Com um currículo que acumula cases de sucesso com artistas como Jennifer Lopez, Bad Bunny, Maluma, Ludmilla, Thalía e até mesmo Will Smith, o venezuelano DalePlay vem despontando no mercado latino e fazendo história com a mistura de gêneros e referencias musicais que usa em suas produções.
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O produtor esteve no Brasil e participou do Fine Camp, um song camp comandado pela gravadora Fine Business Music, que contou com mais nomes como Carol Biazin, Day Limns, Carolzinha (Carol e Vitoria), Papa – artista brasileira que o produtor está trabalhando há dois anos, entre outros. Em entrevista ao POPline.Biz, o DalePlay falou sobre a sua visão da música latina e como Brasil está inserido nesse processo, a influência de redes como TikTok na produção musical da atualidade e um pouco da sua relação com a música brasileira.
O Brasil e a música latina
Questionado sobre como ele, que já trabalhou com nomes tão relevantes, analisa o mercado da música latina hoje e as possibilidades de inserção e crescimento da música brasileira em escala global, DalePlay revela que hoje o mercado latino é um dos mercados mais disputados pela indústria musical.
“A pergunta que não se cala é: Brasil faz parte desse mercado latino? Poderíamos debater aqui esse impasse começando pelo fato de que o país em si não fala espanhol. Acredite, vários brasileiros que conheci preferiam falar em inglês pois não falavam espanhol, tão pouco entendia uma sequer palavra que eu dizia”, comenta o produtor.
Segundo ele, isso o interessou a questionar: “Como pode um país tão grande, o maior da América Latina, não dominar a língua que se fala em toda América Latina?”. Para DalePlay, é daí que vem a primeira barreira entre o mercado musical latino e a música brasileira, “comunicação”.
“As razões são inúmeras e podemos até regressar no século XIX, mas vamos focar no agora. O mercado da música brasileira pode viver sem o resto do mundo, e viver muito bem. Mas eu acredito que seria uma pena o mundo viver sem a música brasileira“, destaca.
E completa: “A riqueza do mercado brasileiro é incrível, são inúmeros gêneros de música em um país só e é impossível saber o que vai ser o próximo som. Não existe dúvida que já existe a inserção da música brasileira no mundo! Claro que não em grande escala mas consigo ouvir Bossa nova em arranjos de produção atual, samba em música eletrônica e aí vai…”
Ele revela que usou um pouco do funk nas suas produções de J.Lo, “El Anillo”, e em “Esta Rico”, de Marc Antony, Will Smith e BadBunny. “Agora, o crescimento dessa inserção dependerá de vários fatores, qualidade da música, comunicação (língua) e constância de produção, ou seja teríamos que ter vários artistas brasileiros com o mesmo interesse”, comenta o produtor.
Para ele, canções como “Mas que nada”, “Aí se eu te pego” e “Garota de Ipanema”, que fizeram muito sucesso no mundo todo, sem acompanhamento posterior vira um “sucesso isolado”. “Por que não temos mais de “Garota de Ipanema”?”, questiona DalePlay. “Por que não temos mais representantes desse mercado rico de cultura musical lá fora? Acredito que o crescimento está sendo despertado e o “acordar” vai depender de muito trabalho e mente aberta!”.
Redes sociais e produções musicais
Que as produções musicais estão cada vez mais curtas, com introduções praticamente existentes e em alguns casos, direcionadas para o sucesso nas plataformas digitais, principalmente o TikTok, isso é um fato. Questionado como essas plataformas influenciam nas produções e quais são as tendências musicais da atualidade, DalePlay revela que tem percebido que “nosso cérebro está sendo “moldado” e como nossos ouvidos estão cada vez mais impacientes“.
“A primeira razão seria “attention span” [o período de tempo durante o qual uma pessoa é capaz de se concentrar mentalmente em uma atividade específica] e outra razão seria a parte de econômica do negócio da música”, destaca.
Mas revela que no momento não se sinto influenciado pelo TikTok nas suas produções. “Reparei que vários colegas sempre citam essa plataforma no processo de criação e por um momento está ok. Mas criar já pensando na dancinha ou no possível “challenge” ou possibilidade da música ser viral, é limitante e cria até um certo tipo de ansiedade desnecessária em um momento que deve ser leve. A tendência musical do momento é realmente a música latina, com um possível retorno do rock e com pop drill também na tendência”.
Influência da música brasileira
Com o song camp no Brasil, o produtor teve contato direto com novos talentos da música do país. Questionado se ele já acompanhava esses artistas anteriormente e como foi feito o convite para vir para o Brasil, fazer esse Song Camp e reunir esses artistas, Dale responde que foi algo bem orgânico, sem nenhuma fórmula ou receita. E revelou que não acompanhava nenhum dos artistas ou compositores que conheceu lá.
“Não tínhamos uma meta final ou pressão em criar e acredito que seja por essa razão que o que foi criado ali foi único e muito bom! A Fine Business também trouxe para o camp grandes compositores como Eudis Ruiz e Delacosta, que já trabalharam com J.Balvin, Nicky Jam e Manuel Turizo. Tivemos no camp compositores de todos backgrounds, e iniciantes também. A troca de energia e conhecimento foi algo único e marcante”, destaca.
É sabido que o Brasil possui inúmeras influências histórico-sociais que impactam diretamente na nossa cultura e ritmos. Questionamos: Você já sabia dessa pluralidade brasileira e quais músicas e ou artistas que você mais conhecia? Como tem sido conhecer mais sobre o país e o processo de produção musical? Dale responde:
“Sobre essa pluralidade e influências estou aprendendo agora, o Brasil é muito rico em si e a cultura é vasta. Sei que cada som tem uma influência e uma história. Tive a honra de presenciar pela primeira vez um ensaio de uma das maiores escolas de samba do Brasil a linda Beija-Flor e já agradeço a Marina Kalil, Gabriel David e Giovanna Lancellotti por me receber com carinho e me ensinar sobre mais uma parte desse Brasil rico de cultura, música e arte (o samba)”, revela encantado.
E finaliza: “A experiência foi algo de levar para vida toda! O talento de cada um daqueles sambistas, músicos, cantores, passistas não tem preço não tem como explicar tem que estar lá pra sentir na alma. Estou mais apaixonado pelo Brasil!”.