No dia 10 de fevereiro a música pop nacional recebeu, de braços abertos, o novo álbum de Gloria Groove, chamado “Lady Leste” – uma homenagem da drag queen a região em que cresceu na capital paulista. Para o lead-single, a artista escolheu “Vermelho“, música que carrega uma honraria: versos de um dos principais nomes do funk paulistano e precursor do que ficou conhecido como “funk ostentação”.
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O hit “Mina de Vermelho“, de MC Daleste, é um marco para a história do segundo gênero musical mais escutado no Brasil e que é comemorado a nível estadual, em São Paulo, nesta quinta-feira (7).
O Dia Estadual do Funk de São Paulo foi escolhido em homenagem a Daniel Pedreira Senna Pellegrine, nome de batismo do cantor, morto após ter sido baleado na barriga durante um show em Campinas no dia 6 de Julho de 2013. Ele foi levado para o Hospital Municipal de Paulínia, mas não resistiu e faleceu duas horas depois, já no dia 7.
A data que celebra o ritmo em São Paulo foi sancionada pelo ex-governador do Estado, Geraldo Alckmin, dois anos após a apresentação do projeto na Câmara pela sambista e deputada estadual Leci Brandão, do PC do B.
“Esse projeto de lei pretende reconhecer que essa legítima manifestação cultural e musical de caráter popular é digna do zelo do Poder Público. (…) O que desejamos com esta proposição, portanto, é que a lei contribua para que os artistas desse gênero musical sejam reconhecidos e protegidos contra qualquer tipo de discriminação e de desrespeito aos seus direitos profissionais”, escreveu Leci no texto do projeto.
Quem foi Daleste?
A morte prematura do funkeiro, quando ele tinha apenas 20 anos, não o impediu de entrar para a história da música urbana contemporânea. Transitando entre diversos estilos dentro do funk, o talentoso Daniel Pellegrine era dono de um carisma incontestável. Introduzido no universo da música por Mc Keke, ele foi do ‘proibidão’ ao ‘funk de relato’, mas conquistou projeção nacional com hinos do ‘funk ostentação’ – estilo que fomentou o gênero no estado de São Paulo.
Foto: reprodução YouTube
Além de “Mina de Vermelho“, outros hits de Daleste entraram para a trilha sonora de uma juventude que vivia um período socioeconômico inédito na história do Brasil, com a valorização do real e o aumento do poder de compra da população mais pobre. “Angra dos Reis (São Paulo)”, “Mais Amor, Menos Recalque”, “Deusa da Ostentação” e “Ostentação Fora do Normal” (com MC Léo da Baixada) são, até hoje, lembradas com carinho pelos funkeiros.
No ano passado, a última música de Daleste, guardada pelo produtor DJ Wilton, foi lançada como uma homenagem e em parceria com MC Hariel.
A luta por um ‘Dia Nacional do Funk’
Desde o dia 12 de Julho de 1970, data do Baile da Pesada, o movimento e a cultura funk resistem ao sistema racista e elitista que busca criminalizar o gênero. No empenho por reconhecimento do poder público e da sociedade como um dos principais movimentos culturais do país, MCs, beatmakers, produtores de eventos e outros componentes deste universo lutam pela institucionalização do ‘Dia Nacional do Funk’.
Em parceria com os movimentos e coletivos culturais, o Deputado Federal Alexandre Padilha, do Partido dos Trabalhadores, apresentou um projeto de lei para a criação do feriado em junho do ano passado, o (PL) 2229/2021.
“A criação de um dia nacional para celebrar a cultura funk significa a institucionalização de um espaço para que se discutam políticas públicas capazes de atender as demandas das comunidades onde o movimento é mais forte, gera renda e oferece à população uma possibilidade de lazer”, diz o texto de apresentação do projeto.
A data em questão seria o dia do Baile da Pesada, realizado no Rio de Janeiro e tido como o primeiro baile funk do país.
