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Djonga aciona advogados contra condenação da frase “fogo nos racistas”

Frase, popularizada pelo rapper na música “Olho de tigre”, foi usada por uma enfermeira em denúncia de racismo

(Foto: Divulgação/ Daniel Assis)

Depois de se manifestar nas redes sociais, Djonga entrou na Justiça contra a decisão judicial que decretou a retirada de um post com a frase “fogo nos racistas” da conta pessoal de uma enfermeira negra no Facebook. A mulher, que denunciava um caso de racismo em uma loja de Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, precisou pagar uma indenização de danos à imagem.

(Foto: Divulgação/Jel Delgado)

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Segundo o site Alma Preta, Djonga acionou sua equipe de advogados — Ariel Chacão, Karina Galvão e Aristides Chacão — para tentar recurso junto de Elaine Gázio e Adlya Gázio Papandréa, que já vinham fazendo a defesa da enfermeira. O pedido baseado em contradições, vícios e pontos obscuros na decisão foi feito na última sexta-feira (29), prazo máximo para contestar a decisão.

O juiz que julga o caso avaliou que o post feito pela enfermeira que descrevia como a sua irmã tinha sido humilhada, xingada e agredida fisicamente pela dona da loja deveria ser retirado e que ela ainda deveria pagar uma indenização por ter danos à imagem do estabelecimento.

“É como se dissesse que a imagem de uma loja, onde aconteceu um caso emblemático de racismo que causou traumas numa família inteira, é mais importante do que o sentimento e a liberdade de expressão de uma mulher negra”, pontuou a advogada Karina Galvão.

Música “Olho de Tigre“, de Djonga, leva a frase em sua letra

A loja alegou ter tido prejuízos em sua defesa. Foi organizado um protesto popular antirracista na frente do estabelecimento e “fogo nos racistas” foi pixada. A mesma expressão estava na imagem de um cartaz na publicação, reproduzindo um slogan da luta antirracista no Brasil e um dos versos da música “Olho de Tigre”, de Djonga.

“O racismo estrutural também tem está presente no sistema jurídico e afeta cada vez mais as decisões, gerando uma jurisprudência enraizada na discriminação. A condenação que estamos tentando reverter é muito perigosa para a luta antirracista. É uma forma de silenciar a comunidade negra que se posiciona contra o racismo. Aliás, o racismo é crime”, afirma o advogado Ariel Chacão.

Entenda o caso

Tudo aconteceu em setembro de 2019. De acordo com a enfermeira, a irmã tinha sofrido um problema capilar e estava careca, por isso foi até a loja e comprou um adereço para a cabeça que custava R$100. No entanto, ao chegar em casa, ela notou que deram para ela um produto que custava R$70, então ela voltou na loja para fazer a troca, quando a dona da loja recusou-se.

Ela conta que a dona da loja teria dito que não era problema dela que a irmã era “negra, careca e uma cadela”. A proprietária do estabelecimento teria pego um ferro e bateu na cliente, além de fazer ofensas como “sai daqui sua cadela” na frente de funcionários e de outros clientes.

A dona da loja teria expulsado a moça, puxado sua peruca, deixando ela constrangida diante das pessoas. A polícia foi chamada, porém, o caso acabou sendo arquivado porque as testemunhas eram a própria dona da loja e sua funcionária.

Nove meses depois, decepcionada com a ação da polícia e da justiça, a enfermeira fez o post na sua conta do Facebook. Na época, a música do Djonga já era considerada um hino antirracista.

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