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Anne Louise e Kall Medrado participam do POPline Pride e refletem sobre geração LGBTQIA+ marcada pela ruptura

Foto: Instagram @djannelouise

Anne Louise e Kall Medrado lançaram juntas a música “Eu Te Vi” como parte do projeto POPline Pride, uma iniciativa pioneira entre o POPline, a Apple Music e a ONErpm, que tem o compromisso de destacar os artistas mais quentes da cena LGBTQIA+. Para impulsionar ainda mais o projeto, foi lançado um visualizer especial.

Foto: Divulgação

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As influências

Para falar sobre a música e a causa, o POPline conversou com Anne Louise e Kall Medrado, que deram opiniões fortes sobre o que tem de mais interessante neste cenário e o que pode melhorar.

Anne Louise mora em Salvador e ganhou tanto destaque como DJ que chegou a tocar nas maiores paradas LGBTQIA+, incluindo Nova York e Toronto. Hoje, ela é inspiração para muita gente, mas será que ela teve alguém que cumpriu este mesmo papel para ela?

A DJ responde: “Minha maior inspiração, por influência dos meus pais, foi o Sir Elton John. Eles são fãs até hoje. Mas acho que quem mais me inspirou desde criança foi a Madonna. A autenticidade, o destemor e suas lutas de décadas por romper o óbvio, o tradicionalismo e sobretudo ajudar causas ligadas à comunidade LGBTQIA+. Isso tudo me fascinou desde criança. Era um misto de entender que socialmente chocava… Mas dentro de mim eu pensava: ‘por que não?‘, explicou, citando dois ícones.

Kall Medrado é heterossexual, casada e com dois filhos. Mas isto não significa que ela não seja muito influenciada por esse mundo ‘colorido’. Ela cita cantoras de jazz e blues, bem como nomes pop como Madonna, Quebrada Queer, Gloria Groove e as grandes divas da dance music.

“Eu sempre vivi no mundo do arco-íris! Sou uma mega aliada e arrisco dizer que existo por causa dessa comunidade linda que sempre me acolheu com muito amor e respeito”, diz ela.

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Agora elas são inspirações para outras pessoas

Anne Louise se sente inspirada pela fase que o mundo está passando, com pessoas se libertando de amarras e se tornando livres para serem quem realmente são. Mas ela conta que já passou por muitas dificuldades.

Eu me sinto muito sortuda em estar participando de uma geração marcada pela ruptura. Acredito que o processo é construído grão a grão por gerações de pessoas, mas me sinto feliz por ter dado uma parcela de contribuição desde que era retirada por seguranças de clubes por estar beijando minha namorada na minha cidade ou ao assumir publicamente meus relacionamentos enquanto isso era considerado um tabu“, explicou ela, lembrando momentos de suas experiências pessoais.

Kall também é uma inspiração para seu público LGBTQIA+ e elogia seus fãs fiéis: “Me sinto honrada, lisonjeada, apaixonada… É um público tão fiel, participativo, carinhoso, receptivo ! Minha força e minha arte resistem porque somos resistência! Amo! Eles que me inspiram“, conta.

As dificuldades da carreira

Com o sucesso de hoje, talvez você não consiga imaginar que Anne Louse passou por tantas dificuldades. Mas isso aconteceu não só pela homofobia, mas também pela misoginia.

“Eu divido as dificuldades entre ser mulher e namorar uma mulher. Usualmente no meio da discotecagem não existia respeito às mulheres. Sempre se achava que você não estava ali por mérito técnico, mas por ser ‘comidinha’ de alguém”, relata.

Ela continua: “A segunda dificuldade era quando alguns contratantes e o próprio público descobria meu namoro. Eles não conseguiam conceber que duas mulheres estavam felizes juntas e que aquilo não significava falta de macho. Eu já cheguei a ser seguida até a porta do quarto do meu hotel. E duelei com a porta, pra não permitir o meu contratante de entrar à força. Um completo absurdo“, completa.

Kall Medrado não enfrentou homofobia, mas teve seus próprios problemas: “A começar pela gordofobia que, com certeza foi o principal deles. ‘Você canta muito, precisa emagrecer’, ‘você tem o rosto lindo, perde peso!’ etc“, relembrou.

A artista conta que ainda vive barreiras: “E agora, depois de ter quase morrido por conta da pressão social em cima disso e de ter emagrecido por conta da bariátrica, existem outras ofensas disfarçadas de elogios romantizando a magreza a qualquer custo. A indústria musical é muito patriarcal, machista, xenofóbica, gordofóbica, etc! Eu canto desde 2012 e nunca me deram oportunidade“, relatou.

Foto: Instagram @djannelouise

Como surgiu a parceria “Eu Te Vi”

Eu Te Vimarcou uma junção de dois talentos: Anne Louise com as batidas e Kall Medrado com os vocais potentes. No final, deu muito certo. A curiosidade é como tudo aconteceu nos bastidores. Elas contam:

“Quando recebi o convite por parte do POPline, tínhamos pouco tempo. Mas a criatividade da Kall como compositora reduziu o nosso problema à metade. Na primeira ligação que fiz, que desde antes já era uma amiga querida, ela me respondeu: ‘vamos!’ Não demorou uma hora e ela voltou com uma letra pronta. Achei mágico!”, diz a DJ.

Kall também elogia sua amiga: “Minha amiga Anne me ligou falando da urgência do projeto e, por sorte, eu estava imersa em processos de composições! Como amo música eletrônica, vivo esse mundo e sou ‘housezeira’, ela me enviou umas bases e em cinco minutos retornei com a escolha, a composição e a canção pronta“, lembrou.

Os elogios não faltam: “Importante dizer que isso só acontece porque existe muito carinho, respeito, liberdade e admiração das duas partes! Sempre quisemos fazer algo juntas e aconteceu na hora certa! Que seja a primeira de muitas“, finalizou.

O resultado já está disponível para todo mundo ouvir na Apple Music e também no visualizer!

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