Manu Gavassi é capa de outubro da revista ELLE View Brasil. Ela aparece com pintura facial com frases de efeito como “uma doçura da estupidez”. Na entrevista, o foco é sobre os seus vários lados, tanto como artista, tanto como pessoa.
Essa é a capa:
Redes sociais
A cantora é muito influente nas redes sociais e revolucionou como um participante de reality show lida com as redes sociais – com muitos seguindo o modelo em “A Fazenda 12“. No entanto, há os comentários negativos e, por isso, ela tenta se afastar, inclusive deletando o aplicado do Instagram do seu celular.
“Toda semana eu faço isso, porque vejo que não é só comentário, não é só crítica, é tudo. O acesso à vida do outro, o acesso fácil à fofoca. Quando vejo, estou sabendo da vida de todo mundo só porque abri o aplicativo e está ali. E isso às vezes gera uma comparação, gera uma energia que você emana para o outro e que emanam para você. E não é por críticas como as pessoas pensam, porque isso eu já estou bem adestrada em driblar“, disse ela.
“Se for grave o suficiente, isso vai chegar a mim de outra maneira. Se não chegou, é porque é uma pequena parcela de pessoas que está ali fazendo um barulho que só vai fazer mal para mim, para minha alma e para o meu propósito no trabalho. Então, não vejo mais. E isso eu até ensino a minhas amigas. Esses dias, conversei com a Gi (Gizelly Bicalho, também ex-participante do BBB), e ela estava falando que isso tudo é muito novo e difícil, e eu falei ‘não leia comentários’. Se for importante o suficiente, vai chegar até você. Tenho uma dinâmica de acesso a coisas que são construtivas, e não destrutivas“, continuou.
Relax no Big Broher
Parece um pouco difícil acreditar, mas sua passagem pelo Big Brother Brasil fez com que ela ficasse mais relaxada. O motivo? Justamente porque não havia julgamento externo.
“Por mais irônico que pareça, o momento em que estive mais exposta na minha vida foi o momento em que mais consegui desligar. Durante o programa, eu não tinha obrigação nenhuma. A única obrigação que coloquei para mim foi participar. Só”.
Ela continua: “Fiquei três meses lá sem feedback algum das pessoas. Hoje, se eu for ver, vai ter gente falando: ‘Nossa que menina estranha, essa touca que você está usando é feia’ ou ‘Ela não vai crescer? Ela é só colorida, não parece uma mulher’. Várias coisas que eu recebo, que sei que são besteira, acabam ficando na cabeça. E eu vivi três meses sem isso lá. Adoro o look que usei na final, do laço no cabelo enorme e flores, porque fazia muito parte de quem eu era naquele universo. Mas será que eu teria usado esse look se tivesse acesso durante três meses ao que as pessoas estavam falando de mim? Provavelmente, não“, reflete.
“Isso me fez pensar: ‘Caraca, como a gente perde a nossa liberdade com a opinião das pessoas o tempo inteiro, né?’ E como é irônico que, no momento em que estava mais exposta e vulnerável, eu estava me sentindo mais livre, porque não tinha acesso a nenhuma opinião. Estava só vivendo um dia de cada vez e isso me fez pensar em quem eu sou quando não estou trabalhando também. Quem eu quero ver, com quem quero conversar, o que quero fazer, o que quero assistir? Este talvez seja o maior desafio da minha vida: saber separar. Porque gosto muito do meu trabalho e desde pequena sou associada a ele“, completa.
Intuição
Se não fosse sua intuição, Manu Gavassi nem teria entrado no BBB. Sua carreira não teria dado uma reviravolta! Para ela, é importante ouvir esse lado interno e saber o que fazer.
“Eu desisto de ideias no meio, mas acho que tem muito a ver com a minha intuição, que estou aprendendo a ouvir. O processo do Big Brother me fez entender muito mais como um ser intuitivo e respeitar isso. Quando você não tem acesso a nada, não tem o celular, nenhuma informação, e consegue ficar quieta com você mesma por tanto tempo, existe uma força dentro da gente que fala: ‘Esse é o seu caminho, querida’. Daí, se você não vai por esse caminho, essa força diz: ‘Você errou, querida. Eu te falei que esse era o seu caminho’. Mas, como a gente vive numa sociedade em que não se consegue ficar quieto, está sempre se entretendo, trocando informação, não conseguimos ouvir essa vozinha“, explica.
Ela continua na reflexão: “Também sigo muito a intuição no meu processo criativo, agora mais do que nunca, porque intuitivamente decidi entrar num programa que eu jamais entraria na minha vida. Intuitivamente, decidi fazer 130 vídeos com desdobramentos do que acontecia lá, sem saber o que acontecia lá e sem nem saber se eu ia aguentar ficar. Então, se a minha intuição me trouxe tudo isso, por que não ouvi-la? Eu li Mulheres que Correm com Os Lobos e o livro também fala muito de intuição, que a intuição feminina é calada. Se tenho uma ideia, converso comigo mesma: ‘Estou fazendo isso pelos motivos certos? Isso é bom mesmo ou isso é ruim? Isso dá frutos ou é apenas uma cilada de meu ego?” Fico pensando nisso e assim não tomo nenhuma decisão por impulso. E a resposta sempre vem clara. Essa é a maior dica que eu poderia dar a nossa geração e aos criadores. Aprenda a se ouvir, aprenda a ouvir a sua intuição, porque isso dá trabalho. A gente passou uma vida inteira calando a nossa intuição. Essa é a maneira pela qual escolho os meus projetos hoje em dia. Tenho várias ideias sobre as quais eu penso: ‘Nossa, é isso’. Se dou uma semana para a ideia e ela some, é porque não era“, completa.