O POPline traz com exclusividade o making of do clipe novo da Negra Li, “Comando”. O vídeo se passa inteiro em uma fazenda que usou mão-de-obra escravizada no passado. Ocupar esse espaço é importante para Negra Li. “A gente ainda precisa correr muito para alcançar aquilo que não teve e que nos foi tirado”, diz a artista.
O diretor João Monteiro concorda e afirma que o clipe é sobre ressignificar espaços. Para ele, o vídeo consegue levar uma nova energia e novas possibilidades para a fazenda, que tem esse passado tão pesado. “Mostrando a transformação dos tempos, com empoderamento feminino e empoderamento preto”, ressalta.
Veja o making of:
No making of, o diretor de arte Raul Nunes revela que usou obras de Beyoncé como referência. “Peguei como referência as simbologias que ela usa e tentei agregar ao máximo ao projeto da Negra”, conta o profissional, “ele é baseado na força da mulher e no poder da mulher preta”.
Música escolhida a dedo
No vídeo, a rapper e cantora fala sobre a escolha dessa faixa como single. “A música fala de força e empoderamento, principalmente falando de mim, desse meu retorno, dessa minha nova versão. A gente escolheu ela como primeira música para que as pessoas entendam como vou chegar e como vai ser daqui pra frente”, diz.
Em entrevista ao POPline, Negra Li explicou ainda que essa música chegou depois de seus 40 anos, de uma separação e de um novo contrato de agenciamento. “De 2019 para 2020, eu fechei um ciclo. Em 2020, comecei uma outra mulher, um outro pensamento”, pontuou.
“Esse comando todo, é o comando da minha própria vida, da minha trajetória e da minha carreira agora. Estou fazendo tudo do jeitinho que eu gostaria e com uma equipe maravilhosa que abraçou essa causa junto comigo. No clipe, eu quis falar ainda mais do que na música. Já que o clipe é imagem, não tem como, uma pessoa como eu carrega, naturalmente, o fato de ser uma mulher preta, na base da pirâmide da sociedade, com todas as coisas que sofre, não tem como, já vem comigo. Junto com a música, que fala sobre empoderamento, dessa minha nova fase, dessa mulher que se descobriu, viu a importância da referência que tem musicalmente como mulher, com tudo assim. Eu aproveitei isso na música pra relatar o racismo, para relatar o sofrimento que a gente ainda passa pelo preconceito racial, por sermos ainda atingidos por conta disso”, compartilhou.