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Com “Baile de Favela”, ginasta brasileira consegue vaga nas Olimpíadas

Rebeca Andrade consegue vaga nas Olimpíadas de Tóquio após apresentação ao som de "Baile de Favela" (Foto: Reprodução)

A ginasta Rebeca Andrade fez história no último sábado (5) durante sua apresentação no Pan-Americano de Ginástica, no Rio de Janeiro. Além de pontuação excelente que fez durante a competição, que lhe garantiu uma vaga nas Olimpíadas de Tóquio deste ano, a jovem de 22 anos ainda conseguiu fazer o funk ser notado mundialmente.

Rebeca Andrade conseguiu uma vaga nas Olimpíadas após apresentação solo ao som de “Baile de Favela” (Foto: Ricadro Bufolin/CBG)

Rebeca fez uma ótima pontuação ao longo do dia, mas as expectativas estavam em torno da sua última apresentação, a solo. A “performance” começa ao som de uma orquestra, que logo depois se torna conhecida quando a introdução de “Baile de Favela”, do MC João, começa a tocar.

Com a apresentação, a ginasta conseguiu 13.700 pontos, ficando com 56.700 na pontuação final e garantisse sua vaga em Tóquio. Mas, tão importante quanto a vaga nas Olimpíadas, foi o que Rebeca fez pelo funk.

A criminalização do Funk

Apesar de estarmos falando de um ritmo bastante popular, principalmente no Rio de Janeiro, o estigma que esse estilo musical carrega ainda é grande. Para se ter uma noção, em 2017, o Senado recebeu um projeto de lei que tinha o intuito de criminalizar o funk.

A proposta foi enviada por Marcelo Alonso, morador da Zona Norte de São Paulo. Com 21.985 assinaturas de apoio, o documento trazia aquela velha história de que o funk era responsável por fazer apologia ao crime organizado. Além disso, falava-se também sobre suas letras ofensivas e etc.

É fato e de conhecimento dos brasileiros, difundido inclusive por diversos veículos de comunicação de mídia e internet com conteúdos podres (sic) alertando a população o poder público do crime contra a criança, o menor adolescente e a família. Crime de saúde pública desta “falsa cultura” denominada funk.

Na época, isso deu o que falar e até a Anitta se envolveu. “Se você quer mudar o funk ou o que está sendo falado ou a forma que ele entra na sociedade, você deve mudar a raiz, as questões educacionais, as questões que fazem a criação do funk”, disse em entrevista à BBC Brasil.

Mesmo que o projeto não tenha ido pra frente, o que acontece com o funk não é nenhuma novidade. No passado, sambistas também era perseguidos e o próprio samba foi bastante criminalizado. DJs, cantores e outros artistas que trabalham com o funk, acreditam que há uma perseguição por ser “som de preto” e “de favelado”.

Aliás, vale destacar que Daiane dos Santos, uma das nossas grandes ginastas, também entrou para história ao performar ao som de “Brasileirinho“, nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Mesmo que nessa época o samba já não fosse tão marginalizado, ela surpreendeu ao trazer um ritmo que não era comum nas apresentações de ginastas.

Qual o futuro do funk?

Nós ainda vamos sentir o impacto da apresentação de Rebeca Andrade e, após a repercussão dessa performance, é bem provável que a jovem nos surpreenda também nas Olimpíadas de Tóquio. Qual será o funk escolhido pela ginasta na competição mundial?

De qualquer forma, infelizmente, apesar do funk já estar em outro patamar, o preconceito ainda existe. Mesmo com milhões de artistas nesse segmento e faturando bastante com shows e seus clipes, ainda não os vemos em programas de TV ou participando de grandes festivais.

Ou seja, mesmo que as pessoas já estejam ganhando dinheiro, isso não significa que todo mundo respeite o ritmo. Por isso, precisamos de mais pessoas, como a Rebeca, mostrando que o funk faz parte de nossa cultura nacional.

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