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A campanha do filme “Argentina 1985” em busca do Oscar

“Dos projetos que fiz, esse é o que assisti mais vezes na vida. Já vi seis ou sete vezes, por sorte em diferentes lugares do mundo, e sempre me emociono. A reação das pessoas sempre é linda. Para mim, esse é o melhor prêmio”, diz Peter Lanzani.

(Foto: Divulgação)

O cinema argentino, um dos mais relevantes da América Latina, tem tradição de Oscar. O país já levou para casa o troféu de melhor filme estrangeiro/internacional (o nome da categoria depende da época) com “A História Oficial” (1985) e “O Segredo dos Seus Olhos” (2009). Para 2023, os ‘hermanos’ buscam mais uma indicação, desta vez com o filme “Argentina 1985”, que estreia nesta sexta (21/10) no Prime Video depois de passar pelo Festival do Rio.

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O filme é baseado em uma história real: o processo e julgamento de autoridades militares na Argentina apenas dois anos após o fim da ditadura e retomada do regime democrático. A história se concentra nos promotores Julio César Strassera (interpretado por Ricardo Darín, astro argentino que também esteve em “O Segredo dos Seus Olhos”) e Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani, conhecido no Brasil pela novela teen “Quase Anjos”). “Para minha geração, Ricardo é um ícone”, Peter diz ao POPline, durante sua recente passagem pelo Brasil, “eu aprendi muito como ator com ele, mas aprendi muito sobre humanidade também, e isso é o que toca mais meu coração”.

(Foto: Prime Video)

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A campanha de “Argentina 1985” rumo ao Oscar

O filme foi apresentado pela primeira vez no Festival de Veneza, onde foi aplaudido por nove minutos e o diretor Santiago Mitre recebeu um troféu dado pelos críticos. A atriz Alejandra Flechner, que faz a esposa de Strassera no filme, ficou emocionada com a exibição. “Era um cinema para 500 pessoas, imenso. Esse é um filme que fica particularmente bonito se você assiste com outras pessoas. Elas riam, aplaudiam, passavam papel umas para as outras para limpar o nariz depois de chorar… Foi uma coisa de louco”, lembra a experiência.

Como parte da campanha para o Oscar, o filme tem percorrido festivais em todo o mundo. Enquanto Alejandra e Peter o divulgavam no Rio de Janeiro, Ricardo Darín e Santiago Mitre promoviam o longa nos Estados Unidos.

Elenco e diretor no Festival de Veneza (Foto: Getty Images / Uso autorizado POPline)

“Estamos no meio da divulgação para que o filme chegue mais longe e fique na boca de todos. Estamos contando uma história – a nossa história, definitivamente – então não deixa de ser nossa cultura também, por ser nosso cinema e por ser nossas histórias”, Peter Lanzani conta ao POPline, “para mim, o que mais interessa é que o filme emociona. Dos projetos que fiz, esse é o que assisti mais vezes na vida. Já vi seis ou sete vezes, por sorte em diferentes lugares do mundo, e sempre me emociono. A reação das pessoas sempre é linda. Para mim, esse é o melhor prêmio”.

Os atores buscam não criar expectativas sobre o Oscar, mas a agenda de lançamento tem sido intensa para aumentar essas chances, sim. “O que mais queríamos era isso: que o filme viajasse e fosse o mais visto possível”, pondera Alejandra. A Argentina não é indicada ao Oscar desde 2014, quando concorreu com “Relatos Selvagens” (outro filme protagonizado por Darín), entao é compreensível o cuidado ao falar do assunto. Mas as possibilidades tem se tornado fortes. Desta vez, a Argentina tem o suporte do Prime Video, que levará o filme para mais de 240 países e territórios. O vencedor do Oscar de 2022 foi “No Ritmo do Coração”, lançado justamente pelo Prime Video.

Alejandra Flechner e Peter Lanzani no Festival do Rio (Foto: Webert Belicio – Agnews)

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O sucesso do cinema argentino

A Argentina conquistou sua primeira indicação ao Oscar em 1974 com o filme “A Trégua”, do cineasta Sergio Renán. De lá para cá, foram sete indicações ao todo, incluindo duas vitórias. É o único país da região com dois troféus. “Existe uma tradição do cinema argentino. Existiu uma época de ouro, nos anos 1940 e 50. Existem diretores muito emblemáticos, do começo do cinema argentino”, pontua Alejandra Flechner.

Peter concorda: “são muitos anos de tradição, com profissionais que tem muito tempo de experiência fazendo isso, e são boas histórias. O cinema argentino também, de certa maneira, pegou muito do cinema italiano. Tem influencias de vários lugares”.

“Como as pessoas gostam do cinema argentino, ele tem a oportunidade de viajar, participar de festivais, exportá-lo, e isso o faz continuar crescendo. É um ciclo vicioso”, completa.

Como filmes favoritos, Peter cita “Crónica de un Niño Solo” (1965), “Tempo de Valentes” (2005) e “O Segredo dos Seus Olhos” (2009). Alejandra, por sua vez, destaca “El Romance del Aniceto y la Francisca” (1966) e “Esperando la Carroza” (1985), além de “Crónica…”. “Amo esse filme. Leonardo Favio é um diretor que eu gosto muito”, conta.

Dificuldades do cinema argentino

A atriz sublinha que, embora o cinema argentino seja reconhecido pela qualidade, ainda não conseguiu se estabelecer como indústria – como acontece também com o cinema brasileiro. “Existe certa colonização de um cinema maior, que tem uma indústria grande, e vende filmes fortemente. Tomara que nós, argentinos e brasileiros, possamos ter indústrias mais fortes, porque poderíamos competir páreo a páreo. Mas o público argentino valoriza muito o cinema, o apoia e o acompanha fortemente”, explica.

“As coisas também dependem de como está funcionando o estado e de como ele vê a a partilha dos impostos. Há momentos mais virtuosos e momentos menos virtuosos. Esse é um momento complexo, porque a crise é enorme e há muito endividamento. Os órgãos do Estado que tem que fazer esse trabalho de promover nossa cultura estão… um pouco complicados. Mas os desejos e os direitos se conquistam. Temos que estar lutando para que aconteçam”, conclui.

(Foto: Divulgação)

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