Se você tem acompanhado essa coluna, já sabe que não me identifico com o que está nas paradas atualmente e que ando saudosista de uma música pop mais relevante culturalmente. Eu tinha esperanças com o lançamento do Justin Bieber, mas o que foi aquilo? Não conheço ninguém que tenha gostado verdadeiramente do “Changes”. As músicas do Justin Timberlake para o “Trolls 2” também não fizeram cosquinha. Eu simpatizei com “The Other Side”, com a SZA, mas ao mesmo tempo ela me parece uma música preguiçosa. Nunca mais botei para tocar.
Justin Timberlake faz falta. Entre os álbuns “FutureSex/LoveSounds”, que vendeu dez milhões de cópias, e o “The 20/20 Experience”, se passaram mais de seis anos. E o que todo mundo pedia era “volta, Justin!”. Existe um público, acima dos 30, saudoso de seu estilo canto-e-danço-e-me-aproprio-culturalmente. “Man of the Woods” (2018) foi decepcionante para a maioria de nós. Não salvo nada ali. Finjo que nem aconteceu. Justin faz falta, mas aceito esperar mais um pouco, se isso significar ele encontrar um sentido para si mesmo no mercado atual.
Temos Bruno Mars, que migrou para Las Vegas depois de uma turnê mundial de um ano e nove meses, com 215 shows no total. Bruno nunca errou. Seus três álbuns são incríveis, e seus shows conseguem ser ainda melhores. Superperformático! Faz falta. Se você não teve a chance de vê-lo ao vivo ainda, compre o ingresso na próxima vez que tiver oportunidade. Ele se supera a cada trabalho. Tem estado em estúdio desde o ano passado, o que me deixa animado para alguma surpresa, mas também assinou contrato com a Disney para um musical, o que pode adiar planos para um álbum próprio. Vamos acompanhar.
Recentemente, publiquei aqui no POPline uma matéria sobre o projeto secreto que Beyoncé vem desenvolvendo, com gravações de vídeos em vários países. Juntando todas as informações, concluo que pode ser um filme para o álbum “The Lion King: The Gift”. Como ela lançou o “Homecoming” um ano depois do show no Coachella, não seria absurdo lançar um visual para o disco tanto tempo depois também. Não é exatamente o que eu estava esperando, mas ela sempre faz algo digno de atenção. Parece-me que Beyoncé está em outra ultimamente e que a fórmula álbum+tour não a satisfaz no momento.
Mal ou bem, dela temos novidades frequentemente, mas e de Rihanna? Fora as linhas de maquiagem e lingerie, nada. Rihanna absolutamente deixa saudade. Na última semana, até saiu uma música do PARTYNEXTDOOR com ela (“Believe It”), mas ninguém pareceu dar muita atenção. É mais ou menos como se o público dissesse: “poxa, esperamos tanto tempo para você voltar com feat. na música dos outros?”. O álbum novo segue uma lenda. Ela já disse que será um disco de reggae e tenho minhas dúvidas se o grande público vai aderir.
Britney Spears, com todos seus problemas pessoais e familiares, cancelou a única coisa que os fãs tinham, que era sua residência de shows em Las Vegas. Ela estava prestes a estrear um show novo, em um teatro diferente, quando suspendeu todas as atividades profissionais. Os motivos foram justos (ela foi para uma clínica de reabilitação e tudo) mas definitivamente há uma parcela do público que teme por sua aposentadoria definitiva. O título de “princesa do pop” veio quando éramos adolescentes e os fãs conquistados nessa fase são fiéis até hoje. Mesmo seu último álbum (“Glory”, 2016), que não fez tanto sucesso, entregou boas faixas para dançar.
E Adele, gente? Alguém precisa convencê-la a trabalhar mais. Os longos intervalos entre álbuns são eficazes para catapultar as vendas nos lançamentos, mas nos deixam abandonados por muito tempo. “25”, seu último disco, fará aniversário de cinco anos em novembro. Eu espero que o álbum novo saia perto disso. Adele é sem paralelos. A cara do pop adulto. Estou ansioso pelas músicas de mulher divorciada.
No pop nacional, acho que são Sandy e Wanessa Camargo que fazem mais falta para o público. Com estilos completamente diferentes, atendem a demandas distintas dos ouvintes. Sandy fez uma turnê grandiosa com o irmão Junior no ano passado, o que mexe com o saudosismo de todos, mas os fãs já estão ansiosos por seu retorno solo. Ela pretendia lançar quatro músicas neste ano, antes da pandemia do coronavírus. Seus shows são de mesas e cadeiras, para se assistir sentado. Muita gente vai de casal. Wanessa, por sua vez, apesar de todos os desvios confusos da carreira, se pautou mais pelo pop dançante. Os fãs vão aos shows para vê-la e para dançar. Muitos adultos sentem falta “daquela Wanessa” em um mercado que hoje em dia é muito apoiado no funk quando se trata de pop dançante. Os elementos que ela explorava eram outros e deixam uma galera abstente.
Já disse inúmeras vezes que adultos consomem música de uma maneira diferente que os adolescentes. Mas é importante que consuma! Seja quem for seu favorito nessa pequena seleção que me faz falta, dê atenção quando ele voltar com músicas novas. Vejo muita gente reclamando que seus ídolos não lançam nada e, quando os artistas finalmente aparecem, esses mesmos reclamões “deixam para depois” e não dão a mínima. Sei que a gente tem nossa playlist de estimação e que ela nos satisfaz, mas é preciso incentivar quem a gente gosta, senão não terá nada novo nunca. Quem você quer que volte logo?