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Como Lexa conseguiu reescrever sua própria história, cair no gosto popular e entrar no disputado clã de artistas pop?


Lexa vive um ponto alto em sua carreira. No último mês, ela fez 20 shows em 30 dias, desfilou em escolas de samba, participou de blocos de Carnaval e viu seus números de seguidores aumentarem exponencialmente. São sintomas da boa fase profissional, com um punhado de hits na boca do povo. Lexa se segura no Top 40 do Spotify Brasil com três singles simultaneamente – “Sapequinha”, “Provocar” e “Só Depois do Carnaval”, sua trilogia funk, que lhe rendeu até convite para turnê internacional. Não foi sempre assim, no entanto. Muito pelo contrário.

Ela levou quatro anos de trabalho, com altos e baixos, para chegar a esse lugar. O single que a apresentou ao país, “Posso Ser”, saiu em 2015. Lexa era tida como “a próxima Anitta”, por trabalhar com parte da equipe que catapultou a carreira da popstar de “Bola, Rebola”, incluindo sua ex-empresária. As comparações não lhe ajudaram em nada, pelo contrário. O Brasil não precisava de uma nova Anitta. Por muito tempo, o talento e o potencial de Lexa foram ofuscados por uma tentativa – não dela, mas mercadológica – de rivalizá-la com aquele que havia se tornado o maior nome pop do país.

O namoro com Guimê ajudou seu nome a não sair dos holofotes. Todo mundo sabia quem era Lexa, mas essas pessoas não se interessavam necessariamente por ouvir suas músicas. Os mesmos veículos que abriam espaço para divulgar fotos e detalhes do casamento deles, por saber que dava audiência, demonstravam resistência para promover os singles dela. “Lexa sempre teve uma grande aceitação na mídia. No entanto, o nome dela era maior que sua música. Os leitores dos veículos de comunicação se interessavam mais sobre sua vida amorosa, boa forma do que sobre sua carreira”, conta Thiago Marques, assessor de imprensa da cantora, “Sapequinha mudou tudo. Com o single estourado, Lexa passou a ser vista como artista, que sempre foi”.

Os números não mentem. Lançada em agosto de 2018, “Sapequinha” foi responsável pela guinada na carreira de Lexa. O vídeo da coreografia se tornou o mais visto do Brasil, atualmente com 117 milhões de acessos no Youtube. É também o vídeo mais visto da Lexa na plataforma. O single se tornou o primeiro dela, durante todos esses anos, a entrar na lista das 50 mais tocadas do Spotify, em outubro. E está lá até hoje, estável no Top 40. “Graças a Deus, bombou. Minhas músicas são muito linkadas à coreografia. Eu vendo muito isso: música com coreografia. Hoje, a coreografia faz a música andar. Não existe só uma música boa. Você tem um clipe bom, uma coreografia boa, um enredo bom, uma história, um planejamento, senão nem adianta lançar”, pontua a artista.

Fazer “Sapequinha” foi uma vontade dela própria. Seu público já estava confuso. Lexa vinha experimentando coisas diferentes e chegou até a lançar uma balada com ares gospel antes desse funk pesadão. Ela teve que parar, dar um passo para trás e se reestruturar. Conta ao POPline que fez um estudo e uma análise da própria carreira. “Eu sentei e falei: ‘1) aonde quero chegar? 2) O que eu tenho para oferecer? 3) O que as pessoas mais gostam de consumir de mim?’. Fiz uma análise e a música que as pessoas mais gostam no show é ‘Para de Marra’, que é um funk. Eu amo funk, só que as pessoas sempre falaram ‘você canta tão bem, faz isso, faz aquilo’, e eu fui indo para um caminho, que amo também, mas que o consumo era menor. Pensei: ‘eu amo funk, é o que as pessoas mais pedem de mim, e tenho que fazer um funk que seja a minha cara'”, lembra.

Ela entrou em estúdio com a equipe de produção Hitmaker. O nome da música surgiu de maneira muito simples. Lexa perguntou “que palavra me descreve?” e a resposta veio rápida. “Sentimos que era o momento de criarmos um funk bem dançante, que descrevesse a energia e a alegria que Lexa exala pelos palcos”, diz Wallace Vianna, um dos compositores e membros do Hitmaker, “Ela é sempre cheia de ideias mas nos deixa bem a vontade também pra criarmos livremente e apresentarmos a nossa forma de pensar a ela. Sem contar nas risadas né? Sempre feliz, pra cima, isso facilita demais o trabalho de todos”.

Com “Sapequinha” estourada, Lexa teve o timing perfeito para lançar “Provocar” – parceria com Gloria Groove, única drag queen atualmente no Top 50 do Spotify – e em seguida “Só Depois do Carnaval”, com um clipe gravado em uma favela de São Paulo. Pronto, caiu no gosto popular. As músicas massivas somadas à simplicidade e à humildade da artista cativam. No meio do Carnaval, ela cumpriu um agenda exaustiva, virando dias com poucas horas de sono. Recebeu elogios sinceros de jornalistas por, ainda assim, sempre atender a imprensa com atenção e carinho. Lexa sabe que é uma vida de mão dupla.

“É muito louco, porque eu trabalho demais. Minha mãe é minha sócia e tem um outro sócio, então tecnicamente somos nós três e uma gravadora. A gente que faz tudo. A gente tem nossos funcionários, então a gente tem que fazer essa gestão, mas é tanta coisa, tanta informação chegando, pedido de feat, que a gente fica meio tonto para digerir”, ela admite, já fazendo planos para o próximo lançamento, uma parceria com MC Kekel. A música vai dialogar com sua trilogia funk. Voa, Lexa!

– “Sapequinha” conta a história de uma menina, que gosta de mostrar a que veio. “Provocar” é uma amiga junto com a “Sapequinha”. “Só Depois do Carnaval” é as duas amigas em ação. Só que essa próxima conta a história de uma dessas amigas se enrolando com um relacionamento que aconteceu só depois do Carnaval. O enredo vem todo conversando. A próxima música conta o resultado de “Só Depois do Carnaval”, com uma produção totalmente diferente.