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Carnaval RJ: Conheça os enredos e sambas das escolas do Grupo Especial deste sábado

Tuiuti, Portela, Mocidade, Unidos da Tijuca, Grande Rio e Vila Isabel desfilam neste 2º dia

(Foto: SRZD)

POPline dividiu com você tudo que já sabemos sobre a primeira noite de Carnaval do Grupo Especial do Rio de Janeiro! Agora, chegou a vez de você ficar por dentro dos detalhes da segunda noite de apresentações, neste sábado (23), quando seis escolas fecharão os desfiles na Marquês de Sapucaí.

Foto: Alexandre Durão/G1

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Neste ano os desfiles do Rio de Janeiro acontecem simultaneamente com os de São Paulo. Caso você more em qualquer lugar do Brasil (exceto São Paulo), a TV Globo abrirá a transmissão logo após o BBB22. Mas o Globoplay estará com o sinal aberto para não-assinantes a partir das 21h. Então já anota aí o horário certinho das apresentações de suas escolas cariocas favoritas! Confira:

Paraíso do Tuiuti

A Tuiuti inicia a noite homenageando a negritude e suas personalidades. Às 22h, a escola levará para a Marquês de Sapucaí um enredo sobre as histórias de luta, sabedoria e resistência negra: “Ka ríba tí ÿe — Que nossos caminhos se abram”. Paulo Barros, carnavalesco da escola, destaca que o enredo vai exaltar a contribuição de grandes figuras negras para a humanidade e uma ode ao futuro da negritude.

“KA RÍBA TI YE – Que Nossos Caminhos se Abram”

“Olodumarê mandou
Oxalá me conduzir pelo céu da liberdade
Me falou Orunmilá
Vai, meu filho, semear pelo mundo a humanidade
Nos caminhos de Exu
Me perdendo encontrei nua e crua essa verdade
Que a raiz do preconceito
Nasce do olhar estreito da cruel desigualdade
Sou alabê gungunando o tambor
Trago cantos de dor, de guerra e de paz
Pra ver secar todo pranto nagô
E gritar por direitos iguais
Meu sangue negro que escorre no jornal
Inundou um oceano até a Pedra do Sal

Eh! Dandara!
A espada e a palavra, eh!
Não vai ser escrava
Hei de ver noutras negras minas
Um baobá malê que nasceu do chão
Pra vencer a opressão com a força da melanina

Negro é cultura e saber
Ka Ríba Tí Yê, caminhos de sol
Onde Mercedes, Estelas
Por becos e vielas
Se fazem farol
Pra iluminar Alafins
E morrer só de rir feito mil Benjamins
E cantar! Cantar! Cantar…
A beleza retinta que veio de lá
E cantar! Cantar! Cantar…
Pra saudar o meu Orixá

Ogunhiê! Okê arô!
Laroyê! Meu pai, kaô
Tem sangue nobre de Mandela e de Zumbi
Nas veias do povo preto do meu Tuiuti”

Portela

A Portela apresentará o enredo “Igi Osè Baobá”, dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage, retratando a simbologia dos baobás, árvores milenares originárias da África. Na avenida, a partir das 23h, a escola abordará a sabedoria, resistência e ancestralidade do baobá, que teve sua continuidade nas favelas, quilombos e periferias do Brasil.

“Igi Osè – Baobá”

“Prepara o terreiro, separa a mucua
Apaoká baixou no xirê
Em nosso celeiro a gente cultua
Do mesmo preceito e saber
Raiz imponente da “primeira semente”
Nós temos muito em comum
O elo sagrado de Ayê e Orun
Casa pra se respeitar: meu Baobá!

Obatalá, Colofé
(Tem) batucada no Arê
Pra minha gente de fé, Ayeraye
Nessa mironga tem mão de Ofá
Põe aluá no coité e dandá

Saluba, mamãe! Fiz do meu samba curimba
Mata a minha sede de axé
Faz do meu Igi Osè moringa
Quem tenta acorrentar um sentimento
“Esquece” que ser livre é fundamento
Matiz suburbano, herança de preto
Coragem no medo!
Meu povo é resistência
Feito um “nó na madeira” do cajado de Oxalá
Força africana vem nos orgulhar

Azul e “banto”, Aguerê e Alujá
Pra poeira levantar, de crioula é meu tambor
Iluayê na ginga do meu lugar
Portela é Baobá no congá do meu amor”

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Mocidade Independente

A Mocidade apresenta o enredo “Batuque ao Caçador”, uma homenagem a Oxóssi, orixá que tem sob seu domínio o arco e flecha. Sob o comando do carnavalesco Fábio Ricardo, a agremiação também vai celebrar grandes ícones da “Bateria Nota 10”, como os mestres André, Coé, Quirino, Jorjão e os baluartes, entre eles o criador do surdo de terceira, Tião Miquimba. O desfile está previsto para começar depois da 0h.

“Batuque ao Caçador”

“Okê Arô, Ofá da mira certeira
Dono da mata, Okê, Okê, Mutalambô
Seu ajeum já preparei na quinta-feira
No fundamento, a batida incorporou
Samborê, pemba, folha de jurema
Há proteção de Ogboju Odé
Pai Oxalá lhe deu seu diadema
Quem rege meu ori governa minha fé
Nos idilês a ancestralidade
O Alaketu no Egbê da Mocidade

Oxóssi é caçador de uma flecha só
Herdeiro de Iemanjá, irmão de Ogum
Aquele que na cobra dá um nó
Aquele apaixonado por Oxum

Oxóssi é caçador de uma flecha só
Herdeiro de Iemanjá, irmão de Exu
Aquele que na cobra dá um nó
Aquele apaixonado por Oxum

Ibualama o mar atravessou
No Gantois, virou São Jorge guardião
Um rio inteiro em teu nome, meu senhor
Quem é de Oxóssi é de São Sebastião
Ô, Juremê, ô, Juremá
Caboclo lá da jurema é cacique nesse congá
Ô, Juremê, ô, Juremá
Mandiga de Tia Chica fez a caixa guerrear
Inverteu meu tambor
De Dudu e de Coé, foi Quirino, foi Miquimba
De Jorjão, o agueré
Fez do aguidavi, baqueta da nossa gente
Pra evocar nesse terreiro toda alma independente

Arerê, Arerê, Komorodé
Komorodé, Arolé, Komorodé
Arerê, Arerê, Komorodé
Todo Ogã da Mocidade é cria de Mestre André”

Unidos da Tijuca

A Unidos da Tijuca é a quarta escola a desfilar, entre 01h00 e 01h30. A escola leva para o carnaval o enredo “Waranã – A reexistência vermelha”, sobre ciclos, descendências e resistência. Com o carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola tijucana vai abordar a resistência dos povos indígenas, que ainda vivem no Brasil, e os contos do “Sehaypóri, o livro sagrado do povo Saterê-Mawé”, do escritor da etnia Sateré-Mawé, Yaguarê Yamã, para retratar a surgimento do guaraná.

“Waranã – a reexistência vermelha”

“Alto céu
De Tupana e Yurupari
Duas forças que vão fluir
A energia de Monã
Que equilibra o bem e o mal
Um lugar onde as pedras podiam falar
Onde irmãos desfrutavam
A beleza singular
Anhyã, bela e habilidosa
Mas a cobra ardilosa usa a flor pra lhe tocar

E nasce Kahu’ê, o curumim
De olhos alegres… sempre assim
Presença tão breve
A ingenuidade sucumbe à maldade

Renasce Kahu’ê, o curimim
Seus olhos alegres não têm fim
Pois o bem é maior, vai reexistir

Vida ligeira, passageira
Plantada no solo da pura emoção
De pele vermelha, os frutos de uma nação
Vida inocente, vira semente
E ao som de uma ave a cantar
Floresce imponente o povo do guaraná
E se a cobiça e o fogo chegarem na aldeia
Deixa a força Mawé ressurgir
E sorrir quando o sol reluzir
Nesse dia eles vão temer
E o amor vai vencer

Erê, essa mata é sua… É sua
Erê, vem provar doce mel… Doce mel
Waranã da Tijuca
Vem brincar no Borel”

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Grande Rio

O desfile da Grande Rio deve começar entre 02h00 e 02h40, trazendo o enredo “Fala, Majeté! As sete chaves de Exu”. Sob o comando dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, a agremiação abordará a energia dos Exus que vem da África e se transforma em diversas energias ao chegar no Brasil, das trocas de mercado e das artes contemporâneas. A ideia é mostrar ao público que ele representa, na verdade, livramento e prosperidade.

“Fala Majeté! Sete Chaves de Exú”

“Boa noite, moça, boa noite, moço…
Aqui na terra é o nosso templo de fé
“Fala, Majeté!”
Faísca da cabaça de Igbá
Na gira… Bombogira, aluvaiá!
Num mar de dendê…caboclo, andarilho, mensageiro
Das mãos que riscam pemba no terreiro
Renasce Palmares, Zumbi Agbá!
Exu! O Ifá nas entrelinhas dos Odus preceitos, fundamentos, Olobé
prepara o padê pro meu axé

Exu Caveira, Sete Saias, Catacumba
É no toque da macumba, saravá, alafiá!
Seu Zé, malandro da encruzilhada
Padilha da saia rodada… ê Mojubá!

Sou Capa Preta, Tiriri, sou Tranca Rua
Amei o sol, amei a lua, Marabô, Alafiá!
Eu sou do carteado e da quebrada
Sou do fogo e gargalhada… ê Mojubá!

Ô, luar, ô, luar… catiço reinando na segunda-feira
Ô, luar… dobra o surdo de terceira
Pra saudar os guardiões da favela
Eu sou da Lira e meu bloco é sentinela
Laroyê, laroyê, laroyê!
É poesia na escola e no sertão
A voz do povo, profeta das ruas
Tantas estamiras desse chão
laroyê, laroyê, laroyê!
As sete chaves vêm abrir meu caminhar
À meia-noite ou no sol do alvorecer… Pra confirmar:

Adakê Exu, Exu, ê, Odará!
Ê bará ô, Elegbará!
Lá na encruza, a esperança acendeu
Firmei o ponto, Grande Rio sou eu!

Adakê Exu, Exu, ê, Odará!
Ê bará ô, Elegbará!
Lá na encruza, onde a flor nasceu raiz
Eu levo fé nesse povo que diz:”

Vila Isabel

E por último, Vila Isabel finaliza a segunda noite de desfiles do Grupo Especial com o enredo “Canta, canta minha gente! A Vila é de Martinho!”, para homenagear o cantor, compositor, presidente de honra e símbolo do bairro, Martinho da Vila. Segundo o carnavalesco Edson Pereira, a agremiação vai misturar a história do artista com a da escola da Zona Norte e revisitando sucessos do sambista. O desfile está marcado para começar entre 03h00 e 03h50.

“Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho”

“Ferreira, chega aí
Abre logo uma gelada, vem curtir
A Avenida engalanada
Nossa gente emocionada vai reluzir
Os sonhos de Iaiá
Suas glórias e cirandas resgatar
Não acaba quarta-feira a saideira
Nem o meu laiaraiá
Raízes da roça para os pretos forros
Tanto talento não guarda segredo
O dono do palco, o Zumbi lá do morro
Pela 28, chinelo de dedo
Se a paz em Angola lhe pede socorro
Filho de Teresa encara sem medo

Seguiu escola do Pai Arraia
Reforma agrária e na festa do arraiá
Em cada verso, mais uma obra-prima
Ousar, mudar e fazer sem rima
(só você pra fazer sem rima)

Profeta, poeta, mestre dos mestres
África em prece, o griô, a referência
O senhor da sapiência, escritor da consciência
E a cadência de andar, de viver e sambar
Tão bom cantarolar porque o mundo renasceu
Me abraçar com esse povo todo seu
Eu vou junto da família
Do Pinduca à alegria pra brindar
Modéstia à parte, o Martinho é da Vila

Partideiro, partideiro, ó
Nossa Vila Isabel brilha mais do que o sol
Canta, negro rei, deixa a tristreza pra lá
Canta forte. Minha Vila, a vida vai melhorar”

 

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