouco dentro disso aí, sacou? É uma analogia do Miguel dos Cervantes, do Quixote, e o mais legal de tudo é que a gente teve a oportunidade de ir lá em Consuegra – que foi o lugar que o Miguel de Cervantes se inspirou para fazer essa passagem dos moinhos de vento -, fomos lá nos moinhos originais.
POPline: E quem fez a capa é o pessoal que trampa com você nA Quadrilha…
Marconi, amigo meu de infância, como quase todo mundo que trabalha comigo, tipo 90% das pessoas. Ele, agora, está sendo meu fotógrafo na estrada e é um cara com a sensibilidade artística muito foda e quis colocar ele pra fazer.
POPline: Você chegou a dizer que não lançaria mais álbuns e obviamente só você acreditou nisso.
Eu acreditei mesmo. Eu acreditei porque eu fiquei ressentido quando eu lancei o “Nu” porque ele era um disco tão pessoal, tão forte, às vezes até pesado, que eu não me senti bem com ele, com o resultado dele. Quando eu ouvia ele, não me sentia bem, tá ligado?
POPline: Você fez as pazes com ele?
Ainda não. Não fiz porque eu não quero viver aquilo de novo, não quero viver aquele momento, não quero viver pandemia de novo, não quero de novo estar acima do peso de uma forma negativa e sem estar realmente saudável, sem realmente estar me cuidando. Eu não quero mais estar naquele momento de novo. Sacou? Eu gosto é desse momento agora.
POPline: E o lance de lançar singles não te satisfez?
Um cara que fala muita coisa igual eu falo numa letra e tal, principalmente nesses tempos de hoje, com as exigências do mercado, acho que não faz muito sentido lançar single. Faz mais sentido lançar um álbum ou um EP, alguma coisa que tenha uma estrutura, que uma história complemente a outra. Para mim, nunca fez muito sentido lançar singles. Tenho muito mais música lançada em álbum do que em single. Fora as participações, claro, que aí eu acho legal. Mas quando eu estou escrevendo sozinho eu gosto de contar uma história precisa de uma continuidade.
POPline: E esse é o primeiro disco que você não lança em março. Você está lançando em outubro. E você acha que se livrar dessa quase obrigatoriedade que você mesmo criou de lançar um disco em uma data específica te fez bem no sentido criativo?
Oh maravilha! Tive tempo para fazer a parada. Acho que essa obrigatoriedade faz com que eu começasse a fazer a parada quase sempre na mesma época do ano, quase sempre vivendo as mesmas coisas, assim, o momento era o mesmo. Era o momento de fim de ano, o momento de festa, meio que entrando de férias, os show estão parados, sabe? Então, assim, eu sempre trouxe coisas novas, sempre quis contar histórias novas, mas trazer esse ciclo pra outro momento do ano, pra outro momento da minha vida, depois de pandemia, depois de um disco que até hoje eu tenho uma coisa com ele, sacou? Tem um significado especial assim.
POPline: E, agora, falando mais da parte musical, eu estava lendo o que o Thiago (Rapaz de Dread) falou que vocês trabalharam com instrumentos, que tem uma pegada mais orgânica no disco.
É, tem, tem algumas coisas.
POPline: E você já vinha testando isso no palco?
Sim
POPline: Como rolou isso no estúdio?
Mano, o Tiago é músico foda, né? Assim como o Coyote, mas o Tiago ele é instrumentista e tal. Ele sempre faz questão de trazer as coisas. Então, lá no com o Hot, no ‘Menino Queria Ser Deus’, tem a pegada do Tiago. No meu primeiro EPzinho já tinha umas coisas que o Tiago tinha colocado, no ‘Ladrão’, ‘Histórias [da Minha Área]. Então, sempre tinha uma coisinha outra do Tiago. Nesse disco, ele teve produções completas. Ele conseguiu criar melhor esse universo do instrumento, dessas outras coisas que ele curte pra caralho, que eu curto e que eu passo a curtir mais ainda sendo feito por pessoas com as quais eu me identifico com a arte tal, sendo feitas de uma maneira que não fique artificial ou só usada pra impressionar. Realmente, faz sentido com a música. Eu gostei. É um processo em que a maneira de construir, às vezes, fica um pouco diferente, porque uma parada instrumental antes de ser mixado e masterizada, às vezes não soa do mesmo jeito que o beat sintetizado, que o som digital. Então, às vezes, você fica com um estranhamento, fala ‘pô, será que você está legal?’, mas depois fica tudo pronto você vê que faz sentido pra c*ralho.
POPline: Você acha que o disco está mais trap/rap ou funk?
Acho que está mais pro trap, pro rap. Eu acho que esse disco tem a coisa que eu sempre trago muito do funk no refrão. Acho que o refrão é a minha pegada mais do funk, que é a hora de sintetizar a ideia da música.
POPline: É o que deixa você mais leve…
É o que me deixa leve, faz a música ser popular apesar de ser ter tantas palavras ali e tal. Mas, no quesito estética, de um modo geral, acho que está mais pro trap/rap assim.
POPline: Parece que você traz uma abordagem sobre a indústria da música e a sua leitura sobre isso. Algum episódio fez com que você tivesse uma virada de chave a respeito do mercado ou você notou isso com o tempo?
Acho que vai surgindo com o tempo. Você vai percebendo que empresa é empresa, capitalismo é capitalismo. O objetivo da empresa é ganhar dinheiro. Algumas têm mais abertura, outras não. E é isso. Só que, quando eu abri AQuadrilha – e comecei a colocar aqueles moleques para trabalhar, para tentar fazer música, para tentar virar – e percebi o quanto é difícil mesmo investindo, mesmo fazendo o clipe mais lindo do mundo, eu comecei a questionar um pouco mais esse lance da indústria. E o surgimento desse desse lance, desse movimento na arte, de fazer as coisas para virar trend sempre. Então, isso meio que, para mim, mata um pouco a arte, está ligado? A coisa fica um pouco na necessidade de ser uma retroalimentação dela mesmo, assim, na hora que você vê tem um tanto de coisa igual assim e tal. E são coisas iguais que, às vezes, eu amo também ouvir, eu gosto de ouvir. Eu ouço, eu sou e eu brinco, mas eu queria que tivesse espaço também pra quem está fazendo outras coisas. E o questionamento é nesse sentido, né? O questionamento é para a indústria, mas é para nós também, porque eu acho que a gente que constrói.
POPline: Quando você lança uma um single como ‘Easy Money’ é você brincando ali.
Exato, exato. Mas é isso, né? Eu acho que tem momento para ouvir ‘Mamãe Eu Quero’ e tem momento pra ouvir ‘Fórmula Mágica da Paz’, sacou?
POPline: E qual você acha que seria a posição artística ideal no meio disso tudo, dessa indústria?
Posição ideal é você ter você ser a indústria. Você conseguir manipular o jogo. Posição ideal é essa, qualquer outra é mentira, sacou? Qualquer outra você ainda está sendo controlado.
POPline: Eu estava lendo que A Quadrilha é uma empresa dominada por mulheres, com mais de 90% de mulheres. Como a convivência com o trampo dessas minas impactou esse disco e o seu trabalho?
Elas são muito mais cuidadosas que a gente com as coisas. Isso é fato. Elas ponderam muito mais as coisas que a gente, mas também quando vai pra cima, vai de um jeito também que dá até medo. E elas me defendem, defendem nossos interesses de uma forma que talvez nem a gente defenda, Uma outra espécie de cuidado, de zelo com o trabalho. E é isso. Eu acho que elas sabem guerrear pra caralho. Muito melhor que a gente às vezes.
POPline: Antes de ter seu selo, você trabalhava com uma quantidade menor de mulheres?
Não. Assim, a minha vida, a minha família é uma família muito feminina, matriarcal. Então, como sempre as pessoas que trabalhavam comigo são pessoas da minha família, meus amigos, minhas amigas, sempre tiveram muitas mulheres trabalhando comigo desde a época que eu tinha o estúdio de tatuagem, que é o meu primeiro investimento e foi aberto por causa de uma mulher que é a Tati. É a primeira tatuadora do estúdio e tal enfim. Mas, na estrada, minha equipe sempre foram só homens e, nAQuadrilha, no escritório, o que domina são as mulheres. Eu acho que o que rolou foi que elas pegaram, na verdade, uma posição de destaque, de decisão mesmo, de fala mesmo dentro da parada. Eu acho que eu, querendo ou não, ainda meio que tenha a última palavra, mas é meio que…Tá ligado? (risos)
POPline: Por você estar trabalhando com outras mulheres, como está sendo lidar com essa questão da masculinidade no ambiente de trabalho também?
Eu acho que você passa a notar. Sacou? Você passa a notar que, quando a gente chega nos lugares para trabalhar, às vezes os cara não dá uma atenção para as meninas está e mal sabem eles que foram elas, as vezes, que idealizaram o bagulho todo ali, que está acontecendo. E você passa a notar isso, você passa a falar ‘será que eu também não faço isso’, ‘será que meus amigos não fazem isso?’. Eu tive uma oportunidade diferente dos mano que foi ir para a faculdade e lá eu já tinha convivido muito com esse questionamento. Ainda mais universidade pública tal. Então, eu tinha convivido muito com esse questionamento. Outra coisa, mas eu comecei a reparar isso nos meus amigos, na relação que eu tinha com os meus amigos e, às vezes, em não questiona-los. Tem muita coisa que você já não acha graça. Lá no ‘Heresia’, eu falo ‘tem quem acha graça zoar veado, eu acha engraçado racista baleado’ e tal. Você vai meio que perdendo a graça de certas coisas. Algumas coisas que são politicamente incorretas e a gente acha graça a vida inteira, pá e tal, involuntariamente, não é por mal, não é por bem, não é por nada. Só que foi engraçado. Só que tem coisa que começa a parar de realmente ter graça, tipo, perdeu a graça e só isso. Porque você começa a perceber que não tem nada naquilo, tipo ‘ah viado’…Tá, tipo, não teve graça. Não é forçação de barra, não. É porque você começa realmente [a não achar mais graça]. Eu acho que uma coisa do esclarecimento que é o seguinte véi, depois que você se esclarece a respeito de alguma coisa, sua mente não volta mais. Você não consegue. É meio que vira uma chave. Você fala assim, ‘não tem graça’. Claro que, quando você está com seus amigos, por exemplo, igual eu e o Léo Gordo, dois caras pretos retinto, a gente fala várias coisas entre nós, uns zoando o outro de parada de preto mesmo, mas é outra coisa. Agora, quando a gente está no dia a dia e vê as pessoas fazendo essas piadas e a gente vê que existe uma perversão naquela graça, não tem graça, simples. Então, assim, eu acho que em relação as mulheres e tal, pela convivência com as mulheres, eu comecei a perceber nas pessoas que eu convivi, nas minhas relações, coisas que talvez eu fazia, eu vivia, eu achava graça que não fazem mais parte de mim. Continuo sempre sendo questionado. E é muito louco ver o processo, de ver aquele tanto de marmanjo lá do bairro tal – de outra criação, totalmente diferente – lidando com esse mundo artístico e lidando com o mundo feminino e se transformando. E, também, sem hipocrisia de falar que todo mundo é gente boa demais e perfeito demais. Zero isso. Mas a gente vai caminhando.
POPline: Desde o lançamento do “Nu”, teve o estouro da Marina Sena, FBC também fazendo sucesso com o ‘Baile’. É um plano de dominação mundial de Minas Gerais?
A gente é suspeito pra falar, mano. A gente, nós é nós, mano. Porra. É BH, mano, BH é nós…É isso, não tem jeito. Eu fico feliz de serem todas as pessoas que eu conheço e de que alguma forma eu fiz parte disso do mesmo jeito que eles fizeram parte do meu sucesso também. É só alegria, mano.
POPline: eu acho que AQuadrilha tem uma relação com esse movimento que vocês fazem. É o resultado disso.
É o resultado disso. Você fala do FBC, por exemplo. FBC vem lá da época do duelo. A gente se encontra ali no dever, ele vê meus bagulho dar certo, eu trago FBC comigo para estrada, depois o FBC vai pra carreira solo dele, eu conheço Marina Sena, [Marcelo] Tofani, galera do Rosa Neon…O disco da Marina, o ‘De Primeira’, saiu pela AQuadrilha também. Vem a Marina e dá certo. Sidoka cola com nós, dá certo também. E AQuadrilha é um resultado disso tudo. AQuadrilha vem por último e eu acho isso tudo é uma vontade de fazer essa rapaziada dar certo tanto quanto a galera que veio antes.
POPline: Seu seu álbum vai ser lançado agora, nesse intervalo entre o primeiro turno e o segundo turno das eleições. Você acha que esse disco conversa, de alguma forma, com o cenário político atual?
Sempre conversa.
POPline: De qual forma?
Quando a gente está falando sobre construção da masculinidade, por exemplo, para mim é a resposta do porquê tantos homens frustrados e esquisitos votam no Bolsonaro. Quando a gente fala sobre o jeito que a indústria funciona e que solta coisas e informações massificadas e tal, para mim a resposta do porquê tanta gente vota no Bolsonaro. Ao mesmo tempo, quando a gente fala de de vitória dos preto, ali quando eu e Tasha e Tracie falamos disso, é o resultado inúmeras políticas sociais que rolaram antes de Bolsonaro e por aí vai. Acho que conversar, sempre conversa.
POPline: Neste final de semana, você gravou um vídeo – que repercutiu muito nas redes sociais – falando, justamente, sobre alguns fãs algumas pessoas que curtem o seu trabalho e apoiam Bolsonaro. Você atribui esse movimento entre os fãs de rap a um motivo maior?
Isso é só a consequência da música ter ficado popular para c*ralho. É isso. É o ônus da parada, mano, veio dinheiro para c*ralho, veio fã para c*ralho, é show lotado, é festival todo dia, mas é tudo quanto é tipo de gente, não é mais um movimento segmentado pra c*ralho, onde todo mundo pensa muito parecido. Faz parte! Faz parte mas não faz sentido.
POPline: Você está esperançoso?
Sobre o que?
POPline: Sobre tudo.
Estou, mano. Tem que estar esperançoso. Tem que acreditar. Tudo o que nós fazemos é porque nós acreditamos. Se não acreditar, fodeu véi. Sério mesmo. Tem que acreditar. Todo dia eu levanto e eu acredito, velho. Por isso que eu não paro de fazer disco, por isso que eu não paro de fazer música, por isso que eu não paro de ir para os meus show. Eu tenho que acreditar, nem que seja pelos meus filhos. Eu tenho que acreditar.