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Clara Alves volta à Bienal do Livro com Conectadas: “nossas vozes continuam ecoando”

“Quando eu era adolescente, quase não havia livros com protagonismo LGBTQIAP+”, diz autora.

(Foto: Divulgação)

Clara Alves é um dos nomes confirmados na programação da Bienal do Livro. Seu livro “Conectadas”, publicado em 2019, continua na lista dos mais vendidos da Veja e da Publishnews até hoje. Por isso, ela participará da mesa “Os Novos Rumos da Literatura LGBTQIAP+ Young Adult” no dia 9 de dezembro às 19h.

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“Conectadas” conta a história de amor entre Ayla e Raíssa, que se conhecem em um jogo online e se apaixonam. O problema é que Raíssa joga com o avatar de um garoto e não conta inicialmente para Ayla que, na verdade, é uma garota. O livro se tornou sucesso entre os jovens e é constantemente recomendado por influenciadores no TikTok.

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POPline – Como é estar na programação do Bienal do Livro?

CLARA ALVES – É a segunda vez que sou convidada para a programação oficial e ainda sinto como se fosse um sonho. A Bienal do Livro é sem dúvidas um dos eventos literários mais importantes do país e estar nele me parece como uma validação, sabe? Um atestado de que eu consegui, de que estou finalmente trilhando o caminho que sempre sonhei em seguir. Além disso, estar numa mesa sobre literatura LGBTQIAP+ na Bienal é de uma importância gigantesca pra mim, especialmente depois de tudo que aconteceu na Bienal de 2019. Eu estive na manifestação que aconteceu naquele ano, junto com tantos autores incríveis, nossas vozes se unindo para clamar contra a censura; poder estar no palco agora, falando sobre todo o espaço que ganhamos desde então, do quanto a literatura YA LGBTQIAP+ cresceu no Brasil e de todos os espaços que ainda queremos conquistar, me emociona demais. Significa que nossas vozes continuam ecoando.

POPline – O livro continua fazendo sucesso dois anos após a publicação. Esperava essa longevidade?

CLARA ALVES – Nunquinha! Já sonhei com isso? Com certeza, mais vezes do que posso contar. Desde criança meu maior sonho é ser escritora, é viver de escrita, é saber que minhas palavras estavam chegando às pessoas. À medida que fui crescendo e entendendo como o mercado editorial funcionava, tive cada vez mais certeza de que isso nunca ia acontecer. Quantas vezes a gente não ouve que viver de escrita no país é quase impossível, que as pessoas não leem no Brasil, que a literatura está morrendo? Não importa o quanto você tente provar o contrário, chega uma hora que você começa a acreditar. Ver que Conectadas está derrubando essas barreiras e chegando a lugares que nunca nem sonhei chegar é muito gratificante.

POPline – Que tipo de feedback você recebe dos leitores?

CLARA ALVES – Os feedbacks são bem positivos, no geral: muitos adolescentes me mandam mensagem dizendo que se viram representados pelo livro, que minha história fez com que eles aceitassem suas sexualidades, ou entendessem a confusão que estavam vivendo. Outros, nem tão jovens assim, me dizem que gostariam de ter lido essa história quando eram mais novos. E eu entendo muito bem. Quando eu era adolescente, quase não havia livros com protagonismo LGBTQIAP+. Nossas vivências nunca foram palco das narrativas. Muito menos das narrativas felizes. Eu fico emocionada de saber que estou fazendo parte dessa mudança e oferecendo à nova geração o acolhimento que eu gostaria de ter tido.

POPline – A literatura com temática LGBTQIAP+ tem ganhado destaque no Brasil. Que outros atores você indica?

CLARA ALVES – Nossa, são tantos autores incríveis! Destaco alguns queridos que admiro muito: Maria Freitas, Juan Jullian, Thati Machado, Ana Rosa, Amanda Condasi, Deko Lipe, Vinicius Grossos, Paula Prata. Eles merecem todo o reconhecimento do mundo.

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