O ator e apresentador Danilo Gentili acredita que a polêmica criada em torno do filme “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola” (2017) é uma estratégia política. Em entrevista ao programa de rádio “Morning Show”, da Jovem Pan, nesta terça (15/3), Danilo explicou que não resgataram um filme de cinco anos atrás para criticá-lo a troco de nada. “É cortina de fumaça”, diz o roteirista do longa-metragem.
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“Não é à toa que isso começou a ser encubado num domingo. Para quê? Para que, na segunda-feira, pautasse a semana. Isso é um método. Como passo por máquinas de assassinato de reputação há muito tempo, as coisas são muito claras pra mim. É justamente naquela semana que está todo mundo puto com o preço da gasolina, puto com o preço das coisas no mercado que aumentou. Não é coincidência que um filme de cinco anos atrás foi tudo que acharam contra mim, que foi cortado milimetricamente, que foi pulverizado em grupos de eleitores e simpatizantes do governo, em grupos de cristãos que se escandalizariam com isso. São pessoas que nunca viram o filme, não viram a cena completa”, declarou Danilo Gentili.
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Danilo Gentili fala em perseguição política
O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou, em caráter cautelar, a remoção do longa-metragem de todas as plataformas de distribuição no Brasil. Caso a ordem não seja cumprida, as empresas receberão multa de R$ 50 mil por dia.
“Eu tenho meus palpites do que por que isso está acontecendo: primeiro, é ano de eleição. Existe uma coordenação. Do jeito que foi feito, vocês vão ver que foi editado. Eles editam uma cena dentro de um filme, para dizer que aquilo é uma apologia a uma coisa que na verdade o filme está criticando e se colocando contra. Existe método”, comenta Danilo Gentili.
“Quando a gente tem uma pessoa mais independente, que não faz parte de panela de político A ou B, essa panela se volta contra essa pessoa. Já faz tempo que pedem minha cabeça no meu emprego. Se não é por isso, é por outra coisa. É por twittada… Não acharam nada contra mim, foram pegar um filme de 2017”, completa.
Qual a polêmica?
No fim de semana, líderes bolsonaristas começaram uma campanha virtual contra “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, divulgando uma cena do filme. Na cena, o ator Fábio Porchat, na pele de um pedófilo, incita que dois garotos menores de idade o masturbem. Porchat, porém, explicou que não se trata de apologia, porque o personagem é o vilão. Estão apenas retratando.
Danilo Gentili segue a mesma linha de discurso. “A cena em questão é uma pessoa que se apresenta como o melhor aluno da escola, que seria uma autoridade, pedindo coisas abjetas e absurdas para os alunos, que não obedecem ao cara só porque ele é uma autoridade. Então, na realidade, em momento algum, o filme faz apologia à pedofilia. O filme vilaniza a pedofilia”, defende.
“O filme é sobre isso: pessoas que se aproveitam de um discurso falso moralista, pessoas que se aproveitam de um discurso politicamente correto para fazer as maiores barbaridades do mundo. Esse é o âmago da cena”, conclui.