Após um longo período, os festivais de música finalmente começaram a divulgar suas programações para edições presenciais este ano, graças ao aumento da taxa de vacinação e diminuição das restrições por conta da Covid-19. Analisando esse cenário, o Coquetel Molotov (CQTL) fez uma pesquisa observando 20 festivais da cena alternativa nacional sendo eles: Breve, Carambola, Coala, CoMA, Coolritiba, DoSol, Fervo, Forró da Lua Cheia, Guaiamum Treloso, João Rock, MADA, Mita, Nômade, Queremos, Rock the Mountain, Sarará, Turá, Vaca Amarela, Verão de BH e Zona Mundi.
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“Este é um recorte bem particular dos festivais brasileiros, tendo em mente que só a Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes) tem mais de 110 festivais filiados e a maioria deles ainda não lançou sua programação para este ano. Dentre os que foram analisados para esta pesquisa, a metade é filiada a esta associação. Mas para além disso, é bastante salutar ver um retorno saudável e com tanta diversidade musical nos palcos do país.“, afirma o relatório da Pesquisa.
De acordo com a análise, 26 artistas aparecem em pelo menos 3 dos festivais. Desses 26, 15 são homens, totalizando 58% dos artistas mais disputados. Os 3 artistas mais requisitados aparecem em 6 dos line-ups e todos já passaram pelo palco principal do Coquetel Molotov. São eles BaianaSystem e Djonga, que já há algum tempo furaram a bolha independente. A única mulher a aparecer em tantos line-ups foi a aposta do CQTL pra edição presencial do ano passado, a revelação de 2021, Marina Sena.
Reafirmando o grande momento da música baiana, Luedji Luna e Baco Exu do Blues aparecem 5 vezes, seguidos também de Áttoxxà e da revelação Rachel Reis que foram anunciados em 4 dos festivais analisados.
MPB, Hip-Hop e presença feminina
A análise do Coquetel Molotov destaca que ícones da MPB cada vez mais tem aparecido nos line-ups dos festivais independentes em meio a novidades da música nacional. Neste ano, Gal Costa é a mais disputada, aparecendo em 4 cartazes, sendo seguida por Alceu Valença presente em 3 dos festivais listados, além de outras duas apresentações com o clássico show “O Grande Encontro”. Os artistas Caetano Veloso, Gilberto Gil e Zeca Pagodinho aparecem em 2 lineups de festivais.
O Hip-Hop já vem dominando os line-ups dos festivais independentes há algum tempo e como foi citado acima, Djonga e Baco são os dois nomes mais repetidos na programação dos eventos deste ano, seguidos por FBC e Black Alien que aparecem 4 vezes. Mas infelizmente a predominância masculina entre os nomes mais lembrados do gênero ainda é gritante. Gloria Groove quebra esse padrão, figurando em 3 dos festivais analisados – mesmo número que outros nomes de destaque da cena como Emicida, Matuê, Xamã e Coruja BC1.
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A presença feminina é definitiva quando se trata de uma linguagem assumidamente pop, cantoras em carreira solo: Duda Beat segue sendo uma das mais lembradas pelos produtores, figurando em 4 line-ups; enquanto Céu e Majur aparecem em 3 dos cartazes. A maior novidade é a baiana Rachel Reis, que é uma das Artistas Para Ficar de Olho do YouTube 2022, que aparece em 4 festivais.Silva é o nome solo masculino mais presente nas lines.
Os Grupos e bandas independentes são exceções entre os mais bookados, com o rock ficando de fora dessa lista. Francisco El Hombre, Tuyo e Luisa e os Alquimistas são grupos com forte identificação com a cena independente, além de presença feminina e foram lembrados 3 vezes pelos produtores. Os Gilsons aparecem 5 vezes, enquanto Attoxxa, Lagum e os veteranos da Natiruts aparecem 4 vezes.
Ainda existem festivais com programações praticamente 100% masculina, mas em compensação temos eventos com presença feminina bastante forte com quase 70% da programação. No entanto, a pesquisa ressalta que entre as 26 atrações mais lembradas, só 11 são artistas femininas, abaixo do que é esperado de uma meta de equilíbrio de gênero, uma vez que metade dos festivais pesquisados não alcança nem 50% de atrações com mulheres em seu lineup.